Receita de Canaã dos Carajás explode no 1º semestre e supera capitais regionais

O paraense Santarém e o maranhense Imperatriz, dois dos mais importantes municípios do interior amazônico, já não dão conta de acompanhar a “pegada” financeira da Terra Prometida.

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Nem Belford Roxo (RJ), com 511 mil habitantes; nem Carapicuíba (SP), com 401 mil; nem Vitória da Conquista (BA), com 338 mil; muito menos Imperatriz (MA), com 259 mil moradores. Nenhum desses municípios, nem tampouco outros 5.425 espalhados Brasil adentro, consegue alcançar o pequenino notável Canaã dos Carajás quando o assunto é arrecadação. A prefeitura do município cujas finanças mais crescem no país somou mais de R$ 350 milhões no primeiro semestre deste ano e destronou capitais regionais famosíssimas e de enorme esplendor no interior do país.

As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que analisou nesta quarta-feira (19) as contas do 3º bimestre de 4.400 prefeituras que encaminharam balanço de execução orçamentária à Secretaria do Tesouro Nacional (STN). Mesmo faltando relatório de outras 1.368 prefeituras, não é segredo que a Prefeitura de Canaã dos Carajás domina os noticiários e cardápios de riqueza e empáfia faz algum tempo.

Desde que a mina de ferro S11D, da mineradora multinacional Vale, começou a operar em 2017 e jogar dinheiro nos cofres do município, a prefeitura viu o faturamento explodir e nem mesmo a pandemia do novo coronavírus foi capaz de mudar a rota da “Terra Prometida”, que caminha para disputar pau a pau com Belém a liderança de arrecadação de receitas no Pará nos próximos dez anos, se tudo correr bem no mercado internacional com seu principal ganha-pão, o minério de ferro.

3º no Brasil em arrecadação por pessoa

Diferentemente de seu vizinho endinheirado Parauapebas, que já ostenta vida de luxo e gastos há décadas, Canaã está começando agora. E tem o mundo pela frente. Está dentro do município a maior parte do minério de ferro medido, provado e provável existente no complexo de Carajás. E é para lá que a Vale, mantenedora maior do Pará, aponta suas picaretas e faz apostas ousadas. Todos os prognósticos traçados pelo Blog do Zé Dudu sobre Canaã, de 2018 para cá, têm se cumprido, desde o anúncio da ultrapassagem sobre Santarém este ano até o incremento da produção em S11D, que retroalimentará, com ainda mais dinheiro, o já gordo caixa local.

Quietinha, a Prefeitura de Canaã dos Carajás nem precisa fazer esforço para ver a dinheirama encher os cofres. De janeiro a junho deste ano, ela consolidou exatos R$ 358.630.217,61 em receita líquida, o que, na lista entre as milhares de prefeituras brasileiras, garantiu à administração de Jeová Andrade a posição de número 130 no ranking geral. Hoje, considerada apenas a população “oficial”, de 38 mil habitantes, registrada por estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Canaã tem o 3º maior recolhimento médio de receitas por habitante: R$ 9.670 — mas todos sabem que a população real do município gira em torno de 60 mil moradores.

E sabe aqueles lugares citados no início do texto, todos com população gigante? Nenhum consegue arrecadar tanto. Belford Roxo acumulou, de janeiro a junho, R$ 349,65 milhões; Carapicuíba, R$ 338,78 milhões; Vitória da Conquista, R$ 350,7 milhões; e Imperatriz, R$ 344,52 milhões. Até o paraense Santarém, principal e mais reconhecido município do Pará depois de Belém, com seus 305 mil moradores, arrecadou apenas R$ 342,37 milhões no mesmo período. É o cumprimento da profecia em que todos os caminhos levam à Terra Prometida, enquanto houver pão, leite, mel e, principalmente, minério.