Senadores do Pará comentam ofício da Governadora Ana Júlia

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No Leia mais, as notas taquigráficas dos pronunciamentos dos Senadores Flexa Ribeiro e Mario Couto, quando da leitura de expediente enviado pela Governadora Ana Júlia, à respeito dos fatos ocorridos em Xinguara e sobre o pedido de intervenção no Estado por parte da Senadora e presidente da CNA, Kátia Abreu.

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB – PI) – O Senador Eduardo Suplicy, que representa a Liderança do PT, acaba de ler uma carta da Governadora do Pará,

Drª Ana Carepa, que recebe um pedido de intervenção federal da Senadora Kátia Abreu, que representa a Confederação Nacional da Agricultura, por desobediência em processo de reintegração de posse.

Continua o Pará. Com a palavra o Senador Mário Couto, que vai falar como Líder da Minoria.

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB – PA. Como Líder. Sem revisão do orador.) – Ainda há pouco saiu um Senador de São Paulo. Ele estava falando do Pará, mas é de São Paulo. Agora, entra um paraense legítimo, de sangue paraense mesmo.

Sr. Presidente, Srs. Senadores, quero, primeiramente, agradecer ao Senador Suplicy por ter até solicitado a mim que esperasse a leitura da carta. Sinceramente, Senador, espero que V. Exª possa me ouvir. (Pausa.)

Deixa o Senador acabar de atender ao telefone celular, porque eu o escutei atentamente e quero que ele me escute.

Sinceramente, Senador, quando V. Exª disse a mim Senador Mário, tenho uma carta da Governadora do Pará para ler na tribuna do Senado, eu bati no Flexa Ribeiro e disse: É de renúncia. É uma carta de renúncia. O Flexa perguntou: De renúncia? Eu disse: É. Só pode ser, pelo estado em que o Estado – desculpem-me pelo trocadilho – do Pará se encontra, Senador.

Lamento, Senador, que a Governadora Ana Júlia não tenha, Senador Valter, um Senador aqui para defendê-la, um Senador sequer para ler uma carta sua. Teve que recorrer a um membro do Partido, que se prontificou a ler a carta. São três Senadores para cada Estado e nenhum comunga com o Governo da Governadora Ana Júlia.

Eu, sinceramente, Senador, só vou comentar essa carta porque ela foi lida por V. Exª, que eu respeito muito. V. Exª é uma referência nacional, V. Exª merece o respeito de todos neste Senado. Por isso eu vou comentar essa carta. Senão, nem isso faria, porque é difícil discutir os problemas do nosso Estado com um Senador de um Estado tão distante do Estado do Pará.

Na leitura da carta, que foi muito bem lida pelo Senador, eu notei a dificuldade dele, porque esses municípios têm nomes esquisitos. Por exemplo, Paraopebas é um nome bonito, mas difícil de se falar. E o Senador teve dificuldade de falar os nomes do municípios paraenses. Imagine, Senador, se fôssemos abordar temas complicados, difíceis, do Estado do Pará com V. Exª. Não teria a menor condição de nos responder.

Senhores, eu vou ler aqui, Senador… Hoje, o Estado do Pará, Senador, – é porque V. Exª não conhece – vive um caos, vive um drama. Não somos nós Senadores do Pará que estamos inventando. São as estatísticas que mostram, é a imprensa nacional! Não é só a imprensa do Pará, meus nobres queridos paraenses.

É a imprensa nacional que divulga, a cada semana, a cada mês, um escândalo no Estado do Pará, Senador. Lembra da menina? Lembra dos 218 bebês? A saúde do Pará é precária… Aqui, falo todos os dias da violência no Estado.

Veja bem, Senador, o que diz a Governadora na carta: O Pará, nas palavras desses senhores – nossas palavras… Ela quer se referir a mim, ao Senador Flexa, ao Senador Nery, aos três Senadores do Pará.

O Pará, nas palavras desses Senadores, seria uma terra sem lei.

É uma terra sem lei. Hoje, o Pará é uma terra sem lei. Quando nós fazemos isso aqui, Senador, estamos defendendo o nosso Estado. Calcule se V. Exª morasse no Estado do Pará, se convivesse com a alta criminalidade que hoje existe no Estado do Pará, se não bastassem os problemas das terras, a criminalidade…

Vou ler uma matéria aqui comprovando que a criminalidade tomou conta do Estado do Pará. Vai ser muito difícil repor a ordem no Estado do Pará. No ponto a que chegou o Estado, Senador Valter, vai ser difícil repor a ordem no Estado do Pará. Vai ser preciso isso aqui, Senador, pulso, muito pulso para se repor…

(Interrupção do som)

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB – PA) – … a ordem no Estado do Pará.

Continuo a leitura.

O Pará, nas palavras desses senhores, seria uma terra sem lei. Esses senhores, cuja obrigação constitucional é defender nosso Estado – lógico, lógico que é –, pasmem, são os primeiros a denegri-lo. Ninguém está denegrindo nada aqui. Estamos aqui, Senador, para defender o nosso Estado, doa a quem doer. Vim para cá, Senador Valter, com a responsabilidade, nas costas, de 1,5 milhão de votos. Um milhão e meio de votos. Só no interior do Estado do Pará, foram 1,2 milhão votos. Já pensou, Senador, se eu chego aqui todos os dias e cruzo meus braços? Já pensou, Senador, se não venho à tribuna denunciar? Já pensou, Senador, o que iam dizer deste Mário Couto os paraenses? Hoje, só na zona metropolitana do Estado morrem três pessoas… Morrem, são mortos à bala! Provo tudo que estou falando aqui. Se eu não provar, denunciem-me. Por dia, na grande capital, morrem três pessoas à bala! São três famílias que choram a perda… De oito em oito horas, cai um paraense ou uma paraense! De oito em oito horas! Não sou eu, é a realidade. Eu vivo lá, eu moro lá, eu vou lá… 

Eu não me descuido. Agora mesmo, Senador. Eu conheço a realidade na palma desta mão. Não peço para ninguém ir por mim, não. Eu vou aos interiores. Fui agora, Senador, de ônibus, de ônibus, 2.100 quilômetros, fui pela Belém-Brasília de ônibus. Percorri 15 Municípios, agora, recente, há duas semanas. Percorri 15 Municípios de ônibus para ver a realidade, para ver como está a Belém-Brasília, terrivelmente abandonada, para ver como está o Estado do Pará, andar, conversar com o povo, sentir o povo, sentir a tensão do paraense. O paraense anda com medo. O paraense tem medo de andar nas ruas.

Aí a Governadora não quer que a gente vá? Ela diz na carta que nós estamos diminuindo a imagem do Estado.

O que iriam pensar os paraenses se V. Exª ficasse sentado na sua cadeira e fizesse de conta de que tudo andava bem no Estado do Pará?

Já vou descer.

Outra coisa, meu caro Senador Paim, nós temos que estar do lado do povo, nós temos que estar do lado do povo, gente. Nós não podemos ver o que acontece no Estado e ficar calado. Não ficarei, não ficarei, em momento nenhum,paraenses, podem ter certeza de que este Senador, falem o que quiserem falar, esse jornal de que o Flexa Ribeiro reclamou pode colocar o que quiser colocar de mim, pode falar o que quiser falar de mim, este paraense aqui não vai calar a sua voz nunca em defesa do seu povo.

É engraçado tudo o que acontece, Senador. Tenho certeza de que V. Exª tem sensibilidade, é um homem com quem aprendi, vi na televisão, conversei com V. Exª, convivi de perto, foi um dos primeiros que me deu a mão quando cheguei aqui, não esqueço, V. Exª, Senador Paulo Paim, Senador Mão Santa, por isso respeito muito V. Exª.

Outro dia comentava com um paraense, e ele perguntava pelo senhor, e eu dizia: o Senador Eduardo Suplicy é um homem sério, um homem direito, um homem de um grande conceito. E é isso que penso de V. Exª. Tenho certeza de que V. Exª, logicamente era uma companheira, leu a carta, e não tem problema nenhum, fez sua obrigação.

    Mas tenho certeza de que, se V. Exª verificar de perto a situação do Estado do Pará, V. Exª também virá à tribuna dizer a verdade, também vem à tribuna dizer a verdade.

    Vou ler rapidamente um blog – rapidinho, Senador Mão Santa – só para lhe mostrar como está o Estado do Pará. Esse é o blog mais lido no Estado.

O repórter Paulo Bemerguy, em seu blog, diz o seguinte:

“Agora já se sabe exatamente o porquê da segurança pública do Pará ter resistido tanto em divulgar os números sobre a criminalidade, desde o início de 2007, quando a Governadora Ana Júlia, do PT, assumiu o Governo do Estado, até agora, quando o seu governo já ingressou no terceiro ano”.

Não divulgou nenhum dado e não informou nenhum dado sobre segurança.

“A resistência deve-se a que os números são avassaladores”.

Os números são assustadores! Os números são demolidores! É uma guerra sem precedentes, interminável! Interminável!

“E são números, vale ressaltar” – aí é importante, Senador Valter –, “e são números, vale ressaltar, fornecidos pelo próprio Sistema Integrado de Segurança Pública” do Estado do Pará, “baseados nas ocorrências policiais sistematizadas pelo Dieese/PA. Revelam uma situação de criminalidade crescente e incontrolável”.

“Em 2008, foram registrados 128.288 ocorrências delituosas só na região metropolitana de Belém. De janeiro a dezembro de 2007, quando completou um ano apenas do Governo de Ana Júlia Carepa, esse número chegou a 105.995, 22.295” – vou repetir, paraenses – “22.295 crimes a mais do que no governo anterior”.

Hoje, o crescimento da violência no Estado do Pará é de 40%, quase o dobro,  40%.

Teima a Governadora do meu  Estado e diz aqui na carta que isso aí é responsabilidade dos governos anteriores. Deus meu, minha Nossa Senhora de Nazaré, minha Santa Filomena, a Governadora está acabando o seu mandato, está terminando o seu mandato, falta um ano e meio para ela sair do governo e ela continua falando isso. Tudo aqui, em tudo o que compara, ela põe a culpa nos governos anteriores.

Vamos admitir, Senador Suplicy, vamos admitir que era uma bagunça nos governos anteriores, vamos admitir. Mas foi a Ana Júlia. Eu tenho filmes, eu  tenho filmes. Eu provo. Eu me preocupei em guardar, porque eu queria também, se fossem verdade as promessas, aplaudir. Eu queria aplaudir.

Na hora em que o Lula resolver o problema dos aposentados, vocês vão ver este Senador elogiando o Presidente da República. Eu venho aqui elogiar o Presidente da República, eu mandarei uma carta minha dizendo a ele, parabenizando-o pelo ato.

Na hora em que Ana Júlia conseguir colocar o Pará nas suas rédeas, na hora que Ana Júlia não deixar que o meu povo sofra na área da educação, da saúde, das estradas…

Está tudo, Senador, tudo, eu o levo… Eu sei que o senhor é um homem de caráter, um homem de consciência, um homem de coração bom, um homem que vive combatendo a pobreza, a miséria, como há muitos no seu Partido, dos quais me honro de ser amigo. Está aqui um do meu lado, o Senador Paulo Paim.

Agora, eu não posso ficar calado diante, Senador Flexa Ribeiro, da miséria, da pobreza, da estupidez que estão fazendo com o povo do Pará. Matam abertamente, tomam as cidades do interior, tomam. Senador, cinco cidades foram tomadas de assalto. O senhor poderia perguntar: está exagerando, Mário Couto. Tomadas, Senador. Eu lhe dou o nome delas, o dia e lhe dou a filmagem dos acontecimentos. Os bandidos entraram, prenderam todos os PMs, prenderam o delegado e fizeram o que quiseram.

O Pará é terra de direito? Não é. Hoje, não é, infelizmente. Se a Governadora – já vou lhe dar, já vou descer –, se a Governadora do meu Estado dissesse publicamente que ela ainda tem tempo de ajeitar, eu ia ter um fundo de esperança, mas não vejo nenhuma providência. A única providência é ela dizer que é dos governos anteriores a culpa.

Vou repetir. Como seria culpa dos Governos anteriores, minha amiga Ana Júlia, minha prezada Governadora, se a senhora está nos ouvindo, se senhora tem só um ano e meio para sair e teve a oportunidade…

(Interrupção do som.)

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB – PA) – … de fazer em dois anos e meio e não fez, Governadora? Piorou, Governadora. Não tem absolutamente ninguém, ninguém que possa contestar os fatos. Os fatos são visíveis! Os fatos são reais!

Formem uma comissão de Senadores, e vamos lá ver a desgraça em que se encontra o Estado do Pará. Eu não posso ficar calado! Eu não devo ficar calado!

Assuma, Governadora, a sua responsabilidade. V. Exª disse nos palanques. Eu tenho o filme. Eu me preocupo em guardar provas, principalmente de palanques. Eu tenho os filmes em que a Governadora, nos palanques, prometeu acabar com a violência.

(Interrupção do som.)

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB – PA) – Sobre a intervenção, façam uma idéia, Senador Suplicy, Senador Paim, se fosse eu, Flexa Ribeiro ou o Nery que pedisse uma intervenção no Estado do Pará. Foi a Presidenta da Confederação Nacional dos Agricultores, a Senadora Kátia Abreu. Não fui eu e nem quero que isso aconteça no meu Estado, mas a Senadora está certíssima.

    A Senadora está vendo o que está acontecendo no Estado. Os agricultores estão falando com ela.

    Senador, ela não devia colocar isso no documento. Eu até falei ao Flexa: vamos falar com o Senador Suplicy — não foi isso, Senador? — para que ele não leia essa última parte, onde ela diz que está fazendo a reforma agrária. Isso não é competência da Governadora. E se ela está fazendo, ela está fazendo de uma maneira brutal, porque hoje o Pará, no campo, é uma pólvora. O que aconteceu agora pode ser três vezes pior amanhã, porque não houve a reintregração. E quem está dizendo isso não é a Senadora Kátia Abreu. Quem está dizendo isso é o Ministro Gilmar Mendes, Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, é ele que está dizendo que a Governadora não está fazendo a reintegração. Não é a Senadora, não é a Presidenta da Confederação, é o Ministro e Presidente do Supremo Tribunal de Justiça do Brasil que está dizendo isso!

    Eu lamento, Senador. Eu lamento, porque é o meu Estado, que eu amo muito, amo muito. E aqui eu venho, Senador, dar o meu suor por ele, eu venho suar aqui todas as tardes. O Senador Flexa está junto comigo. E eu sempre digo que eu tenho respeito pela Governadora, eu sempre digo que aqui eu defendo o meu Estado. Eu não sou nada a favor da destruição do Pará.

O meu Estado é querido, muito querido. O paraense é apaixonado pelo Pará, como eu e como outros. Somos apaixonados, como o Mão Santa é pelo Piauí. O Mão Santa vive a mesma situação que vivemos no Pará, mas a nossa é muito pior que a do Mão Santa. É muito pior, Mão Santa. Pode ter certeza disso.

Então, Senador, só me resta, primeiro, agradecer a V. Exª pela postura e por ter me deixado esclarecer tudo e, segundo, dizer que, sinceramente, temos uma santa muito forte, uma protetora muito forte, uma santa que recebe nas ruas, no mês de outubro, mais de 1,5 milhão de pessoas a pedirem a ela. Tenho certeza de que, na próxima procissão deste ano, milhares e milhares de paraenses vão pedir proteção aos seus familiares, porque não têm hoje. Se a Secretaria de Segurança do Estado responder as informações, o Pará é o Estado mais violento do Brasil e, proporcionalmente, um dos mais violentos do mundo. Amanhã estarão mais três paraenses chorando a morte dos seus parentes, mais três.

O Senador Papaléo, outro dia, disse-me: “Senador, eu jamais passo por Belém. Perdi um parente ontem. 

Ela saiu do aeroporto com o carro. Os bandidos disseram ‘pare’. Ela não parou e eles a mataram”.

Eu disse a ele: são três por dia. E eu tenho certeza, Senador Flexa, que os milhares e milhares de peregrinos que vão acompanhar o Círio neste ano – e eu sou um deles – vão pedir a minha querida Nossa Senhora de Nazaré que proteja suas famílias, que não as deixem cair nas mãos dos bandidos que sabem que hoje o Pará é uma terra sem lei.

Muito obrigado, Senador Mão Santa.

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB – PI) – Os nossos cumprimentos.

Depois, o Senador Flexa Ribeiro – e quem diz é o Paim – faria o melhor discurso, subindo à tribuna e dizendo “faço minhas as palavras do meu companheiro, irmão, camarada, Mário Couto”.

Mas o Senador Paulo Paim diz que V. Exª será o único que atenderá à solicitação e falará por até cinco minutos.

O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB – PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Presidente Mão Santa, Senador Eduardo Suplicy, Senador Paulo Paim, Senador Mário Couto, é lamentável, Senador Suplicy. Todos nós aqui no Senado Federal temos o maior respeito por V. Exª. Sabemos da forma digna com que V. Exª exerce o honroso mandato de Senador pelo Estado de São Paulo.

Lamento que V. Exª seja utilizado pela Governadora, como companheiro de Partido dela, contrariamente aos princípios de V. Exª. V. Exª vem aqui ser apenas o leitor – o leitor – de uma carta preparada por ela, que lhe pediu que fizesse a leitura. V. Exª não tem nenhuma condição de discutir a matéria, Senador Suplicy, como eu não irei discutir, quando V. Exª falar do seu Estado.

Permita-me, com todo o respeito, Senador Suplicy, dizer a V. Exª que, em assuntos do Pará, não tente novamente encobrir os maus feitos do Governo do seu Partido, querendo enganar a população do Brasi. Isso não é do seu feitio, não é a sua formação, porque as pessoas que o ouvem fazendo essa leitura, vão achar que o Senador Suplicy tem razão.

Mas os paraenses o acolhem com carinho. O Senador Mário Couto falou do Círio de Nazaré, da nossa Padroeira. V. Exª já esteve lá, promesseiro como eu, acompanhando descalço a procissão. Então, V. Exª tem o respeito do povo do Pará e não pode perdê-lo, quando vem aqui falar de um Governo, Senador Mão Santa, que eu achava que era incompetente até hoje.

Achava que a Governadora não tinha, como não tem, competência para governar o Estado. Mas, hoje, eu digo, Senador Suplicy, que ela não tem equilíbrio para governar o Estado. Ela não tem honestidade para governar o Estado. Porque ela tenta encobrir os seus malfeitos, tentando colocar inverdades por meio da publicidade gasta, em vez de aplicar os recursos em benefício do povo do Pará, para tentar fazer de seu governo algo que poderia ser uma fantasia ou um castelo que se desmancha ao menor levantamento do véu que encobre toda a sujeira que está acontecendo no Estado do Pará.

    V. Exª se dê ao trabalho de ler um documento encaminhado pela Governadora, que, como disse Senador Mário Couto: “Será, será povo do Brasil?” Não me refiro, Senador Paulo Paim, aos paraenses. “Será que os três Senadores do Estado do Pará, os três, são contrários ao Governo lá instalado?” Diferentemente do que ela diz, em sua carta, que nós estamos aqui com a obrigação constitucional de defender o Estado. É verdade, Senador Suplicy. Defender o Estado, como nós fazemos aqui, diariamente, desta tribuna, nas Comissões. Mas não defender o desgoverno que traz malefícios para o povo do Pará.

    Senador Suplicy, por que V. Exª não vai comigo ao Pará? 

Vamos andar pelo Pará, Senador Suplicy. Eu quero convidá-lo para que V. Exª possa constatar se aquilo que nós, lamentavelmente, dizemos aqui, Senador Paulo Paim, ocorre ou não ocorre no Pará. É lamentável que as inverdades que estão colocadas pela Governadora possam até ter eco em outro local do Brasil. No Estado do Pará, não vão ter.

Senador Mário Couto, V. Exª e eu temos andado pelo Estado do Pará; temos ouvido dos paraenses da forma como eles se referem à Governadora, e pessoas inclusive do próprio Partido dos Trabalhadores, quase que pedindo desculpas, Senador Suplicy.

Eu queria, Senador Mário Couto, convidar a Governadora Ana Júlia: “Governadora, vá às ruas”. Agora, vá as ruas sem o seu cordão de assessores, que passam de mais de mil; são mil e quinhentos assessores pendurados no Governo. E, aí, Senador Suplicy, vou mandar a V. Exª, amanhã; vou encaminhar ao Gabinete de V. Exª os anais dos pronunciamentos da então Senadora Ana Júlia aqui, neste plenário do Senado Federal, e V. Exª vai se dar ao trabalho de ver a incoerência, a falta de coerência entre o discurso praticado pela Governadora e a prática com que exerce o mandato de Governadora. Vou-lhe dar um exemplo muito rápido. Revista Época, edição 528, Senador Paim, de 26 de julho de 2008. Anotou, Senador Suplicy? Revista Época, edição 528, de 26 de julho de 2008, quando a Governadora Ana Júlia era entrevistada sobre a ação à margem da lei dos movimentos dos sem-terra. Está na revista. Vou passar a V. Exª, Senador Suplicy. Palavras da Governadora: “Se o desrespeito à lei vier de movimentos sociais, sentimos muito, mas somos obrigados a cumprir a lei”.

Senador Mão Santa, Senador Mário Couto, palavras da Governadora.

Então, cumpra a lei, Governadora! Nós não concordamos com intervenção no Estado do Pará! Não há necessidade disso. V. Exª tomou como alvo a Senadora Kátia Abreu. A Senadora Kátia Abreu não está no mandato de Senadora quando toma as iniciativas que tomou. Ela está representando a Confederação Nacional de Agricultura e milhares, milhares de produtores rurais que tiveram suas propriedades invadidas e cujas reintegrações de posse não foram executadas pelo Governo.

E, aí, Senador Suplicy, V. Exª tem o maior respeito pela Comissão Pastoral da Terra. Não tem, Senador Suplicy?

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT – SP) – Tenho.

O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB – PA) – Tem, não é? Então, vou ler, Senador Paulo Paim, matéria de hoje, 29 de abril, do Portal EcoDebate: “Dados da CPT mostram as marcas da geografia da violência no campo brasileiro”. Preste atenção, atentai bem, Senador Mão Santa, atentai bem. Senador Suplicy, dados da CPT. A matéria diz o seguinte:

    Segundo os dados da CPT e as análises do professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Carlos Walter Porto-Gonçalves, o que mais chama a atenção em 2008 é que, mesmo num ano de queda generalizada dos índices de conflitividade e de violência, o número de pessoas assassinadas tenha permanecido o mesmo de 2007.

    Aí, refere-se ao Estado do Pará:

Nota-se, entretanto, uma mudança significativa na geografia dos assassinatos, posto que o ano de 2008 retoma o padrão histórico da geografia da violência, onde o Pará [Senador Suplicy, dados da CPT] toma a dianteira, com 46,4% dos casos ocorridos no Pais, enquanto, em 2007, ele contava com apenas cerca de 18% do total de assassinatos.

    Mais adiante, a mesma matéria:

O Pará é um Estado que apresenta um comportamento sui generis na medida em que nele dispara a violência do poder privado por meio de assassinatos, mas a violência institucional por meio da ação do Estado se faz, sobretudo, no aumento das ações de despejo de famílias e não no número de prisões, que, ao contrário, regride. Ou, em números proporcionais, enquanto o número de assassinatos aumentou 160%, o que aumentou em 53% foi o número de famílias despejadas, posto que o número de ordens de prisão simplesmente caiu cerca de 50%.

    Vou encaminhar a V. Exª também a matéria do Portal EcoDebate de hoje. Mas não basta isso, Senador Suplicy. Diz a Governadora que, em seu governo, não haverá massacre como o de Eldorado de Carajás. Ela se esquece de que houve o massacre de 300 recém-nascidos na Santa Casa de Misericórdia, Senador Mão Santa.

E este Senado Federal formou uma comissão externa e foi lá para visitar o hospital da Santa Casa de Misericórdia. E o que fez a Governadora, Senador Suplicy, naquela ocasião? Com o relatório do Senador Papaléo Paes pronto, mostrando o que o Ministério Público já dizia, mostrando o que o sindicato dos médicos já dizia, que era total incompetência, total irresponsabilidade do Estado – e entenda-se do Estado da Governadora – a morte ocorrida dos 300 recém-nascidos, o que fez a Governadora, Senador Paim? Na Comissão de Assuntos Sociais, protegeu-se com os Senadores do PT e impediu que o relatório fosse aprovado, como se isso resolvesse a situação daquilo que o povo do Estado do Pará reconhecia naquela altura.

Da mesma forma, ela, lamentavelmente, faz uso da capacidade, faz uso da sua credibilidade, melhor dizendo, junto ao povo brasileiro para fazê-lo leitor de algo que não é verdadeiro.

E, para finalizar, Senador Suplicy, a Governadora…

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB – PI) – Senador Flexa Ribeiro, ainda temos o Paim. E este povo bravo e heróico do Pará… Foram dois contra o Suplicy aqui, dois bravos oradores.

O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB  – PA) – V. Exª terminou seu aparte?

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB – PI) – Já.

O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB  – PA) – Então, vou continuar.

Nem eu nem o Senador Mário somos contra o Senador Eduardo Suplicy. Estamos até prestando solidariedade a ele, que foi usado por uma companheira de Partido que faz um homem com credibilidade nacional vir à tribuna fazer leituras de inverdades. É isso que estamos demonstrando aqui e vamos continuar, Senador Mão Santa. A partir de agora, não vamos só falar na incompetência da Governadora. Vamos falar nos malfeitos do Governo dela. É preciso que se digam muitas coisas que estão prontas. Não adianta nem falar agora. Vou voltar à tribuna diariamente.

O Senador Mário Couto fez referência a um jornalzinho que a Senadora mandou fazer. E o próprio Senador Suplicy reconhece isso. Está nas notas taquigráficas quando ele fez referência ao jornal do Governo. E a Governadora diz que vai mandar tirar, porque era apenas da mobilização. Mobilização paga com o dinheiro público, Senador Suplicy! Ela usa o dinheiro do povo do Pará, que paga seus tributos de forma suada, para fazer propaganda enganosa no site do Governo, a que V. Exª fez referência aqui.

Mas não vamos nos calar, não, como diz o Senador Mário Couto. Não vamos nos calar, Governadora! Vamos para o embate. Vamos falar do escândalo

dos kits escolares, Senador Mário Couto. Foram gastos R$70 milhões sem licitação. E, o que é pior, esses kits escolares, Senador Suplicy, não aparecem. Os alunos estão reclamando no interior, por onde nós andamos, que os kits não chegam. Não chegam porque eles não existem. Eles não existem. Está para ser aberta uma CPI na Assembléia Legislativa do Estado.

É só isso? Não, não é só isso. Está aqui o jornal. Assim como aconteceu, Senador Suplicy, o massacre na Santa Casa de Misericórdia, está acontecendo de novo no Hospital Ophir Loyola. Está aqui. Hospital Ophir Loyola à beira do colapso. Sabe o que é isso, Senador Suplicy? É um hospital de referência no tratamento do câncer. Está aqui a matéria, Senador Suplicy. Está aqui a matéria da Presidente da Avao. Está aqui de novo. Ophir Loyola grita por socorro do Governo para sobreviver. Vou ler só um trecho, Senador Paulo Paim, V. Exª que tem o respeito de todos os Senadores aqui, pela sua formação e a defesa que V. Exª faz dos movimentos sociais e pelos mais necessitados.

Os doentes de câncer não têm remédio, não têm tratamento, porque o dinheiro está sendo desviado. E mais, diz a Presidente da Aval, hospital não tem dinheiro nem para pagar pãozinho dado aos internos. Essa é a situação da saúde no Estado do Pará. Só isso? Não, só isso não. A Governadora não tem que reclamar dos Senadores, ela tem que governar.

Escola do Pará entre as piores do Brasil. O ranking nacional do MEC: Pará com a vigésima e a vigésima-primeira piores escolas do País. É a educação. Só isso? Não. É segurança. É isso? Não. É infra-estrutura. Eu desafio, Senador Suplicy. V. Exª está convidado a ir comigo, Senador Mário Couto, Senador Nery, vamos andar o Estado do Pará.

Eu quero que V. Exª encontre no Estado do Pará uma obra sequer, uma, uma, feita pela Governadora Ana Júlia, com dois anos e meio de Governo. Uma. Ela apenas reinaugura aquelas feitas no Governo do ex-Governador Simão Jatene ou conclui as obras que foram iniciadas e que ficaram com dinheiro em caixa para que fossem concluídas.

Lamento. Lamento que, ao lado desse hospital Ophir Loyola, que é um hospital de referência, o Governo anterior estava construindo o Hospital de Oncologia Infantil com dinheiro de financiamento do Bndes. Sabe o que a Governadora fez, Senador Suplicy? Parou as obras.

Está lá uma placa enorme e os paraenses podem ver isso. Uma placa enorme em vermelho “aqui tem Governo”. Não tem nada atrás. Não tem nada atrás, mas vamos voltar. Temos muita coisa para falarmos em relação aos gastos da Governadora, aos gastos. O Estado está entrando em crise, em crise financeira.

Não consegue mais gerir, administrar o Estado.

Mas vou encerrar, Senador Suplicy, lamentando, mais uma vez, a utilização indevida de V. Exª. E termino, lendo, Senador Paim. As reintegrações que a Governadora fez  são reintegrações que eu diria combinadas: mando tirar, e vocês voltam. Mando tirar, e vocês voltam. Essa é a forma como ela age com a população.

Vou ler, para terminar, o que recebi de um ex-Vereador de marabá, pequeno proprietário rural, João Batista Correia de Andrade Filho, conhecido por todos, lá em Marabá, como Tio João. Ele me mandou um e-mail, dizendo:

Sessenta e seis anos, há 35 anos morando na região de Marabá. Proprietário da Fazenda Araguaia, localizada no Município de São João do Araguaia, distante cerca de 90 quilômetros de Marabá.

É uma das que estão consideradas como feita a reintegração, Senador Paulo Paim.

O modelo de reintegração de posse da Governadora Ana Júlia é esdrúxulo. Fez por obrigação. Mas facilitou para que ocupassem novamente…

(Interrupão do som.)

Diz o ex-Vereador Tio João, de Marabá.

De acordo com o Tio João a reintegração ocorreu em julho de 2007. Havia 24 mandados de prisão e liminar de busca e apreensão, porém nada foi feito. Apenas os ocupantes foram retirados e montaram as barracas distante cerca de 500 metros da fazenda. Dois dias depois, voltaram a invadir a propriedade, roubaram 224 gados, matando uma parte

    Roubaram 224  gados, matando uma parte e vendendo a outra, estruíram a casa de empregados, destruíram toda a propriedade e não deixam ninguém passar pela área. Não posso ir à minha própria fazenda.

    É um depoimento longo. Não quero fazer o Senador Paulo Paim aguardar, mas vou entregar a V. Exª, , Senador Suplicy, a correspondência de João Batista e vou dar a V. Exª os telefones de contato para que V. Exª confirme com ele se isso aqui é verdade ou não. E sei que V. Exª tem hombridade, tem honestidade para vir à tribuna para confirmar aquilo que V. Exª ouvirá e verá, se aceitar o convite que faço para andarmos pelo querido Estado do Pará.

Obrigado, Senador Mão Santa, voltarei amanhã à tribuna para continuar falando do desgoverno que lamentavelmente está implantado no Estado do Pará, só com algo, Senador Mário Couto, que para nós talvez nos dê uma pequena satisfação: está em contagem regressiva. Antigamente eu falava em dois anos e não sei quantos meses. Agora estou falando quantos dias faltam para que o Pará volte…

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB – PI) – Tem também contagem regressiva aqui. Acabou.

O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB – PA) – … a ter o direito ao desenvolvimento e à qualidade de vida.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT – SP) – Art. 14, Sr. Presidente, só para… Vou respeitar a inscrição do Senador Paulo Paim, apenas quero dizer que…

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB – PI) – Senador, em cada sessão só dois parlamentares podem falar pelo art. 14, mas, vou conceder-lhe a palavra pela ordem – vamos contar com a paciência do Senador Paulo Paim – porque o art. 14 já foi usado anteriormente.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT – SP) – Trinta segundos, Sr. Presidente. Pela ordem.

Agradeço o respeito que ambos os Senadores do Pará tiveram comigo, mas quero dizer que aqui estarei procurando esclarecer tudo aquilo que a Governadora Ana Júlia Carepa, como Governadora do meu partido, a qualquer momento, deseje que aqui seja esclarecido. O ponto principal da carta da Senadora Ana Júlia Carepa é que não havia mandado de reintegração da fazenda em Xinguara. Esse é o ponto da carta que considero o principal: não houve mandado de reintegração para a Fazenda Espírito Santo, em Xinguara. Esse é o ponto principal do esclarecimento, e isso quero novamente reiterar.

Mas o debate continuará, mas agora tenho compromisso com a Senadora da Colômbia Piedad Córdoba, na residência da Presidência do Senado. Vou pedir licença porque preciso sair.

Obrigado, Sr. Presidente

2 comentários em “Senadores do Pará comentam ofício da Governadora Ana Júlia

  1. Zé Dudu Autor do postResponder

    O ex-militar do Corpo de Bombeiros, Lucivaldo Rodrigues Mendes, 41, baleado na noite de quarta-feira, às 23h30, está entre a vida e a morte. Mendes é motorista do prefeito de Marabá, Maurino Magalhães, e havia deixado o gestor em casa, poucas horas antes da tentativa de assassinato.

    O caso aconteceu quando Mendes assistia a uma partida de futebol pela TV, na casa da namorada dele, na Nova Marabá, e foi surpreendido por três assaltantes. O ex-bombeiro teria reagido e, armado, trocou tiros com os assaltantes, mas foi alvejado no tórax, no lado direito.

    O projétil transfixou para o lado esquerdo, perfurou os dois pulmões. Mendes deu entrada no Hospital Regional do Sudeste e foi operado pela equipe médica do plantão, com a participação do cirurgião Nagilson Amoury, vice-prefeito e atual secretário de Saúde.

    Amigos, familiares e o prefeito de Marabá foram ao hospital para acompanhar a recuperação de Mendes. Até a noite de ontem, ele continuava em sua situação delicada. (Diário do Pará, em Marabá)

  2. fabiano rodrigues Responder

    O zé gostaria que vc divulgasse por esse espaço o concurso para professor do IFPA, são 72 vagas para diversas áreas em 6 municipios do Pará mais informações no site http://www.ifpa.edu.br

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