Janela partidária vai desidratar União Brasil

A movimentação de troca de partidos vai mudar a configuração de forças das bancadas
Dep. Fed. Delegado Éder Mauro deve confirmar saída do PSD e ingressar no PL no prazo fixado pela janela partidária

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Brasília – Aguarda-se uma grande mudança na configuração de forças resultante da chamada janela partidária, período em que os deputados federais, estaduais e distritais vão poder trocar de legendas sem o risco de perda de mandato. O período teve início na última quinta-feira (3) e segue aberta até 1º de abril. O instituto da janela partidária deve movimentar as principais bancadas do Congresso e as trocas, feitas de forma estratégica pelos congressistas, visam os interesses regionais para as eleições deste ano.

Se alguns ganham outros perdem, e pelas características regionais a principal movimentação deve ocorrer na bancada do Rio de Janeiro, reduto eleitoral do presidente Bolsonaro e que terá o atual governador Cláudio Castro como candidato à reeleição. Entre os parlamentares aliados do presidente no estado, vão migrar para o PL nomes como Carlos Jordy, Chris Tonietto, Hélio Lopes, Luiz Lima, Major Fabiana e Márcio Labre.

O PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, deve ser um dos principais beneficiados pelo período de trocas. A sigla, que atualmente conta com 43 parlamentares, espera receber cerca de 25 deputados que atualmente estão no União Brasil, sigla criada a partir da fusão do DEM com o PSL.

O partido de Bolsonaro, no entanto, não será o único que irá receber aliados do presidente no Congresso. O PP, comandado pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, vai receber nomes como o do ministro das Comunicações, Fabio Farias, que é deputado licenciado pelo PSD, e da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, deputada licenciada pelo União Brasil. Além dos chefes de pasta, a sigla do Centrão já acertou a filiação de outros deputados como Felício Laterça, Professor Joziel e Lourival Gomes.

Outro nome que vai deixar o União Brasil é o do deputado Kim Kataguiri (SP), que pretende se filiar ao Podemos para apoiar a candidatura à presidência do ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro que foi ferida de morte pelas declarações do deputado estadual Arhur do Val — o Mamãe Falei.

Declarações ofensivas e machistas do deputado às mulheres ucranianas geraram uma onda de protestos em todo o Brasil, a ponte de obrigá-lo a retirar a pré-candidatura ao governo de São Paulo, e ficar sob ameaça de expulsão do partido e responder um processo no Conselho de Ética na Assembleia Legislativa de São Paulo que pode resultar na cassação de seu mandato.

As trapalhadas do “Mamãe Falei” chamuscaram seriamente a imagem do MBL, organização na qual é um dos dirigentes, e por tabela, o ex-juiz Sergio Moro, pré-candidato à presidência da República pelo mesmo partido, o Podemos.

Apesar das baixas, a cúpula do União Brasil acredita que irá atrair outros nomes como dos deputados Capitão Wagner (Pros), Vaidon Oliveira (Pros), Chiquinho Brazão (Avante), Clarissa Garotinho (Pros) e Daniela do Waguinho (MDB). De acordo com líderes do partido, dos atuais 81 deputados, o saldo final do União Brasil será de cerca de 60 parlamentares após o fim da janela partidária o que o torna um dos maiores partidos do Congresso.

Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.