MP entra com ação de improbidade em Marabá por compra de medicamentos sem licitação

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Por Ulisses Pompeu – de Marabá

O Ministério Público Estadual (MPE) ingressou com uma Ação Cível Pública de Improbidade Administrativa na última semana contra o prefeito de Marabá, Maurino Magalhães, e a então secretária municipal de Saúde, Joelma Fernandes Sarmento, por entender que ambos são responsáveis por compra irregular de medicamentos, material de limpeza hospitalar, fios cirúrgicos e insumos de nutrição e outros para o almoxarifado da Secretaria Municipal de Saúde, no valor de R$ 1.917.602,00.

Os contratos foram todos firmados com em 25 de março de 2010 sem a devida concorrência pública com Briute Comércio Importação e Exportação Ltda (R$ 1.311.076,00), Retentor Comércio Representações Ltda (R$492.026,34) e Brasfarma Comércio de Medicamentos Ltda (R$ 114.500,00).

A denúncia foi levada ao Ministério Público pelo vereador Edivaldo Santos, que anexou o resumo publicado no Diário Oficial do Estado do dia 30 de março de 2010, citando que a administração municipal justificou a dispensa de licitação no artigo 24 da Lei de Licitações (8.666/93), que prevê nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares. Edivaldo disse à época que não tinha conhecimento sobre nenhum destes transtornos que acarretaria na compra de quase R$ 2 milhões de medicamentos sem a devida licitação.

O processo iniciou quando Joelma Sarmento enviou ofício ao prefeito Maurino relatando as dificuldades pelas quais a SMS estaria enfrentando por falta de medicamentos, materiais hospitalares e outros insumos para os hospitais e centros de saúde. “Para agravar a situação, no último dia 12 de março o então secretário de saúde pediu exoneração do cargo, juntamente com outros servidores, como o diretor do Hospital Municipal, coordenador médico do SAMU, justamente pela falta de medicamentos e pelas precárias condições de trabalho”, diz trecho do ofício enviado por Joelma.

Em outro trecho, ela informa ao gestor que “a situação está alarmante, pois conforme informação obtida junto à Comissão de Licitação da Prefeitura, os processos que objetivavam a compra de medicamentos não serão concluídos em menos de 60 dias, esperar tal prazo é colocar a vida da população em risco. Diante disso, solicitamos, em caráter de máxima urgência o atendimento das necessidades de medicamentos…sob pena de não o fazendo estar pondo a vida em risco, a integridade e a saúde do marabaense”.

Em seu despacho, o prefeito Maurino Magalhães autorizou a instauração de processo de contratação à Comissão Permanente de Licitação, determinando a máxima prioridade na tramitação do processo, encaminhando párea parecer jurídico e para certificação acerca da existência de dotação financeira e orçamentária.

Ao analisar o processo de dispensa de licitação, a Procuradoria do Município também referendou a compra dos produtos e medicamentos de forma urgente, observando que “a saúde do município poderia entrar em colapso”.

Todos os processos de dispensa de licitação e contratos com as empresas foram encaminhados para a Câmara Técnica do Ministério Público, em Belém, para análise jurídica e contábil. Na resposta à 1ª Promotoria de Justiça Cível de Marabá, os técnicos informaram que referente às demonstrações financeiras, balanço patrimonial, demonstração de resultado e índices econômicos não se visualiza nenhuma irregularidade. No que tange aos preços todos também estavam regulares. No entanto, quanto à modalidade de aquisição, compra direta não tinha razão de ser feita.

Em trecho do relatório, a Câmara Técnica observa que “tendo em vista que os incidentes políticos mencionados no memorando provocador da compra, não traria ao município a urgência e emergência que justificasse adquirir por dispensa um valor de R$ 1.917.602,34. O gestor municipal de Marabá teve todo o exercício de 2009 e até fevereiro de 2010 para planejar suas atividades, principalmente em ações de saúde. No que pese o brilhante parecer jurídico, não se enquadra o comportamento da Prefeitura de Marabá, que só ocorreu por falta de planejamento, ou por vislumbrar a facilidade de comprar sem licitação”.

A promotora Mayanna Silva de Souza Queiroz pediu à Justiça a condenação do prefeito Maurino, da ex-secretária Joelma Sarmento e das empresas envolvidas por improbidade administrativa, por terem praticado prejuízo ao erário e violação dos princípios da administração pública, além de ressarcimento dos danos causados aos cofres do município, devidamente atualizados. Ela também pediu a perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio; perda da função pública; e suspensão dos direitos políticos; além de pagamento de multa civil.

O chefe de Gabinete da Prefeitura de Marabá, Dacivan Ramos, justificou que Maurino não deverá se pronunciar sobre o caso até que seja notificado e tenha conhecimento formal do teor da Ação Cível Pública impetrada pelo Ministério Público.

Também procurada, Joelma Sarmento fez a mesma justificativa, dizendo que estava sabendo sobre a Ação do MPE pelo Jornal e que iria esperar ser notificada para ler o teor da denúncia e poder defender-se.

2 comentários em “MP entra com ação de improbidade em Marabá por compra de medicamentos sem licitação

  1. Domingos Hypolito Neto Responder

    uma excelente opcao para levar agua potavel para as populacoes carentes ou atingidas por calamidades é o Lifestraw, purificador de água suiço que nao necessita de pilhas nem peças sobressalentes e purifica 18.000 litros de agua vinda de açudes, cisternas, poços, córregos, etc, ao custo de aprox 1 centavo por litro !… os governantes precisam saber disso !… é a solucao adotada em varios paises do mundo !

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