O caso da morte da comerciária Ana Karina, grávida de nove meses e desaparecida em 10 de maio depois de sair de casa para se encontrar com Alessandro Camilo, suposto pai do filho que estava esperando, pode estar intrinsecamente ligado ao inquérito que tenta desvendar a morte do delegado André Albuquerque, diretor da 20ª Seccional de Polícia Civil de Parauapebas e responsável pelo inquérito entregue à Justiça.
Responsável pela prisão de Alessandro Camilo, réu confesso da morte da comerciária, o falecido delegado dispensou uma boa parte do seu tempo nas buscas pela elucidação do caso.
Com a prisão de Florentino de Souza Rodrigues, o Minêgo, arbitrária para alguns, o delegado André conseguiu montar um quebra-cabeças que envolvia Grasiela Barros, Magrão e Alessandro Camilo, estes dois últimos transferidos para carceragem em Belém junto com Minêgo.
Segundo depoimento prestado por Minêgo no início do mês às autoridades do Centro de Recuperação Penitenciário do Pará III, na capital, o acusado teria relatado alguns acontecimentos que vinculariam a morte do delegado a Alessandro Camilo. Minêgo deixa entender no depoimento que, em conversa mantida com o detento de nome Rodrigão, recém-foragido da penitenciária e companheiro de cela de Alessandro e com o qual Alessandro teria efetivado, na prisão, contrato com o único objetivo de dar fim ao Promotor de Justiça responsável pelo caso Ana Karina, Dr. Januário Constâncio e ao delegado André Albuquerque, já executado. Minêgo conta que Rodrigão, antes de fugir da casa penal, teria lhe perguntado se Alessandro “teria como cumprir acordo com ele lá fora pois iria para Parauapebas, que conhecia bem, para resolver uns negócios para ele”. O depoente relata ainda que assim que soube da morte do delegado André, Alessandro teria “vibrado de alegria”.
Este depoimento foi encaminhado ao Promotor de Justiça, Dr. Januário Constâncio, que o protocolou na Vara Penal de Parauapebas para que fosse anexado aos autos que investigam a morte de Ana Karina
Boatos dão conta, ainda, de alguns bilhetes emitidos por Minêgo e enviados para amigos de Parauapebas. Neles, Minêgo tenta passar sua preocupação com o estado transtornado de inconformidade de Alessandro com os fatos após sua prisão, e com a perseguição que estaria sofrendo por parte das autoridades citadas e até de algumas pessoas alheias ao processo que estariam de alguma forma ajudando a família de Ana Karina e consequentemente prejudicando Alessandro. Segundo Minêgo relata nos bilhetes, Alessandro aparenta em suas ações e conversas um enorme rancor e desejo de vingança.
Algumas ponderações devem ser feitas para que este fato não seja mais um, de tantos outros, que tiveram como objetivo único protelar os trâmites processuais do caso Ana Carina:
– As declarações de Minêgo são verdadeiras?
– Alessandro estaria mesmo disposto a dar cabo da vida de duas autoridades do poder judiciário e seria tão inocente a ponto de combinar com pessoa que conheceu há tão pouco tempo, sem preocupar-se em manter o sigilo sobre o contrato com Rodrigão?
– Este fato não poderia ter sido plantado por pessoas envolvidas na morte do delegado André que poderiam estar usando este depoimento para desviar a Polícia de uma possível rota de colisão com os verdadeiros interessados na morte do delegado?
Cabe a polícia investigar os fatos relatados por Minêgo com a máxima urgência e providenciar para que, se verdadeiros, se faça a justiça, antes que alguma outra fatalidade possa acontecer.
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