Corte internacional apura invasão de terras em Parauapebas

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Vai chegar, pela primeira vez, a um tribunal internacional o problema das invasões de terras no Pará, com seus desdobramentos na forma de crimes ambientais, constrangimentos e ameaças à integridade física dos proprietários e seus empregados e danos materiais e financeiros irreparáveis decorrentes da inércia do poder público. O caso de uma fazenda localizada no município de Parauapebas, invadida há já quase oito anos, será levado à apreciação da Corte Interamericana dos Direitos Humanos, com sede em São José da Costa Rica.

A providência foi anunciada ontem, em Belém, pela advogada Adelaide Acácia Leite Vieira, logo após um encontro com o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (FAEPA), Carlos Fernandes Xavier. Adelaide disse ter ido comunicar à direção da FAEPA uma série de medidas que ela está adotando não apenas em relação à fazenda Santo Antônio, em Parauapebas, mas também a outras propriedades rurais em poder de invasores. Outra medida já em curso, conforme frisou, é o ajuizamento, no Tribunal de Justiça, de ação com pedido (mais um) de intervenção federal no Estado do Pará.

Além de denúncia formal à Corte Interamericana, amparada na tese de violação dos direitos humanos das proprietárias, Adelaide Vieira disse ter comunicado a Carlos Xavier diversas outras medidas, que já foram ou estão sendo tomadas. É o caso, por exemplo, de uma ação de indenização por danos materiais e morais, que está sendo movida contra o governo do Estado e contra as pessoas físicas da governadora Ana Júlia Carepa, do secretário de Segurança Pública, Geraldo Araújo, e do comandante da Polícia Militar,
coronel Luiz Dário da Silva.

A advogada disse ainda que vai denunciar ao Ministério Público Federal em Marabá os crimes ambientais que, segundo ela, estão sendo praticados pelos sem-terra acampados dentro da propriedade com apoio ostensivo do Ministério do Desenvolvimento Agrário, através do Incra. Os invasores, conforme frisou Adelaide Vieira, estão fazendo a retirada ilegal de areia, ilícito que já vem sendo apurado pela Delegacia de Conflitos Agrários de Marabá.

APOIO
Outra denúncia contra o Incra está sendo apresentada à Justiça Federal de Marabá. A alegação de Adelaide Vieira é a de que o instituto fundiário continua dando apoio aos invasores, inclusive com o fornecimento de cestas básicas, mesmo diante da evidência da prática de crimes ambientais e de esbulho possessório, mediante a partilha das terras e sua distribuição ilegal para terceiros através de lotes. Adelaide Vieira disse também que está apresentando denúncia ao Ministério Público do Estado contra a Prefeitura Municipal de Parauapebas. Ela pretende obter do MPE a instauração de um procedimento investigatório para apurar o uso de dinheiro público pela prefeitura para dar apoio a condutas tipificadas como crimes. A prefeitura, disse Adelaide Vieira, está recuperando a estrada de acesso à fazenda invadida, para facilitar os deslocamentos dos invasores, cortando e demarcando lotes dentro da propriedade, com tratores e máquinas pesadas, e utilizando caçambas do município para retirada de material do porto de areia localizado dentro da fazenda.

JUSTIÇA PARAENSE
Também a Justiça do Pará será alvo da advogada. Na conversa que teve com Carlos Xavier, ela lhe informou, e dele recebeu total apoio, que está formalizando denúncia ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre todo o histórico da fazenda Santo Antônio. Adelaide Vieira disse que está requerendo ao CNJ a apuração do não cumprimento, pelo Governo do Estado, de mandado liminar de reintegração de posse. A apuração deverá se estender às pessoas da governadora, do secretário de Segurança Pública e do comandante da Polícia Militar.

Fonte: Diário do Pará

2 comentários em “Corte internacional apura invasão de terras em Parauapebas

  1. Natto Pinheiro Responder

    Olá! gostaria de saber, porque que as autoridades antes de assinar uma liminar em favor de um suposto dono de terra duvidosa, não tem o cuidado de verificar as origens da terra. o que sabemos é que o cidadão comprava um alqueire e grilava mil alqueire, será que não podemos colocar ordens nem nas terras da união ou do estado? os grandes latifundiários do brasil fazem e fazem e ninguém toma providencias onde estamos? é o casa da terre da engenorte, terra norte e santa marta, todos sabem que o dono não tem documento lícito e ou legal para lutar, pois ele mesmo sabe que está errado, mas como ele mesmo diz que confia no dinheiro que tem paciência. o povo que está nesta área, já passou dos dez anos de posse, são famílias de trabalhadores que põem o alimento em sua mesa isto não basta pra justiça! quantos pais de família precisam morrer para tudo isto ter um fim? vamos investigar a fundo questão por questão, se o suposto dono estiver agindo de má fé para induzir a justiça ao erro, que é o caso da engenorte etc… que seja punido com o rigor da lei exemplarmente para que outros não pratiquem mais.

  2. liana vieira Responder

    estou a procura da dra. adelaide vieira, sou prima dela e perdemos contato desde que ela saiu de campo grande e foi pro pará,e como moro em itapema, santa catarina só atraves da net e procurando achei essa materia. espero que vc possa me ajudar, me mandando o email dela e/ou telefone. obrigada liana vieira

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