Sem-terra: luta no campo sofre "descenso"

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Joaquim Pinheiro, um dos dirigentes do MST, admite que o movimento não está conseguindo arregimentar sem-terra graças à oferta de empregos no país e aos programas sociais

Mais emprego e programas sociais e menos reforma agrária. Sob esse cenário, a luta no campo tem sofrido um "descenso", avalia um dos dirigentes nacionais do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Joaquim Pinheiro. Para ele, a oportunidade de emprego nas cidades e os programas sociais, como o Bolsa Família, têm apontado outro caminho para uma parcela dos sem-terra, principalmente aqueles acampados por anos à espera de uma solução do governo por um pedaço de terra no campo.

— Grande parte dessa base social, que antes era o público de reforma agrária, agora tem outras possibilidades. Inclusive, uns recebem Bolsa Família, uns já estão com possibilidade de emprego na cidade.

Segundo Pinheiro, a desmobilização não atinge apenas o MST, mas os outros movimentos sociais brasileiros. Ele negou que seja um processo de cooptação do governo. “Estamos vivendo uma espécie de descenso desse processo de mobilização e procuramos entender o que está ocorrendo. Isso é fruto de alguns projetos sociais que o governo tem feito. Não é cooptação dessa base social. Apoiamos esses projetos, porque o governo tem a obrigação de atender essas famílias. Mas queremos um programa de desenvolvimento para que as famílias não fiquem reféns desses projetos sociais. Se o MST não fizer ocupações, deixa de existir"

Segundo Pinheiro, apesar de ter "bons interlocutores" no Planalto, o MST não deu uma trégua à presidente Dilma. Ele afirmou que as ocupações continuam e que os sem-terra planejam o chamado "abril vermelho", mês de ocupações em massa pelo país. “ Temos feito várias mobilizações para sensibilizar o governo. Fizemos uma marcha, no ano passado, e ocupações de terra em todo o país. O sangue do movimento é exatamente isso, as ocupações. Se o MST não fizer ocupações, ele deixa de existir”.

O "inimigo" para o MST, no entanto, é outro. “ Nosso principal inimigo, vamos tratar assim, são as grande corporações transnacionais. São elas que mandam e desmandam nos países e não só no Brasil. No dia 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, vamos iniciar uma mobilização internacional para falar da crise do sistema capitalista”, disse o líder sem-terra.

Durante o Fórum Social Temático, em Porto Alegre, o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, ícone da esquerda, fez um apelo público para que Dilma atendesse mais os movimentos sociais e fizesse a reforma agrária. Pinheiro concordou: “Nunca foi feita a reforma agrária neste país. O que ocorre são assentamentos pontuais de famílias, é bom que se diga, sob forte pressão e mobilização popular”.

Pinheiro afirmou, em entrevista ao jornal O GLOBO que o MST tem dado apoio aos sem-terra paraguaios e defendeu o assentamento de brasiguaios (brasileiros e filhos de brasileiros que vivem no Paraguai) no Brasil. Ele disse que, por meio da Via Campesina, o MST ajudou na organização desse movimento:

“ São latifundiários brasileiros que são donos dessas terras no Paraguai. Somos solidários à luta dos sem-terra paraguaios contra os fazendeiros brasileiros. Mas a grande maioria dos brasiguaios é de trabalhadores rurais que foram para o Paraguai em busca de terra e não conseguiram, acabaram trabalhando nas grandes fazendas de brasileiros. São sem-terra. Existe muita terra no Brasil e queremos que eles sejam assentados aqui. Segundo ele, há uma tentativa de criar um conflito entre os brasiguaios sem-terra e os paraguaios: “Querem colocar pobre para brigar contra pobre. Para nós, é uma saída equivocada”.

Por Tatiana Farah – O Globo

1 comentário em “Sem-terra: luta no campo sofre "descenso"

  1. Esta Regen Responder

    I imagine this is some form of evolutionary characteristic to determine what kinda person someone is. Whether they are out to get remorse, if they are different, someone that you need to be cautious about. Most people would need to know how to deal to them.

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