TSE libera registro do União Brasil

A sigla é fruto da fusão do DEM com o PSL
PSL e DEM já estavam organizados nos estados e após a fusão se torna o maior partido do Congresso Nacional

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Brasília – O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) anunciou na terça-feira (8) a certidão de nascimento do União Brasil, resultado da fusão entre PSL e DEM. A nova sigla que terá o número 44 na cédula eleitoral, nasce como o maior partido do Congresso Nacional.

O União Brasil possuiu hoje uma bancada de 81 deputados federais e três senadores. Conta com três governadores (de Rondônia, Goiás e Mato Grosso) e três prefeitos de capital. Outro indicativo que coloca o novo partido entre os gigantes é sua condição financeira. O União Brasil terá à disposição a bagatela de cerca de R$ 800 milhões de fundo eleitoral para a disputa de outubro.

A confirmação do registro foi feita com aprovação por unanimidade por parte dos membros do TSE. O relator do caso, ministro Luiz Edson Fachin, que assume nesta quarta-feira (9) a presidência do TSE. Ele disse que o processo de consolidação do União Brasil “cumpriu os requisitos necessários para a fusão de partidos”.

Fachin também propôs, o que foi aceito pelos demais integrantes da Corte Eleitoral, que os votos recebidos por DEM e PSL na eleição de 2018 sejam somados para serem computados como registros do União Brasil. A votação para a Câmara dos Deputados é o que indica o tamanho do fundo partidário e o tempo de propaganda partidária em cadeias de rádio e TV.

O tamanho atual do União Brasil, porém, não será mantido. O partido deverá passar por um processo de desidratação e, mesmo entre os que continuarão na sigla, há diferentes alas já posicionadas.

No plano nacional, dois caciques dão as cartas, o deputado federal Luciano Bivar (PE), eleito à presidência nacional da legenda, e o ex-prefeito de Salvador (BA), ACM Neto, que será o Secretário-Geral do União Brasil.

O partido tem promovido vários encontros com as demais legendas para se posicionar nas eleições desse ano. Há duas correntes claras: uma apoia o ex-juiz Sergio Moro (Podemos) à presidência da República, e a outra, não abre mão de apoiar a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Para que isso aconteça, é necessário que o partido participe de uma federação partidária com o Podemos ou com o PL, o que está rachando o partido no seu primeiro dia de vida.

Pará
O 44 (União pelo Brasil), nasce no Pará dividido em três correntes lideradas por morubixabas da política paraense. Os deputados federais Celso Sabino (ex-PSL e PSDB), Hélio Leite (ex-DEM) e Nélio Aguiar (ex-DEM), prefeito de Santarém, e num papel discreto, o ex-deputado federal Lira Maia. Ainda não se sabe como será a divisão de poder entre a trinca.

Debandada
A saída em massa ocorrerá por parte dos parlamentares que hoje são filiados ao PSL e alguns do DEM que permanecem como apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. O chefe do Executivo se elegeu pelo partido em 2018 e, no ano seguinte, rompeu com a legenda. As regras de fidelidade partidária impediram que os deputados federais deixassem a agremiação, sob pena de perderem o mandato.

A expectativa é que o PL, partido atual de Bolsonaro, os receba. A relação inclui deputados como Carla Zambelli (SP), Bibo Nunes (RS), Júnio Amaral (MG) e o filho do presidente, Eduardo Bolsonaro (SP). No total, espera-se a saída de cerca de 20 congressistas. Se o número se confirmar o partido sai de 81 parlamentares para 61, e mesmo assim , continuará a ser a maior legenda da Câmara dos Deputados.

Já a divisão entre os membros remanescentes do partido também tem Bolsonaro como um dos seus fatores causadores, ainda que de forma indireta. O União Brasil não terá, a princípio, posição fechada para a eleição presidencial de outubro. A agremiação reunirá lideranças que permanecerão ao lado do presidente, como o governador de Rondônia, Marcos Rocha, e o senador Márcio Bittar (AC); ex-bolsonaristas que se tornaram críticos, como os deputados federais Junior Bozzella (SP) e Luciano Bivar (PE); e lideranças que nunca estiveram formalmente ao lado do presidente, como o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto.

Parte dos que não apoiam Bolsonaro defende que o União esteja ao lado da pré-candidatura do ex-ministro Sergio Moro, atualmente filiado ao Podemos.

“O nome já diz tudo: partido. Se não fosse assim, seria unido. É uma situação complexa, mas acredito que todos os partidos têm enfrentado essa dificuldade”, minimiza o deputado Bozzella. O deputado é um dos líderes da corrente do partido que defende o apoio a Moro. O parlamentar disse estar empenhado não apenas em ser aliado da candidatura, mas em trazer Moro ao União Brasil. O ex-ministro se filiou ao Podemos em novembro.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), costura o apoio dos dissidentes do PSL e do DEM que apoiam o presidente Bolsonaro e que preferem ficar no União Brasil, a influir na cúpula do partido para a criação de uma federação com o União Brasil para a reeleição do presidente. As conversas se intensificaram no início do ano.

Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.