Rodovias que cortam o Pará entre as piores do Brasil

Ligação de Marabá a Dom Eliseu é a 3ª pior do país e a que parte de Belém e vai até Guaraí (TO) é 5ª pior. Estado tem o equivalente a ir de Belém a Brasília em trechos ruins e péssimos.

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O trecho de 215 quilômetros de rodovia federal (BR-222) entre Marabá e Dom Eliseu é o 3º pior do país. A avaliação foi divulgada ontem (22) pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), que lançou a “Pesquisa CNT de Rodovias 2019”. O Blog do Zé Dudu analisou os resultados expressos num relatório de 238 páginas e constatou que há, ainda, outro trecho que cruza o Pará entre os piores — na verdade o 5º pior: é a ligação que vai de Belém, capital paraense, até a cidade de Guaraí, no estado do Tocantins.

A ligação que vai de Marabá a Dom Eliseu corta quatro municípios e, nas últimas edições do levantamento da CNT, sempre revezava com outros trechos pela inglória posição de pior do país. Nesta 23ª edição da pesquisa, o trecho paraense da BR-222 só não foi pior que a ligação entre Natividade (TO) e Barreiras (BA), considerada a mais precária do Brasil, e que o trecho entre Jataí e Piranhas, no estado de Goiás. Ainda assim, passou perto.

O motivo pelo qual as estradas paraenses vão de mal a pior é sempre o mesmo: problemas no pavimento, na sinalização e na geometria das vias. Esse conjunto de deficiências eleva o custo operacional do transporte. E, lamentavelmente, traz muito prejuízos ao Pará, que é frequentemente desprezado por caminhoneiros, pelas condições de sua malha rodoviária. Na avaliação da CNT sobre o Pará, fatores como sinalização e geometria impactaram na qualidade muito mais que a qualidade do asfalto.

Pará tem 4ª pior situação no geral

Apenas 17,6% dos 3.966 quilômetros de trechos rodoviários investigados pela Confederação Nacional do Transporte no Pará estão em boas condições. A extensão das rodovias boas é, segundo a CNT, de 698 quilômetros, o equivalente a ir de Curionópolis a Belém só em estrada considerada “tapete”. As estradas com nível ótimo são apenas 2,1% do total, ou 82 quilômetros, o correspondente a ir da portaria de acesso a Carajás, em Parauapebas, à curva do S, em Eldorado do Carajás. É um trecho muito curto de rodovias de excelência num estado quase continental.

Não por acaso, entre as 27 Unidades da Federação, o Pará detém a 4ª pior malha, atrás apenas dos companheiros nortistas Amazonas, Acre e Amapá, onde a situação das rodovias, de acordo com o levantamento, é ainda pior. As estradas em condição regular são a maioria: 1.473 quilômetros ou 37,1% do total pesquisado pela CNT. É a mesma distância entre Parauapebas e Goiânia (GO).

Já as rodovias em situação ruim somam 1.399 quilômetros, o correspondente a 35,3% do total. É como percorrer de Marabá a Brasília em estradas que não oferecem condições ideais de trafegabilidade — mas tudo isso dentro do Pará. Mas a pior parte da viagem no relatório da CNT, a de trechos péssimos, corresponde a 314 quilômetros, ou 7,9% do total. É como ir de Parauapebas a Redenção num embarque de filme de terror, sob as condições mais letais possíveis.

Em resposta a matéria, a secretaria do governo do estado publicou em seu site que:

Todas as sete rodovias paraenses citadas na 23ª edição da Pesquisa CNT de Rodovias, divulgada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) e pelo Sest Senat, na última terça-feira (22), estão em obras de reconstrução, conservação, manutenção ou fazem parte do projeto que prevê a concessão de cerca de 600 quilômetros de vias para a iniciativa privada. Os serviços são realizados pela Secretaria de Estado de Transportes (Setran).

Segundo o titular da Setran, Pádua Andrade, o diagnóstico sobre o estado de conservação das rodovias foi feito no início do governo, em janeiro deste ano, e detectou problemas que vão além das PAs-150, 151, 252, 287, 447, 475 e 483 (Alça Viária), vias citadas na pesquisa. Pádua afirma que quase 53% das rodovias paraenses não estão pavimentadas e, daquelas com pavimento, 20% estão em estado de conservação ruim/péssimo.

“A partir do diagnóstico, foi elaborado um planejamento estratégico para melhorar a qualidade das rodovias estaduais, que prioriza os corredores de escoamento da produção, áreas com grande quantidade populacional. Nosso objetivo é tentar minimizar os efeitos negativos de quase 20 anos de déficit de investimento na malha estradal”, explicou Pádua Andrade.

Atualmente, a Setran atua em 82 frentes de trabalho em todas as rodovias PAs, o dobro de equipes existentes no ano passado, em um esforço do governo do Estado para melhorar as condições de trafegabilidade das rodovias paraenses.

Novo cenário

A PA-252 está sendo pavimentada, com previsão de entrega nos próximos meses. Estão sendo reconstruídos 76 quilômetros de extensão da rodovia nos trechos da Perna Sul à Vila de Castanhandeua, no Acará; e entre a Vila de Castanhandeua e a PA-475, já no município de Moju. A PA-252, que é uma via alternativa para quem acessa as regiões sul e sudeste no Pará, tem sido bastante demandada desde abril deste ano, quando umas das pontes da Alça Viária (rio Moju) foi derrubada por uma embarcação clandestina.

A PA-150 começou a ser reconstruída na última segunda-feira (15). Os trabalhos desta contratação serão estendidos por 164 km, dos 332 km que compõem a via. Os demais 166 do trecho de Moju a Goianésia do Pará, que estão em melhor estado, recebem serviços de conservação. Na obra, de mais de R$ 75 milhões, serão executadas limpeza das pistas e acostamentos, restauração, reconstrução, conservação e manutenção do pavimento, além de tratamento do sistema de drenagem. A rodovia receberá ainda nova sinalização.

A Setran instalou também na PA-150 a primeira balança de pesagem dinâmica por eixos. O equipamento foi implantado no quilômetro 122. Fixado no lado esquerdo da rodovia, sentido Tailândia-Moju, o sistema móvel de pesagem tem capacidade para funcionar 24 horas por dia, sete dias da semana.

O funcionamento da balança será monitorado pela Secretaria de Transportes, em parceria com a Secretaria de Estado de Fazenda (Sefa). O sistema está apto a efetuar a pesagem dinâmica de todos os veículos de carga em velocidade mínima de 6 km/h, com a capacidade de até 150 veículos por hora.

Na PA-287, seis pontes estão sendo construídas. A via passou por manutenção em julho deste ano, quando recebeu operação tapa-buraco e reposição de sinalização horizontal de um trecho de 100 km. A rodovia dá acesso a Redenção, Conceição do Araguaia e as outras cidades do sul do Pará.

Na PA-151, já foram iniciados os serviços de conservação na última sexta-feira (18), e também está sendo construída uma ponte sobre o rio Meruu, uma antiga reivindicação da população do Baixo Tocantins.

A PA-483 (Alça Viária) passa por manutenções periódicas, incluindo três de suas quatro pontes (Guamá, Acará e Moju). A Rio Moju está com seu vão central sendo reconstruído desde abril deste ano.

Além das obras de conservação, as PA-150 e 483, inclusive o complexo de quatro pontes, fazem parte do projeto de concessão para a iniciativa privada, cujo estudo está sendo realizado para beneficiar cerca de 600 quilômetros de rodovias, entre elas, também a PA-475.

3 comentários em “Rodovias que cortam o Pará entre as piores do Brasil

  1. Pingback: Dnit vai contratar "gato" para cuidar da piorzinha do Norte - ZÉ DUDU

  2. Beto Ferrari Responder

    Desde 2010 é assim. E não vai mudar daqui para frente. Parabéns ao blog que foi o único veículo do estado a informar sobre o levantamento e denunciar a calamidade pública da malha viária paraense.

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