Sucessão de erros

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20151209_165332Levanto cedo e ligo a TV. Nos noticiários três assuntos predominam a linha editorial dos programas jornalísticos: o impeachment da presidente Dilma Rousseff; a formação da Comissão que vai analisar o pedido de cassação do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e a famigerada carta do vice-presidente Temer encaminhada à presidente Dilma.

Discursos inflamados, trocas de cabeçadas, quebra de urnas de votação, protelação de prazos… uma anarquia generalizada onde deveria prevalecer a ética, o bom senso e, acima de tudo o dever e a responsabilidade cívica outorgada aos nobres deputados pelo povo. Foi o que se viu durante o dia de ontem na Câmara dos Deputados. Uma luta entre pares pelo direito de fazer parte de uma comissão?

O que se viu, na realidade, foi a busca por interesses, os mais escusos, é claro!

Sem generalizar, já que ali existem pessoas realmente preocupadas com o modo como esse país está sendo conduzido (não me peçam pra nominá-los), é uma vergonha o que está acontecendo com o nosso Congresso Nacional. Senador preso e tantos outros (ainda soltos) envolvidos em maracutaias na Petrobras; discussões prolixas com o único intuito de dilatar as sessões para que menos deputados usem a palavra, sessões adiadas ou marcadas para o mesmo horário… uma vergonha, diria Boris Casoy. 

Enquanto isso, o PIB brasileiro é “Pibinho”, a inflação passa dos dois dígitos, a economia vive de pedaladas fiscais, e os investimentos beiram a zero.

Quanto à carta do vice, pouco a se falar. Errou ele, que deveria marcar uma audiência com D. Dilma pra ter com ela um “tête-à-tête” onde expressaria suas mágoas engasgadas na garganta há tempos. Errou D. Dilma, que em tom de deboche e carregado de ironia declarou elogios ao vice, provocando-o a se manifestar. Errou novamente a presidente quando deixou vazar uma carta pessoal e sigilosa, expondo, para muitos, o vice ao ridículo.

Essa novela está apenas começando, e não terá um final feliz pra ninguém. Entre golpe e aplicação da Constituição (cada um que chame como convier à sua ideologia), quem perde é o povo, que lembrando Almirante Barroso, cobra: “o Brasil espera que cada um cumpra o seu dever”.