Serra Pelada: Cultura na Praça vai lançar dois filmes produzidos por moradores da comunidade

Os curtas-metragens foram gravados durante a oficina de cinema. O lançamento será neste domingo (02), na Praça da Juventude.

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A história do distrito de Serra Pelada, em Curionópolis, no sudeste do Pará, já foi contada em filmes, livros, reportagens e trabalhos fotográficos. Agora, neste domingo (02), a partir das 18 horas, os moradores terão a oportunidade de vivenciar suas próprias narrativas, com a exibição de filmes.

O projeto Cultura na Praça, que conta com o patrocínio do Instituto Cultural Vale, montou uma tela de cinema na quadra coberta da Praça da Juventude para a sessão especial de cinema para os moradores do distrito. Serão exibidos os dois curtas-metragens resultados das oficinas de cinema realizadas em Serra Pelada.

Os filmes “O diário de Hannah” e “Histórias que inspiram” são criações dos moradores do distrito, desde a escolha do roteiro até a edição dos vídeos. Tudo foi feito a partir das orientações que eles receberam durante os quatro dias de oficina, voltado para adolescentes e jovens de 13 a 19 anos e a partir dos 45 anos.

Vitória da Silva Conceição, de 19 anos, já havia participado do projeto em 2021 e voltou para ter uma nova experiência nesta edição. “Foi uma experiência incrível porque eu participei do projeto pela segunda vez. Mas, agora, como atriz, eu atuei bastante em algumas cenas. Eu queria ter essa experiência novamente e gostei de tudo. Eu fiquei na parte de atuação, operadora de áudio e na claquete”, contou ela.

A dona de casa Maria de Lourdes Pereira, de 55 anos, também gostou da experiência. “Quem me motivou a participar foi o meu filho Reginaldo, que esteve na edição anterior e na de agora. Eu gostei demais”, afirmou Maria.

Ela e outros sete moradores de Serra Pelada são os participantes adultos desta edição do projeto, sendo que Curionópolis foi o único dos quatro municípios paraenses, beneficiados pelo projeto em 2023, que recebeu uma oficina dedicada a pessoas com 45 anos ou mais. Em Canaã dos Carajás, Parauapebas e Ourilândia do Norte, todos no sudeste do Estado, as oficinas envolveram adolescentes e jovens.    

Para o cineasta e coordenador do projeto, Cris Azzi, quem assistir aos curtas-metragens perceberá um desejo comum entre os dois grupos da oficina, apesar da diferença de faixa etária: o de reconstrução da identidade local.

“Serra Pelada é formada por pessoas que vieram praticamente do Brasil inteiro. E isso, no Cultura da Praça, acaba refletindo em um conjunto muito diverso, rico e colorido dessas histórias e culturas que se encontram ali. Em relação à faixa etária, o que a gente percebe é que, claro, de alguma forma, alguns estão um pouco mais ligados ao passado, mas o que une todo esse processo é, sem dúvida, perceber que existe um desejo de reconstrução de identidade e de perspectiva de futuro para a comunidade”, comentou Cris.

Oportunidades de trabalho

“Amei ter participado dessa edição e, através dela, pude obter mais conhecimentos na área de audiovisual, algo que me ajuda bastante na minha área de trabalho. Aliás, através do Cultura na Praça, tive inspirações para criar uma produtora de comunicações aqui da vila. Ela é constituída por jovens, a maioria já participou do Cultura na Praça”, disse Reginaldo Pereira da Silva, de 19 anos. Ele é um dos onze moradores de Serra Pelada que participaram do projeto.

Os filmes produzidos em Serra Pelada e nos demais municípios que receberam as oficinas do Cultura na Praça também serão lançados no Cine Babaçu, plataforma virtual que reúne 25 produções feitas nas edições passadas do Cultura na Praça e que pode ser acessada pelo endereço www.culturanapraca.art.br