De cada 100 eleitores paraenses, pelo menos 5 não sabem escrever o próprio nome. De um total de 5,48 milhões de votantes, conforme dados consolidados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com referência a julho deste ano, 311 mil são analfabetos. As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que compilou os dados oficiais disponibilizados na última sexta-feira (23) pelo TSE.
Os eleitores homens analfabetos são maioria (165,9 mil). Eles superam as mulheres (145,1 mil) em mais de 20 mil indivíduos. Na outra ponta, as mulheres com nível superior completo ganham de lavada, com 100 mil de diferença. Elas são 252,3 mil com diploma universitário, enquanto eles são 152,3 mil.
No geral, há mais eleitores do sexo feminino (2,79 milhões) que masculino no estado (2,69 milhões), uma tendência que também reflete o recorte populacional. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Pará encerrou o primeiro semestre de 2019 com 8,55 milhões de habitantes, sendo 4,24 milhões de homens e 4,31 milhões de mulheres. As únicas Unidades da Federação em que ainda hoje há mais homens que mulheres são, de acordo com o IBGE, Roraima, Mato Grosso e Tocantins.
Municípios mais populosos
O Blog do Zé Dudu ampliou o recorte da amostra de eleitorado por nível de instrução para os 18 municípios do estado com mais de 100 mil habitantes. Proporcionalmente, a situação mais crítica é a do município de Breves, onde 16,39% dos 69,3 mil eleitores são analfabetos — é tanta gente que daria para montar uma cidade do tamanho de Curionópolis só com pessoas com mais de 16 anos que não sabem ler e escrever.
A situação do analfabetismo entre o eleitorado é, também, um reflexo do desenvolvimento humano ruim alcançado pelo Pará e seus municípios ao longo dos anos. Ineficientes, as políticas públicas na área de educação não conseguem chegar a toda a população, por meio de programas exemplares de alfabetização de jovens e adultos, promovendo letramento, cidadania e dignidade.
Em Breves, além de 11,4 mil analfabetos, há outras 10,4 mil pessoas que até sabem ler e escrever o próprio nome, mas sem registro formal de escolaridade. É a situação mais grave do estado em termos de números absolutos e a realidade não vai mudar se não houver medidas concretas de erradicação do analfabetismo. A realidade de Breves hoje é praticamente a mesma de dez anos atrás, quando o TSE contabilizou cerca de 9,6 mil eleitores analfabetos, o correspondente a 19,72% dos 48,5 mil eleitores de 2009.
Os municípios com os mais baixos percentuais de eleitorado analfabeto são Belém (0,72%) e Ananindeua (0,79%), que não chegam a 1%. Em outras cidades importantes do estado, como Santarém (2,52%), Marabá (5,5%), Parauapebas (2,47%) e Castanhal (2,5%), as taxas de analfabetismo entre os eleitores são mais amenas. Em São Félix do Xingu (9,99%), Itaituba (9,83%) e Tailândia (9,75%), os índices são elevados e próximos a 10%.