Canaã dos Carajás se torna município mais desenvolvido do Pará

Parauapebas, que já esteve em primeiro, agora é mais atrasado que Marabá, segundo levantamento da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro. E outras cidades estão prestes a “filar a boia” da Capital do Minério, que perde prestígio e protagonismo econômico e social por falta de planejamento técnico

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As profecias de quase uma década do Blog do Zé Dudu sobre a dinâmica socioeconômica de Canaã dos Carajás, a Terra Prometida, estão se cumprindo com sucesso. Desta vez, quem atesta em dados prognósticos adiantados neste portal de notícias ainda em 2019 é a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), que divulgou na semana passada o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), trazendo Canaã como o município mais desenvolvido do Pará.

Em uma escala que vai de 0 a 1 — onde quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o município —, a Firjan levou em conta aspectos como educação, saúde e renda para dimensionar o desenvolvimento social de mais de 5.500 cidades, tendo como ponto de partida dados oficiais de órgãos públicos do ano-base de 2023.

No índice, Canaã dos Carajás atingiu IFDM de 0,6742, seu melhor desempenho na série histórica iniciada em 2013, quando a Terra Prometida reportou nota 0,4748. Em uma década, o município prosperou socialmente 42%, impulsionado especialmente pela geração de empregos formais na cadeia mineral e pela elevação da renda média da população local.

Canaã ainda está longe de alcançar o topo do desenvolvimento social do país, dominado maciçamente por municípios do interior de São Paulo e do Paraná. Os dois com notas mais altas, Águas de São Pedro (0,8932) e São Caetano do Sul (0,8882), são paulistas, seguidos dos paranaenses Curitiba (0,8855) e Maringá (0,8814). Em relação a essas cidades, Canaã dos Carajás está matematicamente atrasada cerca de duas décadas. 

A Terra Prometida não aparece sequer entre os 1.500 municípios mais desenvolvidos do Brasil (está em 1.793º), mas a posição alcançada agora é digna de Oscar, uma vez que Canaã é a única cidade do país a dobrar a população por dois censos demográficos consecutivos (de 2000 para 2010 e de 2010 para 2022), de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Atualmente, o município se aproxima de 100 mil habitantes, embora tivesse 85 mil em 2023, ano em que os dados para calcular o índice foram levantados.

Parauapebas cai a pior nível

Parauapebas vive seu pior momento nas estatísticas nacionais e um dilema existencial: ser ou não ser rico daqui para frente, eis a questão, diante da queda da atividade mineradora em seu território. O Blog do Zé Dudu já havia feito diversos alertas às sucessivas gestões de que os indicadores que, por vezes, colocavam a Capital do Minério no topo de alguma coisa não tinham base sólida e fariam o município despencar do pedestal. Não deu outra.

O município não soube aproveitar os anos de bonança e sumiu com quase R$ 30 bilhões que entraram nos cofres públicos desde que se emancipou, em 1988, quando a moeda ainda era o cruzado. O dinheiro evaporou, o município chegou a 300 mil habitantes, e hoje padece com indicadores vexatórios de saúde, educação e saneamento básico, entre outros, em contraponto a uma alta taxa de informalidade no mercado de trabalho.

Com IFDM 0,6332, a Capital do Minério, que já havia ocupado 1º lugar em desenvolvimento no Pará, agora perde também para Belém (0,6349) e Marabá (0,6349), além de Canaã. Sua posição, 2.415º no ranking, é um dos piores desempenhos na história. Parauapebas até cresceu em dez anos, mas o crescimento foi tão pífio que acabou superada por outras localidades.

Marabá no melhor momento

A situação de Parauapebas contrasta com a de Marabá, que tem melhorado significativamente nos rankings em que aparece, apesar da histórica e reconhecida deficiência em saneamento básico e infraestrutura urbana. Com nota 0,6349, Marabá superou Parauapebas pela primeira vez, guinada por crescimento nos indicadores de educação e de geração de emprego e renda, embora ainda deixe a desejar no quesito saúde.

De forma geral, o Pará é o terceiro estado do país com maior concentração de municípios em situação de desenvolvimento crítico (nota de 0 a 0,4) e baixo (nota de 0,4 a 0,6). Na faixa de desenvolvimento moderado (nota de 0,6 a 0,8) estão Canaã, Belém, Marabá, Parauapebas, Redenção (0,6268), Benevides (0,6208), Barcarena (0,6162) e Xinguara (0,6161). Nenhuma cidade paraense alcançou grau alto de desenvolvimento (nota acima de 0,8), privilégio de somente 259 localidades no país.

Por outro lado, dos dez municípios menos desenvolvidos do Brasil, quatro são paraenses: Oeiras do Pará (0,2143, sexto pior), Limoeiro do Ajuru (0,2420, oitavo), Melgaço (0,2429, nono) e Curralinho (0,2431, décimo pior). É o estado com a pior representação no extremo do ranking.

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