Parauapebas tem pior novembro em 12 anos, mostra Ministério da Economia

Antigos e caminhando para exaustão, corpos minerais de N4 e N5 já não rendem mais como outrora. Vale quer lavrar N1, N2 e N3, com menos minério, e caminho do licenciamento é longo

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Foi um ano ruim para o minério de ferro de Parauapebas, município que por alguns anos carregou o superávit comercial do Brasil nas costas. Além da queda na cotação internacional, o produto não rendeu, em volume físico, tanto quanto era esperado. No mês passado, o maior produtor de minério de ferro de alto teor do mundo teve o novembro mais fraco desde 2010, com 7,82 milhões de toneladas embarcadas para o exterior. As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu.

O Blog vem acompanhando o movimento da atividade mineradora em Parauapebas há alguns anos e chegou a prever que, devido ao esgotamento das reservas de minério de ferro mais antigas e mais volumosas, a produção da mineradora multinacional Vale na Serra Norte de Carajás iria despencar esta década. A situação atual não é o fim da atividade no município, mas prenuncia o que durante anos se soube e sempre se tentou negar: o minério, mesmo em Carajás, é finito.

Os corpos minerais de N4 e N5, os principais e mais abundantes de Parauapebas, não detêm o mesmo fôlego de outrora, com a urgência que a Vale tem e a necessidade que o mercado transoceânico demanda. O jeito é abrir novas frentes de mineração, nos corpos N1, N2 e N3, os quais têm menos minério e, ainda assim, enfrentam demora no licenciamento.

Como resultado do potencial das atuais minas, em 2022 a produção física na Serra Norte caiu no comparativo com os anos anteriores, e em novembro a queda foi feia. No ano passado, por exemplo, a Vale retirou e exportou 8,61 milhões de toneladas da Serra Norte, declaradas ao Ministério da Economia. O auge da produção ocorreu em 2016, quando foram extraídos 13,03 milhões de toneladas em novembro. A última vez que o município havia passado por um novembro ainda mais fraco que em 2022 foi em 2010, quando lavrou e embarcou 7,57 milhões de toneladas.

Movimentação financeira

A simbiose entre a produção física mais fraca e o preço nada empolgante da tonelada do minério ― que nesta quarta (7) fechou abaixo de 110 dólares ― fez com que o faturamento a partir do município com a commodity despencasse para o menor valor dos últimos cinco anos. As transações do ferro originário de Parauapebas somaram 508,88 milhões de dólares, 49% abaixo dos 757,84 milhões de dólares alcançados em 2021.

Em 2020, no auge da crise sanitária causada pelo coronavírus, o minério de Parauapebas rendeu 874,31 milhões de dólares, melhor, inclusive, que em 2019, quando não se falava em covid, que registrou 614,26 milhões, ou também melhor que em 2018, que alcançou 570,63 milhões de dólares.

O pico das exportações de minério de ferro ocorreu em novembro de 2011, quando Parauapebas contribuiu com 1,167 bilhão de dólares, recorde jamais superado. Em 2013, segundo melhor momento da história, o valor das operações minerárias totalizou 998,83 milhões de dólares. Daí por diante, o pior momento foi em novembro de 2015, quando o faturamento despencou a 339,61 milhões de dólares.