Orçamento de órgãos de Parauapebas é maior que receita de cidades inteiras; compare

Pastas como Segov e Prosap tiveram projeção importante no governo Darci e fizeram Obras, Urbanismo e até Assistência Social sucumbirem, do ponto de vista orçamentário-financeiro. Em 2023, até Câmara terá orçamento superior ao de 2.600 prefeituras espalhadas por todo o Brasil

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Um levantamento inédito realizado pelo Blog do Zé Dudu neste sábado (28) revela que diversos órgãos públicos do município de Parauapebas têm tanto mas tanto orçamento para gastar ao longo de 2023 que conseguem superar até mesmo a arrecadação de um ano inteiro da maioria das prefeituras do Brasil. Trezes desses órgãos vibram com orçamento autorizado superior a R$ 50 milhões, um montante que 15 prefeituras paraenses não conseguem ajuntar em 365 dias.

A pesquisa do Blog, que vincula unidades orçamentárias afins a um órgão-mãe, não leva em conta emendas parlamentares, que podem inchar ainda mais o orçamento de algumas secretarias. Sem segredos, a pasta que teoricamente tem mais orçamento e, portanto, é a mais rica é a Secretaria Municipal de Educação (Semed), com R$ 625,61 milhões, o que é praticamente a mesma arrecadação líquida do ano inteiro do município de Castanhal, um dos mais importantes do Pará e onde vivem, segundo a prévia do censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 200 mil pessoas.

Se a Semed de Parauapebas fosse uma prefeitura, estaria tranquilamente entre as 250 mais ricas do Brasil, em meio a 5.568 governos municipais. Para ilustrar, além de praticamente movimentar tanto dinheiro em um ano quanto Castanhal, a secretaria deixa para trás municípios ricos e famosos em seus respectivos estados, como o sojícola Sorriso (MT), o comercial Caxias (MA), o industrial Brusque (SC), o agromineral Catalão (GO), o turístico Ilhéus (BA), o vinícola Bento Gonçalves (RS) ou o paradisíaco Armação de Búzios (RJ). A arrecadação nessas localidades gira entre R$ 560 milhões e R$ 610 milhões, logo, nada páreo para o poder de fogo da Semed.

A Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) não fica atrás. Sozinha, ela se basta, com orçamento superior ao faturamento de 5.100 prefeituras. A Semsa vai ter mais dinheiro este ano que Votuporanga (SP), Eunápolis (BA), Caldas Novas (GO), Ponta Porã (MS), Camaragibe (PE), São Pedro da Aldeia (RJ), Arapongas (PR) e Uruguaiana (RS), por exemplo.

Inclusive, a título de curiosidade, a prefeitura do município de onde provém o titular da Semsa, o secretário Gilberto Laranjeiras, é muito “mais pobre” que a pasta que Gilberto comanda. Ele é de Maragogi (AL), atualmente um dos mais procurados destinos turísticos do Brasil, e a prefeitura local de lá arrecada em um ano R$ 200,29 milhões, menos da metade do que Laranjeiras terá à disposição para tocar o Sistema Único de Saúde (SUS) de Parauapebas.

Ricas também são as secretarias de Governo (mais até que 4.800 prefeituras brasileiras), de Obras, Urbanismo, Assistência Social, Fazenda, Segurança Institucional, Esporte e Lazer — e isso quase todo mundo já está careca de saber. A novidade é que o Programa de Saneamento Ambiental de Parauapebas (Prosap) “chegou chegando” e botou para atrás antigos medalhões do orçamento do Poder Executivo da Capital do Minério.

Os “bufunfentos”

Este ano, o Prosap terá na carteira R$ 200 milhões para chamar de seu, orçamento equivalente, como já demonstrado, ao do badaladíssimo município de Maragogi, bem como ao de Porangatu (GO) e ao do paraense Xinguara, uma das principais praças pecuaristas da Amazônia. É mais até que o dobro do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saaep), que tem orçamento de R$ 88,26 milhões, caçamba de dinheiro do tamanho da arrecadação inteira de Soure, na ilha do Marajó, um dos municípios mais cercados por água do Brasil.

O Gabinete do prefeito Darci Lermen, por seu turno, terá para comandar R$ 78,26 milhões, mais recursos que 3.500 prefeituras brasileiras, que ralam, porém não conseguem ajuntar esse valor em um ano. No Pará, aliás, tem muitos lugares que não arrecadam esse tanto: Belterra, Mojuí dos Campos, Cumaru do Norte, Santa Luzia do Pará, São Caetano de Odivelas, entre dezenas de outros.

E não menos importante, a Câmara de Parauapebas, com seus R$ 60 milhões para gerenciar em 2023, terá em mãos mais “bufunfa” que 2.600 municípios. Senador La Rocque (MA), Japurá (AM), Xexéu (PE), Timbau (RN), Retirolândia (BA) ou mesmo São João do Araguaia, aqui no Pará, não conseguem ver tanto dinheiro em conta que o Poder Legislativo da Capital do Minério.

A título de informação, a Câmara de Parauapebas está entre os 50 legislativos municipais com mais milhões para gastar este ano, bem acima até de parlamentos com mais vereadores, como Ananindeua, Santarém, Marabá, Imperatriz (MA) e Palmas (TO). Confira o orçamento autorizado para 2023 dos 13 órgãos públicos mais bem-sucedidos de Parauapebas e a equivalência dos montantes em prefeituras paraenses!

16 comentários em “Orçamento de órgãos de Parauapebas é maior que receita de cidades inteiras; compare

  1. Vasconcelos Responder

    nunca mais nos degustamos com reportagens bem editadas como esta , cheia de pesquisa e curiosidade sobre os 35 anos de nosso pebinha ….. o blog so tem assunto de acessoria nas ultimas semanas ….

  2. Anônimo Responder

    Uma cidade tão rica em recursos minerais e arrecadação municipal. Que não e o espelho da cidade pobre sem asfalto saneamento básico, sem saúde. Uma população que se contenta com migalhas.

  3. Nanci da Silva Tamioso Responder

    Sou moradora de SP ,um amigo nosso tá internado no HGP,precisou pedir pra alguém ir na farmácia comprar remédio, gases,esparadrapo e até um xarope pra tosse,estou horrorizada com o descaso numa cidade que arrecada tanto dinheiro

  4. Elimar Dias Responder

    n sei se elogio o site pela reportagem ou se xingo o governo mediocre desta cidade pelo descaso com o povo e a infraestrutura. alo dr Mauro socorrei – nos de tantos milhoes em descaso!

  5. Naiara Responder

    Uau!! Parabéns pelo artigo!! Uma pena que o orçamento não condiz com a realidade de todos os munícipes…

  6. Eduardo Responder

    Excelente reportagem!!! Texto muito bem apresentado e didático. Fez lembrar os velhos tempos da revista Época!!! Mais uma matéria deste site que dá gosto de ler. Parabéns!!!

  7. Vasconcelos Responder

    Fonte inesgotável de roubos e falcatruas… enquanto isso a cidade assiste o ‘complexo turístico’ ao lado da Pa e os turistas tem a disposição rios de esgoto correndo a céu aberto, um sistema de saúde que se ele adoecer nem vai encontrar medicamento e ruas cheias de buraco e com sinalização confusa e precária pra trafegar. Viva o teatro dos horrores!!!

  8. zé tavares Responder

    Perguntar não ofende: pra onde ta indo todo esse dinheiro??? sera que td ta sendo gasto naquela pracinha em frente a Pa que chamam de complexo turistico??? me compre um bode!!!

  9. Lúcio Responder

    Fonte inesgotável de superfaturamento de contratos. Como diria o comentarista Boris Casoy “isto é uma vergonha”.

  10. Divaldo Viana Responder

    putz receita monstruosa, mas a cidade e uma vergonha, com o esgoto a ceu aberto e o asfalto de farinha………. parabens pelo belo artigo!

      • Alex Martins Responder

        Para onde vai todo esse dinheiro essa cidade era para ser modelo em tudo na Amazônia mas aqui no Brasil todos nós sabemos para onde vai a maior parte desse dinheiro para o bolso dos políticos corruptos infelizmente.

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