Parauapebas: Monumento em homenagem às mulheres gera polêmica e autor afirma que peças não têm nada de satânico

O monumento é dedicado às lutas e conquistas das mulheres que fazem o Encontro da Mulher de Parauapebas. Desde que foi descortinado ontem (23), as suas esculturas começaram a gerar polêmica, com algumas pessoas associando as peças a ritos satânicos. O autor da obra, no entanto, diz que isso é uma coisa absurda e que as imagens representam única e exclusivamente a lutas das mulheres
Monumento representa as lutas e conquistas das mulheres parauapebenses

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Concluídas e descortinadas ontem (22), as esculturas do “Monumento em Homenagem aos 30 Anos do Encontro da Mulher de Parauapebas” começaram a gerar polêmica na cidade. É que começaram a se espalhar pelas redes sociais comentários de que as esculturas trariam simbologia de rituais satânicos.

Afirmações são negadas veementemente pelo autor das esculturas, o artista plástico Afonso José da Silva Camargo, que já tem 30 anos de atuação na cidade. Ele diz que o monumento representa unicamente a luta das mulheres pelos seus direitos, não tendo nada de simbologia religiosa e muito menos de ritos satânicos.

Ele afirma que não sabe como e nem quem começou esses comentários maldosos, mas que a obra é uma homenagem pura às lutas femininas, destacando as mulheres que encabeçam o Encontro da Mulher de Parauapebas, que completou 30 anos.

Segundo o artista, o monumento mede 80 centímetros na base quadrada e tem a altura de 220 metros. No total, é composta de dois elementos escultóricos.

O primeiro descreve a Parauapebas de hoje, sua mocidade e o espírito de lutas e enfrentamentos, representado por uma jovem que ostenta o símbolo feminino – o Bastão de Vênus – da representatividade da vida e ao mesmo tempo é o cetro que se passa de mão em mão, de mãe para filha. “É a intergeracionalidade e o empoderamento feminino. É o presente se espelhando no passado e refletindo uma Parauapebas pujante, futurista, por seus empreendimentos, moldados pelo espírito sempre empreendedor e inovador de seu povo, de suas mulheres,” explica Afonso.

Em segundo plano, está a Parauapebas de todos os tempos, a história viva de suas mulheres coroadas pela beleza e sabedoria. “É a Parauapebas que acolhe como mãe e protege todos e todas que queiram somar com sua terra, dando a fração necessária para que possamos construir nossa história, refletida nas lutas e vitórias de outrora e amparadas pela vasta malha de atendimentos e nas sólidas conquistas de suas políticas públicas voltadas para as mulheres parauapebenses,” descreve ele.

O artista explica que a peças estão envoltas pela fibra Augusta de sua bandeira, tecida com o calor e a suavidade, envolvendo assim, num elo de proteção, todas as mulheres. “Elas são donas de casa, empresárias, esportistas, artistas, servidoras, domésticas, mineradoras, entre outras. São mulheres que carregam em seus corpos não as marcas do ferro extrativista, mas o ouro resplandecente que agora cintila no mais alto pódio das honrarias,” enfatiza.

Ele explica que monumento ainda se alonga, projetando para baixo uma estrutura robusta de ferro e pedra, onde florões anunciam a homenagem. No segundo piso de sua base está uma alusão aos 30 anos do Encontro da mulher.

“Encontro este que marca com alegria as atividades multifacetadas de um grande movimento social criado inicialmente como Semana da Mulher de Parauapebas. Um segundo adorno aparece anunciando os agradecimentos a estas mulheres, mães e guerreiras. E, por fim, a Fonte de Vênus, que jorra água de prosperidades a toda alma feminina que a contemple,” conclui o artista plástico.

O Monumento às Mulheres está montado na rotatória do quartel do 23º Batalhão da Polícia Militar, no Bairro União. O Blog entrou em contato com a Assessoria de Comunicação da Prefeitura, mas a informação repassada é que, no momento, o município ainda não vai se manifestar sobre a polêmica.

(Tina Santos)