Minério de ferro atinge pico dos picos e passa de 200 dólares; veja impactos para o Pará

Produto de Carajás com teor de 65% bateu 234,70 dólares em Qingdao hoje, com bônus de 11 dólares a cada 1%. Traduzindo: vêm (muito) mais royalties para Parauapebas, Canaã e Pará.

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Esta quinta-feira (6) é histórica para o mercado do minério de ferro. O principal produto do momento da balança comercial brasileira cravou 201,88 dólares por tonelada no porto de Qingdao, na China. É o maior valor de todos os tempos. O Blog do Zé Dudu checou a informação divulgada mais cedo pelo jornal “Valor Econômico” diretamente no site da consultoria britânica Fastmarkets, do grupo Euromoney.

Essa cotação é para o minério com teor de pureza de 62%, que é o produto de referência do mercado. O minério paraense, por tocar facilmente 65% de pureza, tem valorização superior para cada degrau de 1% acima do teor de referência. O Blog descobriu que o produto de Carajás, com teor médio de 65%, bateu 234,70 dólares em Qingdao hoje, com bônus de 10,94 dólares por tonelada.

Os impactos de tudo isso serão demais proveitosos, do ponto de vista financeiro, para os municípios mineradores de ferro e para os cofres do estado do Pará. Isso porque 3,5% do faturamento bruto da multinacional Vale sobre o minério de ferro vão retornar ao caixa das administrações para compensar a extração da commodity. Com o preço mais alto, a compensação, também chamada de royalty, sobe.

Mais royalties

As prefeituras de Parauapebas e Canaã dos Carajás são as maiores beneficiárias e não vão precisar mover uma palha porque o ritmo da extração depende exclusivamente da atividade da Vale, enquanto a variação do preço fica por conta da intensidade da demanda da China, que não para de aumentar. A única “preocupação” dos gestores será com quê gastar a dinheirama.

Se o minério se mantivesse acima de 200 dólares por tonelada durante um mês, considerando-se o atual patamar de produção, sobraria para a Prefeitura de Parauapebas algo em torno de R$ 210 milhões em royalties de mineração. Já a administração de Canaã dos Carajás embolsaria R$ 150 milhões.

O efeito cascata se estenderia ao caixa do Governo do Pará, que fica com 15% de tudo o que é produzido em Parauapebas e em Canaã, em termos de mineração. Só este ano, em cinco meses, o Governo do Pará já contabiliza R$ 74,43 milhões em royalties oriundos de Canaã e R$ 105,33 milhões derivados de Parauapebas. Num cenário de minério a 200 dólares durante todo o mês, a média mensal de contribuição de Canaã ao Pará saltaria de R$ 15 milhões para R$ 25 milhões, enquanto a contribuição de Parauapebas pularia dos atuais R$ 21 milhões para R$ 35 milhões.

O frenesi no mercado deve continuar, embora seja difícil a possibilidade de manter-se acima de 200 dólares. Segundo analistas de mercado, no segundo e terceiro trimestres a cotação média da tonelada deve ficar em 185 dólares, descendo a 160 nos últimos quatro meses do ano. As projeções para 2022 apontam preço no patamar de 125 dólares. Até que isso aconteça, contudo, o minério de ferro terá assumido a ponta das exportações brasileiras como a commodity mais valiosa, depois de ultrapassar a soja. A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) projeta receita com exportações de minério este ano 60% maior que no ano passado. E todos os holofotes se voltam a Carajás