Produção de ferro da Vale em Carajás despenca 10,5% no 1º semestre

Com 9 milhões de t de minério a menos que em 2021 devido a enfraquecimento sobretudo das minas de Parauapebas, multinacional teve de revisar para baixo a meta de produção para 2022

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Veio conforme o Blog do Zé Dudu já havia antecipado: o balanço de produção física trimestral que a mineradora multinacional Vale acaba de liberar mostra que a quantidade de minério de ferro extraída das minas do complexo de Carajás caiu bruscamente no primeiro semestre deste ano frente ao mesmo período do ano passado. A retração na atividade de lavra foi de 10,5% — e essa é uma das razões pelas quais os royalties de mineração recebidos pelas prefeituras de Parauapebas e Canaã dos Carajás caíram consideravelmente.

O “Relatório de Produção e Vendas da Vale no 2º Trimestre de 2022” revela que a mineradora extraiu de Carajás 76,81 milhões de toneladas de minério de ferro no período de janeiro a junho deste ano contra uma produção de 85,79 milhões de toneladas registradas nos primeiros seis meses de 2021.

A queda mais brusca foi em Parauapebas, onde a Vale lavra minério na Serra Norte de Carajás. Em conjunto com a Serra Leste, situada em Curionópolis, a produção dessa região totalizou 45,13 milhões de toneladas este ano, ante 52,22 milhões no ano passado. Na Serra Sul, porção mineral que fica no município de Canaã dos Carajás, a produção foi de 31,67 milhões de toneladas em 2022, abaixo das 33,58 milhões de 2021.

Apesar da queda no recorte entre semestres, a produção de minério de ferro da Vale cresceu 3,6% no segundo trimestre deste ano no comparativo com os primeiros três meses do ano. A multinacional observa que, no conjunto, o aumento da produção trimestral em Carajás se deveu à “melhor sazonalidade climática em junho”, apesar de ainda limitada pelos efeitos da instalação de britadores primários para o processamento de jaspilito na mina de S11D. A instalação foi concluída em maio.

Revisão para baixo

Em razão do desempenho abaixo do esperado da produção de minério de ferro em Carajás, a Vale teve de refazer os cálculos da meta anual de tonelagem para 2022, o chamado “guidance”, que, a princípio, seria de algo entre 320 milhões e 335 milhões de toneladas de minério, considerando-se todas as suas operações dentro e fora do Pará.

Devido ao fato de as minas de Parauapebas e Canaã dos Carajás terem tido desempenho lento, mesmo com o crescimento da atividade das operações de Minas Gerais para compensar, a multinacional agora trabalha com horizonte entre 310 milhões e 320 milhões de toneladas de ferro até o final deste ano. A Vale afirma, contudo, que “a estimativa revisada está em linha com nossa filosofia de value over volume”.