Vacinação contra poliomielite tem início e Fachin proíbe pronunciamento de Queiroga

O ativismo judiciário que ameaça a saúde dos brasileiros, acusa governo
Ministério da Saúde está preocupado com baixa proteção vacinal em crianças de 1 a 4 anos

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Brasília – Começou nesta segunda-feira (8) a Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite, coordenada pelo Ministério da Saúde. Essa campanha, que se soma à campanha de atualização da caderneta de vacinação de crianças e adolescentes, ocorre até o dia 9 de setembro e pode ser feita em qualquer posto de vacinação do Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o país. Para garantir a imunização, é necessário apresentar a carteira de vacinação da criança e um documento de identificação

O ministro da Saúde Marcelo Queiroga pretendia fazer um pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão, na noite da última sexta-feira (05) para esclarecer a importância da campanha de vacinação, mas foi barrado pelo ministro e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Edson Fachin. O governo considerou a decisão uma afronta à saúde das crianças em mais um ato claro de ativismo judiciário.

Ministro da Saúde Marcelo Queiroga. Foto: Reprodução

Ao pedir a autorização para o TSE, o titular da Saúde alegou que o pronunciamento seria necessário para informar à sociedade sobre a campanha de imunização contra a doença, sob risco de reintrodução do vírus da poliomielite no território nacional. De acordo com a lei, peças de publicidade institucional são permitidas em período eleitoral apenas “em caso de grave e urgente necessidade pública”, o que não é este caso, no entendimento de Edson Fachin.

Membro do governo que preferem falar no anonimato porque o presidente Bolsonaro ainda não se manifestou. “O ministro enlouqueceu. O que há de mais urgente do que prevenir as crianças contra uma doença terrível como é a poliomielite?”

Segundo o Ministério, 14,3 milhões de crianças devem ser imunizadas contra a poliomielite neste ano. A meta é vacinar 95% das crianças entre 1 e 4 anos de idade, patamar necessário para que a população possa estar protegida da doença. A vacina é indicada para prevenir contra a poliomielite causada pelos vírus dos tipos 1, 2 e 3.

A imunização contra a pólio no Brasil ocorre em cinco etapas. Segundo o Programa Nacional de Imunização (PNI), o ideal é que as três primeiras aplicações sejam feitas via injeção aos 2, 4 e 6 meses de idade da criança.

As duas últimas doses do imunizante são garantidas pela famosa gotinha, aplicada por via oral em crianças de 15 meses de idade e, por fim, aos 4 anos.

Todas as crianças entre 1 e 4 anos de idade que já finalizaram o esquema das três primeiras doses estão aptas para iniciar o reforço com a gotinha, caso ainda não tenham feito.

Poliomielite
A poliomielite, ou paralisia infantil, está oficialmente eliminada do Brasil desde 1994. Entretanto, desde 2015 o país registra quedas nessa cobertura vacinal, chegando somente a 69,9% da imunização do público-alvo no ano passado.

A Organização Panamericana de Saúde (Opas) incluiu o Brasil na lista de países que possuem alto risco de volta da infecção. Outros países são Bolívia, Equador, Guatemala, Haiti, Paraguai, Suriname e Venezuela. A doença foi recentemente diagnosticada em pacientes nos Estados Unidos, Reino Unido, Israel e no Malawi, na África.

Neste ano, epidemiologistas da Fiocruz já realizaram um alerta sobre a possibilidade de reintrodução da doença no Brasil devido à baixa vacinação.

Segundo a Fiocruz, “a poliomielite é uma doença infecto-contagiosa aguda causada pelo poliovírus selvagem responsável por diversas epidemias no Brasil e no mundo. Ela pode provocar desde sintomas como os de um resfriado comum a problemas graves no sistema nervoso, como paralisia irreversível, principalmente em crianças com menos de cinco anos de idade”.

Outras vacinas
O Ministério da Saúde também divulgou que, até o dia 9 de setembro, os 40 mil postos de vacinação presentes em todo o território nacional estão aptos a aplicar as doses das 18 vacinas que compõem o Calendário Nacional de Vacinação da criança e do adolescente.

Entretanto, segundo a pasta, os estados e municípios possuem autonomia para definir outras datas de mobilização, conforme a situação local.

Dentre as vacinas que devem ser atualizadas na caderneta estão as que protegem contra a hepatite A e B, pneumocócica 10 valente, meningocócica C, febre amarela, tríplice viral, tetraviral e HPV quadrivalente.

A aplicação das demais vacinas pode ser feita no mesmo dia da aplicação da vacina contra a covid-19.

Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.