A melancólica jornada de um Águia sem time e sem rumo

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O Águia de Marabá venceu o último jogo pelo Campeonato Paraense neste domingo, 18, mas se despediu da competição com melancolia. A diretoria do Azulão se reforçou, planejou um time voando alto em 2022, batendo asas para cima a cada ano. Mas logo nos primeiros meses, amargou a mesmice: não se classificou para as semifinais e apenas celebrou o fato de não ter caído para a Segundinha da competição.

A vitória deste último domingo aconteceu diante de um São Raimundo desleixado, que não queria jogar (já estava classificado) e aceitou a pressão de um Águia quase amador. Por isso, o jogo foi tosco, chato e com o estádio com menos de um terço de torcedores em relação ao confronto com o Remo.

O ano acabou para o Águia antes mesmo do final do terceiro mês de 2018. Não tem mais Campeonato Paraense, Copa Verde, Terceira Divisão do Brasileiro, não tem mais nada. Só resta juntar os cacos e esperar o tempo passar. Se vier, novamente, com time caseiro para 2019, o risco de acontecer o mesmo é tão certo quanto a dinastia Galvão-Ferreirinha à frente do clube.

E o pior é que ninguém quer ser presidente do Águia de Marabá. Muitos torcedores, empresários e até mesmo a Imprensa criticam a longevidade de Sebastião Ferreira Neto como presidente, mas principalmente a eternidade do treinador João Galvão. E quem vai assumir a função de presidente? A de treinador é mais fácil, mas a responsabilidade sob gestão do clube ninguém quer ter sobre seus ombros.

Todos os anos se fala em mudança, após as competições. Mas elas não chegam. Os torcedores fazem suas conjecturas, se esguelam nas redes sociais, no próprio estádio, xingam Galvão. Mas os membros da diretoria se mantêm insensíveis, dizem tudo parte de um grupo pequeno de revoltados e não da torcida mesmo, de uma forma geral.

O presidente Ferreirinha alega que não pôde montar um time competitivo, com jogadores de mais peso e “rodados”, porque os recursos de patrocinadores não era suficiente para isso. Nos últimos anos, o número de empresas na camiseta do Águia foi diminuindo, deixou de ser uma poluição visual. Saiu Leolar, entrou Líder.

O presidente também aponta que o fato de o time ter jogado as primeiras partidas com mando de jogo fora de Marabá, enquanto o estádio Zinho Oliveira estava em reforma para troca do gramado, atrapalhou bastante o desempenho da equipe.

É possível que o projeto Águia 2022 seja sepultado no mesmo ano em que nasceu.

Por Ulisses Pompeu – correspondente em Marabá