Vale vai fazer auditoria em todas as suas barragens no Brasil

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O objetivo é também verificar se há melhorias que possam ser feitas nos processos de acompanhamento das barragens.

A tragédia na Samarco acendeu o sinal de alerta na Vale. A mineradora está fazendo uma nova auditoria de todas as suas 168 barragens no país. A varredura atende a uma recomendação de seu conselho fiscal, como decorrência do rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana (MG), que deixou 17 mortos e dois desaparecidos há pouco mais de três meses. O trabalho deve ser encerrado em março. A ideia é que no futuro a companhia estenda a auditoria externa às barragens de suas operações internacionais.

Logo após o rompimento da Barragem de Fundão, em 5 de novembro, a Vale divulgou a verificação detalhada das condições estruturais de 115 das barragens mais relevantes da empresa. Segundo a mineradora, na época nenhuma alteração foi detectada. Essa foi uma auditoria extraordinária, já que uma verificação anual havia sido concluída em setembro.

A nova inspeção, mais abrangente, está sendo feita por especialistas externos. O objetivo é também verificar se há melhorias que possam ser feitas nos processos de acompanhamento das barragens. À exceção do acidente da controlada Samarco, a Vale nunca enfrentou problemas em suas barragens próprias.

As barragens da Vale no Pará- tamanho e volume

Barragem Gelado

Construída em 1983, a Barragem do Gelado tem uma altura máxima de 34 metros, a área de seu reservatório ocupa 482 hectares e volume de 30 milhões de metros cúbicos. Ela capta 2.257 metros cúbicos por hora. Essa barragem foi concebida para atender a regularização das vazões para abastecimento de água na usina de beneficiamento de minério de ferro e a contenção de rejeitos e sedimentos da Pilha Norte.

Barragem Geladinho

Essa barragem foi concebida para atender múltiplas finalidades, sendo elas a acumulação de rejeito de minério proveniente das instalações industriais da Mina de Ferro, a regularização das vazões e o controle de enchentes com vista na proteção dos terrenos situados a jusante da área pertencente à Vale. A Geladinho foi construída em 1995 e possui 24 metros de altura máxima. A área do reservatório ocupa 24,4 hectares, enquanto o volume, 508 mil metros cúbicos.

Barragem Estéril Sul

Ela foi construída para atender múltiplas finalidades, sendo ela responsável pela regularização das vazões para o abastecimento de águas do núcleo habitacional e pela contenção de sedimentos provenientes da pilha de estéril localizada nas cabeceiras da bacia hidráulica. Atualmente conta com um sistema de bombeamento para a área industrial. Ela foi construída em 1982 e tem altura máxima de 25 metros, além de capacidade para 433 mil metros cúbicos de líquidos.

Barragem Pêra Montante
Construída em 2006, tem como finalidade a contenção de sedimentos provenientes das pilhas de estéril da Mina N5W. Essa barragem deve atuar de tal forma que impeça estes sedimentos de ocuparem o reservatório da Barragem Pêra Jusante, que por sua vez possui um sistema de captação de água. Sua altura máxima atinge 27 metros. A área do reservatório ocupa 3,9 hectares e seu volume, 172 mil metros cúbicos.

Barragem Pêra Jusante

A Barragem Pêra Jusante tem como finalidade a contenção de sedimentos provenientes das pilhas de estéril da Mina N5W, impedindo que estes sedimentos ocupem o reservatório dessa barragem, a qual possui um sistema de captação de água. Também foi construída em 2006 e possui altura máxima de 27 metros. O reservatório ocupa área de 30 hectares e seu volume, 3,8 milhões de metros cúbicos.

S11D
O principal investimento da Vale em curso, o S11D, em construção em Carajás, no Pará, não usará barragem de rejeitos. O projeto orçado em US$ 14,4 bilhões é o maior da história da companhia, produzirá 90 milhões de toneladas de minério por ano e entra em operação no fim de 2016. Nele o beneficiamento do minério será feito a seco, ou seja, sem necessidade de usar água no processo industrial. Com a adoção do processo a seco o ultrafino de minério com alto teor de ferro, que iria para a barragem, não será descartado, permitindo que, em três décadas de vida útil da mina, 300 milhões de toneladas sejam incorporados à produção. Ou seja, quase um ano de produção da Vale – em 2015, a mineradora teve produção de minérios de 345 milhões de toneladas – deixará de virar rejeito da exploração em Carajás.

Com informações da Época Digital e Repórter Carlos Mendes