FPA e FPE orientam membros para derrubar vetos aos marco temporal e fiscal

Sessão conjunta do Congresso Nacional será a última do ano e foi convocada para esta quinta-feira (26)
Conjunta destinada à deliberação de Vetos Presidenciais e Projetos de Lei do Congresso Nacional

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Os coordenadores da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e do Empreendedorismo (FPE), deputados Joaquim Passarinho (PL-PA) e Pedro Lupion (PP-PR), respectivamente, mobilizam, desde o final de semana, os membros dos colegiados no sentido de derrubarem os vetos do presidente Lula aos projetos de Lei do Marco Temporal das Terras Indígenas e do Marco Fiscal, ambos aprovados nas duas Casas do legislativo federal.

O tamanho dos dois colegiados é considerável. A FPA conta em seus quadros com 303 deputados federais e 50 senadores. Já a FPE tem em suas fileiras 205 deputados e 46 senadores.

A derrubada de vetos presidenciais ocorre durante sessões conjuntas do Congresso Nacional, nas quais todos os 513 deputados e 81 senadores precisam votar a matéria. Para derrubar um veto, é necessária a maioria absoluta, ou seja, 257 deputados e 41 senadores devem apoiar a medida, computados separadamente. Caso qualquer uma das casas não alcance o número necessário de votos, o veto é mantido.

A ministra do Planejamento Simone Tebet esq.), ao lado do coordenador da FPE, dep. Joaquim Passarinho (dir.), participou de reunião a convite do colegiado para discutir o PL do Marco Fiscal, conhecido como arcabouço fiscal

Marco Fiscal

Coordenador da FPE, o deputado Joaquim Passarinho, se disse surpreso com os vetos do presidente Lula ao PL do Marco Fiscal, uma vez que o texto da regra fiscal foi construído junto à equipe econômica do governo. Ele criticou a escolha pelo veto e ao consultar o colegiado, a maioria optou por derrubar os vetos.

“O arcabouço veio do governo federal e foi construído pelo relator em acordo com a economia. E eles vetaram trechos que dava o mínimo de controle ao gasto público”, disse ao comentar a orientação.

Lula vetou dois trechos: um dispositivo que impede a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de excluir despesas da apuração da meta de resultado primário e um que determina a contenção de investimentos quando houver contingenciamento por observação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

“Há duas amarras para segurar o gasto, e eles vetam, indicando que poderiam tirar alguns tipos de despesas do cômputo geral que o arcabouço permitiu. Este veto só favorece o descontrole das contas públicas”, completou Passarinho.

Vale destacar que há parlamentares na Frente que fazem parte da base do governo — inclusive treze do PT. A orientação não significa que os deputados e senadores defenderam a causa.

Presidente da FPA, dep. Pedro Lupion (centro, consulta colegiado sobre os vetos do presidente Lula ao PL do Marco Temporal da Terras Indígenas

Marco temporal das terras indígenas

Na semana passada, após reunião da FPA, o colegiado anunciou seu compromisso de trabalhar para derrubar os vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao chamado ‘’marco temporal’’. O Congresso aprovou o projeto de lei estabelecendo que a data de 5 de outubro de 1988, quando a Constituição foi promulgada, seria o limite para o reconhecimento dos direitos de demarcação de terras ocupadas por indígenas no Brasil. Lula optou por vetar essa medida.

A ação é vista como uma demonstração de força do Legislativo, especialmente em um momento em que o Congresso já enfrenta tensões com o Poder Judiciário, em particular o Supremo Tribunal Federal (STF), sobretudo no Senado. O STF considerou o marco temporal inconstitucional.
A FPA divulgou um comunicado no final da tarde da última sexta-feira (20), afirmando que pretende derrubar o veto durante a sessão do Congresso Nacional e que tenha votos suficientes para fazê-lo. A bancada agrária enfatizou que a decisão dos dois Plenários é soberana e deve ser respeitada pelos demais Poderes da República, respeitando as atribuições definidas na Constituição Federal.

* Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.