Câmara de Jacundá quer queimar 25% da verba legislativa com diesel e gasolina

Licitação no valor de R$ 705 mil é maior que previsão de investimento na cadeia agrícola local, de reles R$ 500 mil, conforme a LOA. Presidente da Casa defende compra dos combustíveis.

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Na segunda-feira da próxima semana, dia 17, a Câmara de Jacundá vai realizar um senhor pregão para garantir o abastecimento de gasolina e óleo diesel nos veículos da frota oficial do legislativo. É que o parlamento que tem 12 vereadores autorizou licitação de R$ 705.200,00 para compra de combustíveis, um montante que corresponde a aproximadamente 25% dos R$ 3,04 milhões de orçamento daquela Casa de Leis este ano. A informação foi levantada com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu e pode ser conferida aqui.

A Câmara quer adquirir 60 mil litros de óleo diesel S10, no valor de R$ 4,46 por litro, totalizando R$ 267.600,00, e outros 60 mil litros de gasolina comum, ao custo de R$ 5,47 por litro, sendo o valor global de R$ 437.600,00. O Blog do Zé Dudu avaliou o preço estimado do fornecimento dos combustíveis, cotado em três postos da cidade (Dallas, Mogno e Paraíso), e comparou com alguns investimentos expressos na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2020 de Jacundá para dar a dimensão do gasto.

O que o município planeja aplicar, por exemplo, com fomento à produção agrícola e agricultura familiar este ano é de apenas R$ 500 mil — portanto, R$ 205 mil a menos que a despesa com combustíveis da Câmara. O Blog levantou nos dados do censo agropecuário realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que todas as 673 propriedades agropecuárias existentes em Jacundá movimentam por ano R$ 31,66 milhões, dez vezes o orçamento do legislativo local. Entre essas propriedades, as 558 de agricultores familiares rendem anualmente R$ 12,89 milhões em riquezas.

Mas de acordo com o presidente do Poder Legislativo jacundaense, Clayton Maria, em nota para justificar a licitação, a aquisição dos combustíveis é fundamental para o trabalho legislativo, “tendo em vista a necessidade de os vereadores e servidores se deslocarem em atividades administrativas e de fiscalização”, inclusive a viagens para a capital do estado, Belém, em busca de recursos para o município. Resta saber se a população está de acordo com esse gasto, já que quem paga a conta é, no final, o contribuinte.