Cai número de suicídios em Parauapebas

Mas ainda não há o que comemorar e prefeitura cuida para reduzir o índice de um problema que virou preocupação mundial. Na Alepa, vários projetos sobre o tema começam a ser apresentados.

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Como em muitos pontos do Brasil e do planeta, Parauapebas também vive o drama e a preocupação de lidar com pessoas que tiram a própria vida, geralmente depois de sofrer com a depressão. O ano de 2019 ainda não acabou, mas o município já registrou 25 suicídios, uma média de quase três casos por mês.

A maioria, dez registros, entre pessoas com idade entre 20 e 34 anos; oito casos, entre jovens de 14 a 19 anos; e cinco, entre adultos de 34 a 49 anos. Outros dois casos foi de um idoso (ou idosa) com mais de 65 anos e de uma criança, com idade entre 10 e 14 anos.

Os índices deste ano estão aquém do que Parauapebas viveu nos dois anos anteriores, quando viu os índices aumentarem expressivamente entre 2017 e 2018, subindo de 9 para nada menos que 39 registros de um ano para outro, o que correspondeu a uma escalada de 33% no número de suicídios. Isso, em todas as faixas etárias.

Em 2018, houve seis registros em pessoas de 10 a 14 anos de idade; 15, em pessoas de 15 a 19 anos de idade; 12 casos em pessoas de 20 a 34 anos de idade; e também seis casos em pessoas de 34 a 49 anos de idade.

Apesar da queda no índice de suicídios este ano, a prefeitura não tem o que comemorar. De acordo com o psicólogo Vagner Dias Caldeira, supervisor da Rede de Atenção Psicossocial (Raps) de Parauapebas, há casos que não são registrados pelas famílias como suicídio, e, portanto, as estatísticas podem não refletir a realidade no município.

Para atender a um problema tão complexo, Parauapebas conta com uma rede para dar assistência às pessoas que estão com sofrimento psíquico. Vagner Caldeira explica que as Unidades Básicas de Saúde (UBS) disponibilizam psicólogos para esse público tanto na zona urbana quanto na zona rural, com servidores capacitados frequentemente para enfrentar a doença.

“A rede é dividida de acordo com o grau de sofrimento de cada pessoa, sendo que as que apresentem transtornos mais graves são atendidas pelo Caps (Centro de Atendimento Psicossocial), enquanto que as leves e moderadas são atendidas nas UBSs”, orienta Vagner Caldeira.

Alepa intensifica debate

Segundo os psicólogos, muitos suicídios são precedidos de uma profunda depressão, doença que hoje é considerada o “mal do século” pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e que vitima cerca de 800 mil pessoas em todo o mundo, sendo a segunda principal causa de morte de gente muito jovem, com idade entre 15 e 29 anos.

No Brasil, é a quarta maior causa de morte em jovens nessa faixa etária. A meta é reduzir a mortalidade em 10% até 2020. Vagner Caldeira diz que antes da pessoa conseguir tirar a vida, geralmente ela já tentou outras três ou quatro vezes. E não é para chamar atenção, como muitos pensam.

Na Assembleia Legislativa, deputadas como Ana Cunha (PSDB) e Heloísa Guimarães (DEM), que são médicas, e os deputados Carlos Bordalo (PT) e Eliel Faustino (DEM), entre outros parlamentares, têm alertado da tribuna da Casa para o crescimento do índice de depressão e do número de suicídios especialmente no Pará.

No Estado, a cada 35 horas uma pessoa tira a própria vida enquanto 331 homens e mulheres entraram em depressão somente no ano passado. O problema está longe de ser solucionado, reconhecem os deputados, mas ações precisam ser feitas para, ao menos, minimizar uma doença invisível e fatal.

Para isso, projetos de lei começaram a ser propostos e, neste mês, a Alepa aprovou o de autoria de Eliel Faustino, que cria a Política de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome da Depressão nas redes públicas e privadas de saúde. A matéria foi encaminhada ao governador Helder Barbalho para ser analisada.

Carlos Bordalo, por sua vez, apresentou nesta semana projeto para a inclusão de medidas de conscientização, prevenção e combate à depressão, à automutilação e ao suicídio no projeto pedagógico das escolas públicas e privadas do Estado do Pará. “É preciso reconstruir teias de relações humanas”, defende Bordalo, para observar que ao mesmo tempo em que as pessoas estão ligadas ao mundo, com um simples celular, também estão sozinhas. “Falta um ombro amigo”.