Na esteira do minério de Carajás, Vale lucra mais de R$ 15 bilhões

Faturamento dela em três meses é suficiente para pagar todas as contas do Governo do Pará por sete meses e meio. Municípios de Parauapebas e Canaã já produzem mais que MG inteiro.

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Nem mesmo a pandemia do novo coronavírus foi capaz de frear a volúpia da mineradora multinacional Vale por bons resultados. Escorada na farta produção de minério de ferro saído dos municípios de Parauapebas e Canaã dos Carajás, a maior produtora global de commodity de elevada pureza registrou lucro líquido de R$ 15,615 bilhões no terceiro trimestre deste ano. As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu, que analisou o Relatório Financeiro com o desempenho da mineradora no terceiro trimestre deste ano anunciado ontem (28) pela empresa.

Entre julho e setembro, a Vale lucrou um montante suficiente para pagar as contas de todo o Governo do Pará durante sete meses e meio. Foram pelo menos R$ 10 bilhões a mais que o lucro registrado no segundo trimestre deste ano, de R$ 5,289 bilhões. E, também, R$ 9 bilhões acima dos R$ 6,5 bilhões registrados no terceiro trimestre do ano passado. Tudo isso é movido tanto pela fartura na produção física quanto pela valorização da tonelada do minério de ferro no mercado internacional, que beneficiou sobremaneira o produto extraído no Pará.

Mas esse lucro tem um nome específico: Carajás. Enquanto a Vale já extraiu nessa região paraense R$ 47,1 bilhões em recursos minerais este ano, de acordo com dados da Agência Nacional de Mineração (ANM), em Minas Gerais, nascedouro da multinacional, foram apenas R$ 9,7 bilhões até o momento. Em confronto direto, Carajás é quase cinco vezes mais significativo para a Vale, do ponto de vista da produção, que Minas.

As maiores fontes de produção da Vale na região são Parauapebas, com contribuição de R$ 23,35 bilhões até o momento; Canaã dos Carajás, com R$ 18,96 bilhões; e Marabá, R$ 4,73 bilhões. Parauapebas e Canaã respondem pela maior produção de minério de ferro de alto teor do globo, enquanto Marabá é líder na produção nacional de cobre em concentrado.

Ampliação de S11D em preparativos iniciais

A Vale relembrou em seu Relatório Financeiro ter aprovado, em agosto, o Projeto Serra Sul 120 Mtpa, investimento de 1,5 bilhão de dólares com start-up previsto para 2024, incluindo novas frentes de lavra no município de Canaã dos Carajás, duplicação da correia transportadora de longa distância, novas linhas de processamento e a ampliação das áreas de estocagem. Apesar da nomenclatura ainda meio estranha, ele nada mais senão a ampliação de produção do atual projeto S11D, cuja capacidade nominal atual é de 90 milhões de toneladas por ano (Mtpa), e a Vale quer que seja ampliada para 120 Mtpa.

A empresa informou ao mercado que o Serra Sul 120 Mtpa está em fase inicial, tendo iniciados os processos de fornecimento de equipamentos e serviços. Ainda não houve desembolso para esse projeto, o qual, conforme a mineradora, “trará flexibilidade para as operações da Vale do Sistema Norte e agregará importantes elementos para a redução de riscos operacionais”.