Produção da Vale em Parauapebas despenca quase 10% este ano

Resultado apresentado ao mercado financeiro veio em linha com análises do Blog do Zé Dudu, segundo as quais 2022 crava a menor produção física de minério de ferro dos últimos dez anos

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A produção física de minério de ferro na Serra Norte de Carajás, dentro do território municipal de Parauapebas, caiu 9,9% de janeiro a setembro deste ano no comparativo com o mesmo período do ano passado. Quem atesta é a mineradora multinacional Vale, por meio de seu recém-lançado relatório de produção referente ao terceiro trimestre e examinado pelo Blog do Zé Dudu. 

O balanço é uma espécie de termômetro capaz de mexer com a economia e as finanças de Parauapebas, já que as contas públicas locais gravitam em torno do desempenho operacional da Vale e das vendas de minério que ela extrai da Serra Norte. Menos minério de ferro produzido tem relação quase direta com encolhimento dos royalties de mineração, que são, hoje, a principal receita do município. E os royalties minguam ainda mais se a cotação do minério estiver em baixa no mercado internacional.

O dado ruim está em linha com publicações do Blog que vêm apontando a queda brusca da atividade da Vale em Parauapebas. Segundo a mineradora, o conjunto das minas de Serra Norte (mais a mina de Serra Leste, em Curionópolis) rendeu 75,81 milhões de toneladas de minério este ano, ante 84,18 milhões de toneladas no ano passado.

Na semana passada, o Blog do Zé Dudu revelou que o embarque para o estrangeiro do minério de ferro de Parauapebas este ano atingiu o menor volume desde 2012 (relembre aqui). Atualmente, a commodity está abaixo de 100 dólares — e chegou a 93,75 dólares no início da semana, o menor valor em 11 meses.

Licenciamento de novas minas

De acordo com a Vale, que retira e vende o ferro de Parauapebas, o desempenho da produção na Serra Norte foi impactado principalmente pela menor disponibilidade de minério lavrado em razão de processos de licenciamento mais lentos que o esperado. A mineradora tenta abrir novas minas em Parauapebas, uma vez que as jazidas que explora atualmente — e que são, de longe, as mais volumosas em termos de minério de ferro — estão em estado avançado de exaustão, com mais ou menos uma década e meia de vida útil no atual pique de extração da empresa.

Em Canaã dos Carajás, a produção de minério também caiu no recorte anual de comparação. Em nove meses, a mina de S11D rendeu 50,65 milhões de toneladas, enquanto saíram dela no ano passado 54,64 milhões de toneladas. A Vale observa que, para efeito de comparação anual, a movimentação de S11D foi relativamente estável, porém a necessidade de processar mais estéril resultou em pior relação entre estéril e minério e, por conseguinte, menor produção efetiva de minério de ferro.