Pará pode sediar COP30 em 2025, se atendida a reivindicação de Helder Barbalho

Lula vai propor à ONU que o Brasil sedie a próxima conferência climática
Ao centro, Lula e Helder na COP27

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Brasília – O Pará poderá sediar a próxima Conferência do Clima da ONU — a COP30. O pedido foi oficializado ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pelo governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), que se comprometeu em indicar a sede da nova reunião internacional sobre o clima em 2025.

O pedido para que a 30ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) seja na Amazônia e, mais especificamente, no Pará, foi acolhido por Lula, por razões políticas internas do Brasil. É que o governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), embora seja membro do Consórcio Interestadual da Amazônia Legal e a capital Manaus possua melhor infraestrutura para receber o evento internacional, apoiou o presidente Jair Bolsonaro (PL) na disputa à presidência, nas eleições deste ano.

Lula não disse se será no Pará a cidade indicada, mas tudo leva a crer que este foi o acordo com o governador do estado, que se empenhou de corpo e alma para a eleição de Lula.

O presidente eleito disse, durante seu primeiro pronunciamento na COP27: “Vamos falar com o secretário-geral da ONU [Organização das Nações Unidas, António Guterres] e vamos pedir que a COP de 2025 seja feita no Brasil, na Amazônia”.

“Acho muito importante que as pessoas que defendem a Amazônia, que defendem o clima, conheçam de perto o que é aquela região, para que as pessoas possam discutir a Amazônia a partir de uma realidade concreta e não apenas a partir de uma cultura através de leitura,” disse. Lula amenizou a disputa interna e falou que tanto o estado do Pará quanto o do Amazonas estão aptos a receber a conferência internacional.

O governador Helder Barbalho destacou que o compromisso do presidente eleito com a questão ambiental ficou evidente com o fato de sua primeira agenda pública internacional envolver diretamente o tema. “Sua presença aqui é um gesto que leva o Brasil novamente ao patamar do protagonismo da agenda ambiental e da agenda climática. Acima de tudo, eleva o Brasil novamente à capacidade de ter interlocução e falar ao mundo. Esse é um ativo que colaborará para que o Brasil encontre soluções e encontre uma sociedade melhor e mais justa,” acrescentou.

Convívio democrático

Lula disse que conversará com governadores e prefeitos para que governem em comum acordo. Segundo ele, o Brasil voltará a conviver democraticamente com seus representantes, independentemente de partidos políticos e visões religiosas.

“Para acabar com a fome, com a miséria, com o processo de degradação que as florestas estão vivendo, com o sofrimento dos nossos indígenas, nós vamos ter de conversar muito e trabalhar juntos para que o Brasil seja motivo de orgulho ao mundo e não motivo de desespero como é hoje,” conclamou.

O combate ao desmatamento ilegal e o cuidado aos povos indígenas serão muito fortes durante seu governo, anunciou o presidente eleito. Para Lula, as riquezas da Amazônia devem ser exploradas, mas mantendo a floresta de pé, mesma opinião do governador Helder Barbalho, para quem projetos em bioeconomia podem salvar a Amazônia.

“Se a Amazônia tem a importância que todos vocês e os cientistas dizem ter, nós não temos de medir nenhum esforço para que a gente consiga convencer as pessoas de que uma árvore em pé, uma árvore viva, serve mais do que uma árvore derrubada sem nenhum critério, sem nenhuma necessidade,” disse Lula.

O prefeito e a parceria com o governo federal

Para o presidente eleito, é preciso garantir recursos, de forma a ajudar as prefeituras a melhor desenvolverem um trabalho de base. “A gente não vai evitar queimada se a gente não tiver o compromisso dos prefeitos. É o prefeito que está na cidade; que sabe de quem é a terra; e que sabe onde começou [o fogo]. Não adianta ficar discutindo de Brasília. É importante pactuar e saber que os prefeitos vão ter recursos para que a gente possa cobrar deles alguma coisa,” completou.

Lula viajou para a COP27 a convite do presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sissi. Foi também convidado para integrar a comitiva do consórcio de governadores da Amazônia Legal. “Não poderia ter sido convite mais representativo do que um convite feito pelos governadores da Amazônia,” disse ele.

Encontros

Nesta quinta-feira (17), Lula tem encontros com representantes da sociedade civil, grupos indígenas e com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres. Na sexta-feira (18), viaja para Portugal onde fará escala, já no retorno ao Brasil.

Por Val-André Mutran – de Brasília