A Polícia Civil do Pará divulgou na manhã desta terça-feira dois retratos-falados dos principais suspeitos pelo assassinato do casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo Silva. O crime ocorreu no dia 24 de maio, no ramal de acesso ao projeto de assentamento Praialta-Piranheira, na zona rural do município de Nova Ipixuna, região sudeste do Pará.
Suspeito 1 | Suspeito 2 |
De acordo com o delegado José Humberto de Melo Júnior, presidente do inquérito que investiga o duplo homicídio, os retratos foram confeccionados por peritos da Polícia Civil baseados em depoimentos de testemunhas que teriam visto a movimentação dos suspeitos antes e após os crimes. Para a Polícia, os retratos têm 90% de acerto se comparados às características físicas dos pistoleiros.
Com a divulgação dos retratos, a Polícia espera aumentar o número de denúncias sobre o paradeiro da dupla de pistoleiros. Por enquanto, o inquérito apresenta depoimento de 32 pessoas, entre parentes, amigos e lideranças comunitárias da área onde ocorreram os crimes. “Até antes desses crimes não havia nada de especial naquela região. Não tínhamos denúncias sobre ação de pistoleiros, disputa de terras ou outras ocorrências de natureza criminal. Nada que nos levasse a acreditar que ali seria uma zona conflituosa”, disse o delegado José Humberto, que também é titular da Delegacia de Conflitos Agrários, com sede em Marabá. “Nosso trabalho abrange uma região muito grande e não podemos dizer muitos detalhes por que as investigações continuam”, completa o delegado.
Pelos retratos-falados, os suspeitos têm características diferentes. Um teria pele e olhos claros, altura aproximada entre 1,60m e 1,65m, rosto arredondado e cabelos lisos castanhos. Já o segundo homem seria negro, com olhos médios, nariz chato e cabelos curtos escuros, compleição forte e altura aproximada de 1,70m.
A conclusão do laudo da Pericia de Montagem e Individualização Iconográfica dos Retratos-Falados da Polícia Civil, concluiu que o grau de semelhança ou comparação aos assassinos é de 90% para o homem de pele clara e de 70% para o suspeito de pele escura.
Para o delegado-adjunto geral da Polícia Civil, Rilmar Firmino de Sousa, a divulgação dos retratos-falados é uma resposta do Governo à sociedade paraense. “A Polícia continua trabalhando na apuração desse crime. Queremos dizer que nosso trabalho está baseado em depoimentos de testemunhas. Não estamos criando resultados, estamos dando uma resposta oficial de apuração de fatos”, disse o delegado, que viajou para Marabá com o objetivo de acompanhar a divulgação dos retratos e os próximos passos das investigações.
A Polícia Civil está encontrando bastante dificuldade na apuração dos crimes. Existe um silêncio total na cidade e na zona rural de Nova Ipixuna. Segundo o delegado José Humberto de Melo Júnior, as denúncias através do disque-denúncia (181) têm sido poucas.
O inquérito que investiga os crimes já ouviu 32 pessoas, entre parentes, amigos e lideranças da área, porém a Polícia quer ouvir outros depoimentos e estudar novas pistas, mesmo considerando a distância da zona rural da cidade de Nova Ipixuna. “Com a divulgação dos retratos esperamos quebrar o silêncio e conseguir a colaboração das pessoas, seja de forma direta, indo à delegacia ou através do telefone 181. A ligação é sigilosa”, garantiu o delegado, que mantém base na cidade de Marabá, distante cerca de 100 Km de Nova Ipixuna.
Outro aspecto da investigação é que a morte do colono Eremilton Pereira da Silva, ocorrida logo após os dois primeiros crimes, não teve relação com o caso de José Cláudio e Maria do Espírito Santo. As investigações vão continuar na área.
Os retratos-falados serão divulgados pela imprensa do Estado. A condição dos suspeitos é de “procurados” pela Polícia, que já sabe que a rota de fuga da dupla foi o rio Tocantins. Segundo as testemunhas, os dois homens foram vistos nos horários de 5h30, seguindo para o assentamento e às 8h30 fazendo o caminho inverso em direção ao rio. “Vamos intensificar as buscas. Acreditamos que agora o processo alcança uma nova fase bem próxima da prisão dos suspeitos”, disse o delegado José Humberto
Fonte: JB e Polícia Civil do Pará