Parauapebas: Casal é condenado a mais de 129 anos de prisão por tortura, estupro e morte de bebê

O crime, que chocou a cidade e teve grande repercussão no estado, aconteceu em janeiro de 2020. O casal foi condenado, após dois dias de julgamento, na noite desta quinta-feira (21)
Irislene da Silva Miranda e Deyvyd Renato foram condenados por morte de bebê

Continua depois da publicidade

Após dois dias de julgamento, o Tribunal de Júri de Parauapebas condenou o casal Irislene da Silva Miranda e Deyvyd Renato Oliveira Brito, na noite desta quinta-feira (21), a pena que, somadas, chegam a quase 130 anos de prisão. O casal foi considerado culpado pela tortura, estupro e morte de pequena Carla Emanuele Miranda Correia, de um ano e oito meses.

O crime, que envolveria ainda rituais satânicos, aconteceu em janeiro de 2020 e chocou a cidade de Parauapebas, assim como teve grande repercussão no estado e também foi noticiado pela Imprensa nacional. De acordo com a denúncia oferecida pelo Ministério Público do Pará (MPPA) a partir de robusto inquérito policial, a morte da menina foi provocada por hemorragia intracraniana.

Segundo os laudos periciais, a criança era vítima frequente de abusos sexuais, tortura e agressões. Em uma dessas sessões de perversidade, a bebê ficou muito mal e foi levada para o Hospital Municipal de Parauapebas (HMP).

Na ocasião, a mãe da menina contou ao chegar no hospital que a criança tinha caído e bateu a cabeça, mas depois dos exames comprovarem que ela tinha sofrido violência sexual, ela admitiu aos policiais que sabia dos abusos cometidos pelo companheiro contra a bebê, acrescentando que quando ela se recusava a manter relações sexuais com Deyvyd, ele abusava da criança.

O casal foi sentenciado pelos crimes de homicídio qualificado, estupro de vulnerável, lesão corporal grave e tortura. O juiz fixou pena à Irislene Miranda de 46 anos, cinco meses e 20 dias de detenção; e Deyvyd Renato, padrasto da menina, teve a pena fixada em 83 anos e quatro meses de reclusão.


As penas irão ser cumpridas inicialmente em regime fechado e sem a possibilidade de recorrer em liberdade. Deyvyd retorna à Cadeia Pública de Parauapebas, enquanto Irislene volta ao Centro de Recuperação Feminino (CRF) de Marabá, onde estão presos desde a época do crime.

Crime: O crime ocorreu na Rua Axixá, Bairro Liberdade II, em uma residência alugada na qual moravam Deyvyd, Irislene e Carla. Testemunhas relataram que presenciavam com frequência hematomas no rosto da criança, assim como a presença de inchaços e marcas roxas. Além disso, contaram que a criança possuía um temor evidente do padrasto.

Segundo a denúncia do MPPA, com base nas investigações policiais conduzidas pela titular da Delegacia Especializada de Atendimento a Mulher (Deam), delegada Ana Carolina, no dia 7 de janeiro de 2020, por volta das 14h20, Carla Emanuele Miranda Correia, de 1 ano e 8 meses, deu entrada no Hospital Municipal de Parauapebas (HMP) com sinais de abuso sexual e lesões cranioencefálicas. A menina chegou nos braços da mãe, Irislene Miranda, desacordada, sem pulsação e com traumas na região da cabeça, sob o pretexto de que havia caído da cama e batido a cabeça.

Ao realizar os exames, a equipe médica do hospital verificou que a criança estava com lesões no ânus e na vagina, correspondentes a conjunção carnal e atos libidinosos, com vestígios recentes e antigos. Diante da situação de abuso sexual, o Conselho Tutelar e a polícia foram acionados.

Ao ser questionada sobre o ocorrido, Irislene Miranda relatou que havia saído para comprar carne em um açougue nas proximidades de sua residência e, ao retornar, encontrou Carla deitada na cama, desacordada, e com Deyvyd Renato, ao lado, bastante nervoso. Ao vê-la, ele entregou a criança para ela e pediu para que lavasse as partes íntimas da menina, que estavam sujas.

Na época, a mãe revelou que ao negar manter relações sexuais com Deyvyd Renato, ele abusava sexualmente da menina. Irislene teria conhecimento e presenciava os abusos sexuais cometidos contra a própria filha. O inquérito policial apontou também que a genitora podia ouvir os choros da menina e os barulhos provenientes dos abusos. Devido a esse fato, o crime chocou até mesmo a equipe policial que conduziu as investigações.

Na casa do casal foi encontrado ainda um altar, onde seriam feitos rituais de magia negra e a criança também seria usada nessas oferendas, o que deixa o caso ainda mais chocante. Na época, a delegada Ana Carolina destacou que a criança vivia uma rotina de terror, com agressões e violência sexual.

Tina DeBord