Pará tem maior taxa de mortalidade materna do Brasil, revela levantamento

Média nacional é de 64,5 mortes para cada 100 mil nascidos vivos, mas estado “ostenta” 107 mortes. Até Parauapebas e Belém, com prefeituras riquíssimas, têm médias assustadoras.

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O estado do Pará é campeão nacional em taxa de mortalidade materna para cada grupo de 100 mil nascidos. As informações foram levantadas pelo jornal Folha de S. Paulo a partir de dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde. De maneira arrepiante, ao menos uma mãe paraense morre a cada mil bebês que vêm a luz, uma proporção maior que a de mortes registradas em países em guerra ou naqueles considerados os mais violentos do mundo. Em termos relativos, são 107 mortes maternas no Pará para cada 100 mil nascimentos registrados.

Paraná, por outro lado, é o estado com o menor índice de mortalidade materna: 31,7 casos para cada 100 mil nascidos vivos. Até o Maranhão, um dos estados mais atrasados do país, tem taxa menor que a paraense: 101,8 mortes. Entre as regiões, a Norte é a mais letal para as novas mães, com 88,9 mortes para cada grupo de 100 mil nascidos vivos. A média nacional é de 64,5 registros de mortes.

O Blog do Zé Dudu foi atrás de dados absolutos diretamente no SIM, do Ministério da Saúde, e constatou que em 2017 — último ano disponível e no qual se baseia o levantamento da Folha de S. Paulo — 129 mães paraenses foram vítimas de óbitos maternos. É muito mais que o registrado em Minas Gerais, 118 casos de óbitos. Minas, a título de esclarecimento, tem quase duas vezes e meia mais habitantes que o Pará.

Municípios

O Blog investigou a situação por município do Pará e apurou que 63 registraram ao menos um óbito materno em 2017. Esses municípios somaram 100 mil nascimentos. Belém, por seu tamanho, lidera o número absoluto de mortes, com 19 vítimas, seguido de Portel, Paragominas e Santarém, com meia dúzia de falecimentos cada.

Em termos proporcionais, no entanto, a pior situação é do município de Palestina do Pará. Lá, foi registrado um óbito materno em meio a 97 nascimentos. É uma situação dez vezes pior que a média do Pará. Em Abel Figueiredo, foi uma morte materna em meio a 142 nascidos vivos, média de mortalidade sete vezes acima da proporção do estado. Os municípios de Salinópolis, Faro e Aveiro também estão seis vezes acima da média, enquanto Bonito e Ipixuna do Pará têm o quíntuplo da taxa.

Entre as localidades com morte materna identificada, apenas seis registraram taxa abaixo da média nacional: Abaetetuba (36,9 mortes maternas por 100 mil nascidos vivos), Barcarena (46,4), Tucuruí (48,7), Redenção (57,4), Marabá e Ananindeua (empatados com 63). Municípios ricos, como Belém (97,9) e Parauapebas (87,3) aparecem acima da média.