Obstetra desfaz polêmica sobre cesariana após morte de parturiente em Marabá

Família pede esclarecimentos, Câmara fará reunião de emergência e CRM e MP são acionados para apurar o caso

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Obstetra e diretor do Hospital Materno Infantil (HMI), em Marabá, o médico Fábio Oliveira Costa precisou de uma entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira, 7, para esclarecer alguns fatos relacionados à morte de Simone de Souza Nascimento, ocorrida no dia 4 deste mês de janeiro, naquela casa de saúde, durante o parto.

O fato ganhou as redes sociais rapidamente e foi apimentado com um vídeo gravado pelo médico e ex-secretário municipal de Saúde, Nagib Mutran Neto, no qual afirma categoricamente que a morte da paciente foi “o maior dos absurdos e um erro médico sem precedentes”.

Mutran evocou uma máxima em obstetrícia que diz que “a paciente que teve uma cesárea, os partos subsequentes têm de ser todos cesáreos” e no máximo três.

Nagib alegou que os médicos de plantão no HMI têm preguiça de levar pacientes para a sala de cirurgia para realizar parto cesáreo. Eles, os médicos, acabam dando remédio para que as mulheres tenham filhos de forma natural, segundo o ex-secretário. “Quando fui secretário de Saúde combati essa prática e eles pararam”.

Fábio Costa começou a entrevista explicando que Simone deu entrada no HMI por volta de 19 horas de quinta-feira, 4, quando foi avaliada e constatado que estava com idade gestacional de 40 semanas e cinco dias, ou seja, quase extrapolando o chamado limite de segurança. “Como ela tinha uma cesárea anterior, não poderia ser induzida ao parto e foi internada para realizar cesariana. Porém, como tinha se alimentado corria o risco de vômito, bronco-aspiração e pneumonia química e alimentar. Foi orientado para que ficasse em jejum e no dia seguinte fosse realizado o parto”, conta o diretor técnico do HMM.

Porém, na madrugada, por volta de 4h24, ela entrou em trabalho de parto espontaneamente. “Algumas pessoas dizem que após uma cesárea, sempre deve ser feita cesárea. Essa é uma frase de um médico, que foi dita em 1819. Mas atualmente há consenso na Sociedade Brasileira de Obstetrícia e também na Sociedade Americana de Pediatria, em que se permite normalmente um parto por via normal após uma cesariana, já que o risco de ruptura uterina é apenas 0,5%, similar à que nunca teve cesariana”, diz o diretor.

Ainda segundo o diretor do Hospital, após o nascimento do bebê, o útero de Simone não contraiu para parar o sangramento, como estava previsto. Foram realizadas contrações, conforme protocolos estabelecidos no Hospital Materno Infantil, com várias drogas, mas ela continuou sangrando. “Foi solicitado sangue ao Hemocentro para reposição e infundidas soluções para compensação e tentar estabilizar a pressão para realização de cirurgia de emergência. Antes de entrar na sala de cirurgia ela sofreu uma parada cardíaca e evoluiu a óbito”.

O diretor clínico garantiu que em nenhum momento houve negligência por parte da equipe médica do hospital e a paciente nunca ficou sozinha.

Questionado por que o corpo de Simone Nascimento não foi levado ao IML (Instituto Médico Legal) para investigação das causas de sua morte, o médico argumentou que esse pedido deveria partir da própria família e que o hospital não tem legitimidade para fazer isso. “O Ministério Público Estadual e a Polícia Civil também poderiam fazer esse pedido. Temos todo interesse em deixar as coisas claras”, sustentou.

A Secretária Municipal de Saúde, Dármina Duarte Leão Santos, diante das denúncias de familiares de que houve negligência médica no atendimento à paciente, informou o caso ao MP e ao Conselho Regional de Medicina, mostrando que formou comissão de sindicância e apuração da existência da suposta negligência médica. A Comissão de Ética do próprio HMI tem 15 dias para apresentar um relatório sobre o caso.

Ouvido pela Reportagem do Blog, Edivaldo Sanches Furtado, viúvo de Simone Nascimento, disse que a perda da esposa o deixou muito abalado e que espera que o caso seja apurado com rigor pelas autoridades. Ele garantiu que a esposa havia feito o pré-natal no Crismu, na Folha 33, próximo de onde moravam. “Se houve negligência, esperamos que os culpados sejam punidos severamente”, desabafou.

A filha recém-nascida, que está bem de saúde, recebeu o nome de Ana Sofia, que havia sido dado pela mãe antes do parto.

 Nesta terça-feira, dia 8, a partir de 9 horas, Comissão de Saúde da Câmara Municipal de Marabá fará reunião de emergência para discutir a morte da paciente e o protocolo seguido pela equipe médica. “Precisamos esclarecer o que aconteceu e evitar que esse tipo de fatalidade volte a acontecer em nossa maternidade”, diz o presidente Pedro Corrêa.

Ulisses Pompeu – de Marabá

4 comentários em “Obstetra desfaz polêmica sobre cesariana após morte de parturiente em Marabá

  1. Janne Responder

    Minha filha sofreu muito com os médicos induzindo ela ter normal e sendo que foi sezariana e quase perco ela é minha Netinha primeiro filho já passou por tudo isso só tiraram depois que não tinha mas líquido a bebê naseu toda rochinha mas graças a Deus deu tudo certo .essas gestantes sofre muito cm a espera da boa vontade do Médico ir ver las minha filha ficou três dias lá com dor

  2. Cristiane Sousa Cacimirio Responder

    Fiz minha cesárea no Materno Infantil, foi maravilhoso, se eu tivesse outra gravidez com certeza iria novamente!! Porem, é importante q seja avaliada a situação e no caso de erro humano, q seja feito justiça!!

  3. paula silva Responder

    Não é a primeira e nem será a ultima que morre neste materno por descaso medico. O mais absurdo são os medicos cobrarem consultas e cirurgias realizadas no materno infantil. caso de policia;

    • Leiliane souza Responder

      Fiz meu cesariana no materno fui muito bem atendida mes de Janeiro vou ganha bebe la

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