Belém e Marabá integram ranking de cidades empreendedoras; veja posição

Ananindeua e Santarém também estão na lista. Cidades do Pará “desfrutam” das três últimas colocações no recorte de infraestrutura devido a rodovias precárias e custo absurdo da energia

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As maiores cidades paraenses têm um desafio tão antigo quanto homérico para resolver caso seja do interesse delas prosperar, tornando-se atrativas para negócios e gerando emprego e renda para a sua população. E o desafio não é novidade para ninguém: infraestrutura. É o que fica claro e evidente na nova edição do Índice de Cidades Empreendedoras (ICE) 2022, que acaba de sair do forno e foi analisado nesta quinta-feira (17) pelo Blog do Zé Dudu.

Criado pela conceituada consultoria Endeavor e produzido nesta edição pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap), o levantamento traça um raio-x do ambiente de negócios nas maiores cidades do país, entre as quais Belém, Ananindeua, Santarém e Marabá, que são as representantes paraenses no estudo, de um total de 101 localidades com mais de 285 mil habitantes na área municipal.

Os dados apresentados no índice baseiam-se em pilares considerados determinantes para o sucesso do empreendedorismo em qualquer lugar do país: ambiente regulatório, infraestrutura, mercado, capital financeiro, inovação, capital humano e cultura empreendedora. As cidades recebem nota de 0 a 10, conforme a performance no conjunto de itens. São Paulo (SP) e Florianópolis (SC) são as melhores, com notas 9,28724 e 8,49622, respectivamente.

Belém é a paraense mais bem posicionada, na 44ª posição, com nota 6,10624. A metrópole ocupa o 8º lugar na área de cultura empreendedora, com 7,4973 pontos, sua melhor posição entre os pilares. Belém também recebe menção honrosa pela quantidade de profissionais mestres e doutores na área de ciência e tecnologia, e tem condições efetivas para se tornar um influente polo de inovação no Brasil, caso saiba aproveitar seu capital humano e consiga se livrar de estigmas nefastos, como a falta de saneamento básico.

Na 63ª colocação, a Pérola do Tapajós fez 5,61883 pontos e o critério em que vai melhor é no ambiente regulatório, área em que ocupa a 17ª posição nacional, com nota 6,8606. Em Santarém, é relativamente mais fácil empreender, do ponto de vista da burocracia e da papelada, do que na maior parte do país.

Ananindeua vai ainda melhor em ambiente regulatório: 12ª posição e 7,0896 pontos. Todavia, a segunda maior cidade paraense ocupa no geral a 72ª colocação, com 5,48246 pontos. “Emendada” em Belém, Ananindeua é destaque no estudo por apresentar uma das menores cargas tributárias do país para aqueles que pretendem empreender.

Marabá e a medalha de bronze

Principal cidade do sudeste paraense, Marabá é a grande estreante da sexta edição do ICE 2022 e quase empurrou para fora do ranking a cidade gaúcha de Santa Maria. A capital do cobre surge no fundão do estudo, na 91ª colocação, com nota 4,84238. Ainda assim, empreender em Marabá é, conforme o ranking, melhor que em cidades como Guarulhos e Sumaré, no estado de São Paulo, ou São João do Meriti, no estado do Rio.

E Marabá tem um trunfo em relação à grande maioria das cidades populosas: um mercado ávido por consumir. Isso favoreceu que a cidade ocupasse a 24ª posição no ranking de mercado, com 6,6573 pontos. O grande problema de Marabá, e que é comum ao desenvolvimento de todas as demais cidades paraenses, é a infraestrutura. Nesse quesito, o Pará tem as medalhas de ouro (Santarém, 101ª), prata (Belém, 100ª) e bronze (Marabá, 99ª) em precariedade.

O maior desafio do empreendedorismo no Pará são as estradas ruins, a falta de saneamento básico e o custo desarrazoado da energia elétrica, mesmo sendo o estado um dos maiores produtores do insumo no país. Segundo a Enap, as condições das malhas viárias influenciam decisivamente desde o escoamento da produção e o acesso a insumos até a alocação de recursos humanos e na conectividade tecnológica e informacional entre diferentes áreas.

A entidade observa que vias de circulação ruins afetam o custo de produção e o preço final de produtos e serviços, além da qualidade de vida de empreendedores, funcionários e clientes. “A qualidade do transporte interurbano se mostra essencial: acesso a rodovias, portos e aeroportos também são fatores decisivos no momento de abrir um negócio ou de expandir a operação para outras localidades”.