Mercado acredita que reunião do Copom inicie ciclo de cortes da taxa Selic

Reunião dos membros do comitê monetário do Banco Central inicia nesta terça-feira (1º), mas decisão só sai na quarta-feira (2)
Há motivos de sobra para a divisão e a incerteza no mercado sobre o resultado da reunião do Copom de quarta-feira (2/8)

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A rodada de dois dias de reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central que terá início nesta terça-feira, 1º de agosto, definirá aos agentes econômicos, apenas na quarta-feira (2/8), se a autoridade financeira nacional e inicia ou não o ciclo de flexibilização monetária a partir do primeiro corte da taxa anual de juros (Selic) dos atuais 13,75%, que pode ser reduzido entre 0,25 ou 0,50%.

O início de um é certo, mas a magnitude do ajuste a ser promovido pelo colegiado é um ponto que divide os agentes, que também não indicam consenso em relação à votação do Copom e à comunicação do colegiado. Para alguns, é possível que a decisão seja unânime, mas uma ala no mercado espera dissenso com a chegada de novos diretores ao comitê.

O arrefecimento de preços somado a sinalizações mais positivas no âmbito fiscal, com a aprovação do arcabouço fiscal — ainda não concluído no Congresso Nacional —, no primeiro semestre do ano, e à queda do preço das commodities no mercado global criou um ambiente favorável para que o BC possa finalmente reduzir a taxa de juros brasileira. A projeção do Boletim Focus é que o Selic encerre o ano em 12,0%, o que significaria um corte total de 1,75 ponto percentual ao longo do semestre.

Um levantamento conduzido entre os dias 25 e 28 de julho por um jornal financeiro, com 128 instituições financeiras e consultorias, 82 casas (ou 64,6% do total) projetam uma redução de 0,25 ponto percentual na Selic, que já a começa a se despedir dos 13,75% após quase um ano nesse nível. Já a aposta em uma queda de 0,5 ponto na taxa básica de juros é defendida por 44 casas (ou 34,6% do total).

O consenso nas expectativas dos economistas para a Selic difere do que está precificado no mercado. As opções digitais para a decisão de quarta-feira indicavam, no fechamento de sexta-feira, 55% de possibilidade de uma redução de 0,5 ponto e 42% de probabilidade de um corte de 0,25 ponto.

Há motivos de sobra para a divisão e a incerteza no mercado sobre o resultado da reunião do Copom de quarta-feira. A chegada dos diretores Gabriel Galípolo e Aílton Aquino ao comitê, indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) adiciona imprevisibilidade, ao mesmo tempo em que o cenário econômico sanciona o tom de dúvidas dos agentes.

Por um lado, houve uma evolução favorável na dinâmica inflacionária, com os preços correntes em trajetória mais branda e redução no grau de desancoragem das expectativas de médio e longo prazo. Além disso, sinais de enfraquecimento da atividade se acumularam e os prêmios de risco do Brasil sofreram redução adicional nas últimas semanas. Por outro lado, a força do mercado de trabalho e a dinâmica da inflação de serviços ainda geram dúvidas, ao mesmo tempo em que a comunicação do BC indicou parcimônia nos cortes.

Se as expectativas do mercado foram correspondidas, o Copom optará pela 1ª redução de juros no País desde agosto de 2020 e o corte deve ser de 0,25%.

Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.