Novo e PSOL lançam candidaturas à presidência da Câmara dos Deputados

Siglas não concordam com protagonismo de Arthur Lira, favorito ao cargo com apoio declarado de quase todos os partidos
Plenário da Câmara dos Deputados. Ao centro, a Mesa dos trabalhos; acima, a galeria dos visitantes e convidados e em frente a mesa, o assento destinado a cada um dos 513 deputados

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Brasília – Embora seja favorito na bolsa de apostas, o candidato à reeleição para a presidência da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP)-AL) não terá candidatura única. Os deputados Marcel van Hattem (Novo-RS) e Chico Alencar (PSOL-RJ) lançaram na terça-feira (31), suas candidaturas ao cargo, com aval de seus respectivos partidos. A eleição ocorre nesta quarta-feira (1º), em sessão preparatória para a posse dos novos deputados convocada para 10h.

De perfil ideológico praticamente opostos, os dois deputados são considerados experientes e atuantes e criticam a unanimidade em torno de Lira. “É a continuidade do fisiologismo, do atropelamento do regimento e asfixia dos partidos pequenos”, criticou Alencar.

Estiveram presentes ao lançamento da candidatura do dep. fed. Marcel van Hattem (Novo-RS) à presidência da Câmara, os deputados eleitos Deltan Dallagnol (Podemos-PR) e Mauricio Marcon (Podemos-RS), além da próxima líder do Novo na Casa, Adriana Ventura (Novo-SP)

Ao lançar sua candidatura, o deputado federal Marcel van Hattem afirmou que o seu nome está posto como uma “alternativa ao governo petista, ao bolsonarista e ao esquerdismo mais radical, do PSOL”.

“Algumas das pautas anticorrupção ficaram de lado no último mandato. Estamos oferecendo o meu nome para ser esta alternativa. Não se trata de uma candidatura partidária, mas sim um movimento que tenta trazer parlamentares que corroboram com o nosso pensamento”.

O candidato do Novo recebeu o apoio de Deltan Dallagnol (Podemos-PR), ex-procurador federal coordenador da Operação Lava-Jato e que se elegeu deputado federal mais votados do Paraná em 2022.

“Marcel representa valores cristãos e o combate à corrupção. Precisamos ter uma candidatura à direita, conservadora, que apoia valores liberais. Existia esta lacuna. Ele encontra lugar nos meus sonhos de um país mais solidário”, declarou Dallagnol.

Marcel van Hattem afirmou que espera receber os votos de parlamentares que não compactuam com o apoio de seus partidos a Lira. Ele acredita que o fato de o voto ser secreto facilitará eventuais “traições” que o beneficiem na disputa.

“Trabalhávamos para apoiar uma eventual candidatura do deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP)). Mas, como não foi à frente, conto com os votos daqueles que defendiam esta ideia. Queremos o maior número de apoios possível”, pediu o candidato.

Dep. Fed. Chico Alencar (PSOL-RJ) e correligionários, lança sua candidatura à presidência da Câmara em coletiva à imprensa

PSOL lança Chico Alencar
O programa de Chico Alencar à presidência da Câmara também foi lançado em coletiva de imprensa na terça-feira (31) e um dos pontos centrais da campanha é o mote “sem anistia”.

O PSOL, legenda que representa a esquerda ultrarradical, foi oposição à gestão de Arthur Lira, que a sigla acusa de ter utilizado o orçamento secreto como barganha de poder e mudanças limitadoras no regimento interno. Lira foi um dos principais aliados do ex-presidente Bolsonaro (PL).

“Um Lira empoderado, com quase 500 votos, representaria um Centrão fortalecido como nunca, e uma chantagem permanente sobre Lula. Além de vida mansa para parlamentares que apoiaram a tentativa de golpe e escudo para Bolsonaro”, ressalta Alencar.

“É preciso livrar a Câmara dos Deputados tanto dos golpistas que pedem o voto para tramar contra o Parlamento, quanto dos que querem mais e mais poder para fazer o Executivo refém de seus interesses oligárquicos e corporativos”, prossegue.

Chico Alencar tem 73 anos, é professor de História, mestre e doutorando em Educação e tem 35 livros publicados. Foi eleito em outubro para seu quinto mandato como deputado federal. Oriundo dos movimentos sociais, acumula mais de 30 anos de experiência na política institucional, tendo sido candidato à presidência da Câmara dos Deputados em 2011, 2013 e 2015, sem sucesso.

Para que um candidato seja eleito em primeiro turno para presidir a Câmara dos Deputados, são necessários 257 dos 513 votos, ou seja, maioria simples.

Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.