Municípios do sudeste do Pará lideram uso de agrotóxicos

São Félix do Xingu, Marabá e Itupiranga lideram números absolutos e Piçarra, Palestina do Pará e Santa Maria do Pará detém maiores taxas de estabelecimentos adeptos a “venenos”.

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De cada 100 estabelecimentos agropecuários constituídos em solo paraense, pelo menos 15 usam agrotóxicos declaradamente. O número de adeptos a produtos químicos utilizados em lavouras para garantir a produtividade e evitar doenças e possíveis pragas é ainda maior nos municípios do sudeste do estado, tanto em números absolutos quanto em dados relativos. As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que mergulhou nos números do resultado definitivo do Censo Agropecuário 2017 divulgados nesta sexta-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De um total de 281,7 mil produtores paraenses questionados pelos recenseadores, 43,9 mil declararam usar agrotóxicos. Outros 9.200 alegaram não usar à época do censo, mas confessaram lançar mão — do que muitos chamam de “veneno” — sempre que necessário. Desse modo, as unidades rurais que fazem uso de agrotóxico no Pará já são praticamente uma em cada cinco, releva o IBGE.

O único município sem registro declarado de agrotóxicos é Soure, na Ilha do Marajó. Lá, nenhum dos 120 proprietários recenseados fez apologia a produtos químicos e similares, que dão um “up” nas lavouras.

São Félix e Marabá são os “reis”

Sete dos dez municípios com mais estabelecimentos com “apego sentimental” ao uso de agrotóxicos estão no sudeste paraense, inclusive os três líderes. São Félix, Marabá e Itupiranga, grandes potências da produção bovina nacional, encabeçam a lista. Em São Félix do Xingu, detentor do maior rebanho bovino nacional, dos cerca de 6.400 estabelecimentos agropecuários, 2.495 fazem uso declarado de agrotóxico. Outros 429 disseram não usar no período do censo, mas assumiram a prática em outro momento.

O Blog do Zé Dudu avaliou que, entre todos os municípios brasileiros, São Félix é o de número 27 em termos de quantidade de estabelecimentos agropecuários que se valem de agrotóxicos. O campeão nacional é o município paranaense de Prudentópolis, onde 5.572 dos 6.625 produtores pesquisados disseram “sim” ao uso de agrotóxicos. E mais: 975 afirmaram usar também, embora não tenham precisado no período do censo.

Já em Marabá, 1.580 produtores assumiram disseminar produtos químicos na produção, enquanto o vizinho Itupiranga só ficou atrás por um produtor: lá, 1.579 afirmam que usam, sim, agrotóxicos. A lista dos dez maiores adeptos ao insumo da moda ainda traz Tucumã (1.025), Santa Maria das Barreiras (1.013), Eldorado do Carajás (1.006) e Piçarra (932).

Em termos proporcionais, no entanto, o líder é Piçarra. Entre as propriedades do município, 69,9% usam agrotóxico assumidamente. Palestina do Pará vem em seguida, com 68,4%. Dos dez municípios com mais elevada taxa de estabelecimentos que fazem uso de aditivos químicos, sete também são do sudeste — além de Piçarra e Palestina, aparecem São Geraldo do Araguaia (64,3%), São Domingos do Araguaia (63,6%), Curionópolis (62,2%), Rio Maria (58,1%), Tucumã (54,8%) e Dom Eliseu (52,7%).

Entre os produtores que assumiram usar agrotóxicos, apenas um em cada três disse ter recebido orientações técnicas acerca da correta utilização dos produtos, constatou o IBGE.