Eleições 2024: Google anuncia proibição de propaganda com conteúdo político nas eleições de 2024

A empresa fez o anúncio após a atualização das regras para propaganda eleitoral feita pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE)

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Candidatos às Câmaras Municipais e Prefeituras de todo o Brasilnão contarão neste ano com uma ferramenta para levar suas propostas à rede mundial de computadores (Internet). A gigante de tecnologia norte-americana Google anunciou oficialmente, que não permitirá anúncios com conteúdo político, durante o período eleitoral deste ano: os famosos “impulsionamentos”, muito utilizados por candidatos pouco conhecido dos eleitores em seus redutos eleitorais.

Em nota, a empresa foi sucinta e disse que a decisão foi tomada após a atualização das regras para impulsionamento de propaganda eleitoral feita pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em fevereiro passado.

A empresa afirma que vai atualizar sua política de conteúdo político do Google Ads “para não mais permitir a veiculação de anúncios políticos no país”. Não se sabe o valor dessas receitas, mas especialistas do mercado garantem que os valores são milionários. Nas eleições municipais de 2020, a receita estimada foi de R$ 36 milhões, apenas com impulsionamentos.

“Essa atualização acontecerá em maio tendo em vista a entrada em vigor das resoluções eleitorais para 2024. Temos o compromisso global de apoiar a integridade das eleições e continuaremos a dialogar com autoridades em relação a este assunto”, diz a empresa no comunicado distribuído.

A resolução 23.732, que altera as regras sobre propaganda eleitoral aprovadas pela Justiça Eleitoral em 2019, traz uma definição de “conteúdo político-eleitoral” considerada ampla demais pelo Google. Para o TSE, esse tipo de propaganda é toda aquela que “versar sobre eleições, partidos políticos, federações e coligações, cargos eletivos, pessoas detentoras de cargos eletivos, pessoas candidatas, propostas de governo, projetos de lei, exercício do direito ao voto e de outros direitos políticos ou matérias relacionadas ao processo eleitoral”.

A Justiça Eleitoral exige que as plataformas digitais que oferecerem esse tipo de serviço de impulsionamento de conteúdo eleitoral precisam manter um repositório dos anúncios “para acompanhamento, em tempo real, do conteúdo, dos valores, dos responsáveis pelo pagamento e das características dos grupos populacionais que compõem a audiência (perfilamento) da publicidade contratada”.

As empresas também devem disponibilizar uma ferramenta de consulta, “acessível e de fácil manejo, que permita realizar busca avançada nos dados do repositório” a partir de palavras-chave e nome dos anunciantes, por exemplo.

O Tribunal também proíbe a priorização paga de conteúdo que promova propaganda negativa (de outros candidatos) ou “difunda dados falsos, notícias fraudulentas ou fatos notoriamente inverídicos ou gravemente descontextualizados, ainda que benéficas à usuária ou a usuário responsável pelo impulsionamento”.

As medidas previstas pelo TSE deverem ser implementadas em até 60 dias da entrada em vigor da norma, no caso de plataformas que já oferecessem o serviço de impulsionamento de anúncios, e valem até para anos não eleitorais.

O Google, controlado pela Alphabet, que registrou um lucro líquido de US$ 73,79 bilhões em 2023 (alta de 23% em relação ao ano anterior), avalia que seria inviável moderar tantos anúncios numa eleição que ocorrerá em mais de 5.570 municípios. Também teme que a amplitude do conceito traga insegurança para a moderação.

Em 2020, em que as eleições municipais foram marcadas pelo curto período de campanha e pelas restrições impostas pela pandemia de covid-19, os candidatos gastaram — em média — R$ 36 milhões em impulsionamentos de conteúdos na internet para aquele pleito.

Os maiores valores com impulsionamento de conteúdo político na internet foram gastos com três empresas: Facebook, que também administra o Instagram; Adyen, fintech responsável pelo sistema de pagamentos da plataforma, e o próprio Google.

O TSE, até o fechamento desta reportagem, não havia comentado a decisão. Fica em aberto, portanto, se a Corte eleitoral, tem como objetivo acessório das resoluções, banir espontaneamente as big techs da campanha desse ano.

* Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.