Desemprego sobe, e Pará é tragado pela informalidade, mostra IBGE

Estado tem equivalente a 3 cidades do tamanho de Parauapebas entupidas de trabalhadores da iniciativa privada que não têm registro em carteira. Só Maranhão ostenta situação ainda pior

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Nas contas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Pará fechou 2020, ano do início da pandemia de coronavírus, com mais gente desempregada do que começou. Eram 418 mil desocupados no final do ano passado contra 356 mil no final de 2019. É como se, de um ano para outro, o estado mais rico da Região Norte tivesse ganhado uma população inteira do tamanho do que Canaã dos Carajás é hoje só de pessoas sem oportunidade de obter o sustento. Em contrapartida, para quem está no mercado, a renda cresceu tão pouco que quase ninguém percebeu.

As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu, que analisou os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral (PnadC-T) divulgados pelo instituto nesta quarta-feira (10) e referentes ao último trimestre do ano passado. A taxa de desocupação do estado encerrou 2020 em 10,8%, bem acima dos 9,2% do final de 2019.

Para piorar, hoje o Pará é um dos campeões do Brasil no quesito informalidade. Considerando o empregado no setor privado sem carteira de trabalho assinada, o empregado doméstico sem carteira de trabalho assinada, o empregador sem registro no CNPJ, o trabalhador por conta própria sem registro no CNPJ e o trabalhador familiar auxiliar, 59,6% dos atuais trabalhadores ativos do estado vivem na informalidade. Só no Maranhão há mais gente nessas condições — 60,3% dos trabalhadores de lá — que reforçam as condições de subdesenvolvimento de uma sociedade.

É, também, absurdo o número de trabalhadores paraenses empregados no setor privado sem carteira assinada e, portanto, sem vínculo empregatício formal: 48,6%. Nesse quesito, de novo, só o Maranhão supera o Pará, com 51,5% de seus trabalhadores da iniciativa privada trabalhando sem registro. Em números absolutos, o Pará tem 680 mil trabalhadores com carteira assinada no setor privado, sem contar os domésticos, mas 644 mil seguem trabalhando sem registros em carteira, o equivalente a três cidades do tamanho de Parauapebas sem direitos garantidos em lei.

Renda no Pará sobe menos que mínimo

A Pnad detectou que o rendimento médio real habitual de todos os trabalhos do paraense subiu levemente, passando de R$ 1.703 no final de 2019 para R$ 1.735 em 2020, aumento efetivo de R$ 32. A média de rendimento, no entanto, cresceu proporcionalmente menos que o salário mínimo do período, que pulou de R$ 998 para R$ 1.045, apresentando aumento efetivo de R$ 47. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o salário mínimo necessário para viver no Brasil em dezembro do ano passado era R$ 5.304,90. Atualmente, esse mínimo necessário está em R$ 5.375,05, muito longe da realidade do rico — mas subdesenvolvido e desigual — estado do Pará.