Transporte puxa alta da inflação no Pará em abril, diz IBGE

IPCA acumulado em 4 meses está em 3,34% para população paraense, cujo rendimento médio é de R$ 1.727; em estados mais ricos que Pará, como SP, RJ e GO, inflação não chega a 3%.

Continua depois da publicidade

Apesar de ter crescido menos que a média nacional, a inflação no Pará, que tem a medição realizada em Belém como referência, não deu trégua em abril. E subiu. Os gastos com transportes foram os maiores responsáveis pela mordida ainda maior no orçamento da população, que, no entanto, não vê os proventos dispararem a contento — servidores públicos, por exemplo, estão com salários congelados até 31 de dezembro deste ano por força de lei complementar federal. No Pará, a prévia da inflação aponta alta de 0,39% este mês.

As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu, que analisou dados divulgados nesta terça-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15). A média da inflação de abril no país foi de 0,6%. Belém apresentou o menor crescimento nacional este mês, regenerando-se da mais alta taxa de inflação do Brasil — 1,49% — registrada em março.

No acumulado deste ano, a inflação do Pará (3,34%) é maior que a do país (2,82%). Em 2021, viver em Belém está mais caro que viver em Goiânia (2,77%), Rio de Janeiro (2,62%) e São Paulo (2,24%). No entanto, o rendimento médio do trabalhador do Pará é de R$ 1.727, ao passo que em Goiás (R$ 2.235), em São Paulo (R$ 3.078) e em Rio de Janeiro (R$ 3.096) os ganhos são consideravelmente superiores. Em linhas gerais, ganha-se menos e paga-se mais por itens básicos no Pará.

Comida, transporte e aluguel sufocam

O transporte pesa sem parar no bolso do paraense. A alta no preço médio do serviço foi de 1,24% e, no acumulado do ano, de 6,23%. Se continuar crescendo nesse ritmo, a população do Pará poderá encerrar o ano gastando quase R$ 19 a mais para cada R$ 100 desembolsados. Além disso, nos últimos três anos, os gastos com transportes da população paraense, que consomem 18,24% do orçamento, ultrapassaram as despesas com aluguéis, que representam atualmente 15,59%.

O aumento nos transportes foi puxado pelo galope no preço dos combustíveis, que encareceram a circulação de veículos automotores. O preço nas refinarias é repassado ao consumidor, que sente mais os efeitos colaterais da alta.

Já os gastos com comida e bebida se mantiveram estáveis, com alta leve de 0,01%. Eles consomem 27,56% do orçamento das famílias paraenses. As despesas com saúde e cuidados pessoais também avançaram 0,7%, enquanto as compras de artigos de residência ficaram 0,8% mais caras. Os únicos itens que apresentaram queda nos preços em abril foram os de comunicação (-0,6%), vestuário (-0,09%) e despesas pessoais (-0,01%).