Helder pode aderir a grupo de governadores que vai à COP-26

Reunião hoje em Manaus define os planos do grupo diante do imobilismo do governo federal
Helder Barbalho (Pará) declarou recentemente que recursos para ações de proteção ao meio ambiente são insuficientes devido o tamanho do estado

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Brasília – A um mês da abertura da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021 (COP-26), em Glasgow, acontece nesta segunda-feira (4), em Manaus (AM), reunião dos governadores Renato  Casagrande (PSB), Wilson Lima (PSC), governador do Amazonas, e Waldez Góes (PDT), do Amapá, quando será discutido a participação dos Estados da Amazônia Legal na COP-26, em um evento promovido pela coalizão dos governadores, pelo CBC e pelo Instituto Clima e Sociedade (ICS). Não consta na agenda do governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), participação no evento, mas a reportagem entrou em contato com sua assessoria e aguarda resposta.

Atualmente, as transações no Brasil com esses créditos ocorrem no chamado mercado voluntário. Haveria, portanto, potencial no País para explorar a economia de baixo carbono com a venda desses créditos no exterior a partir da regulação do mercado. É justamente sobre as normas para esse mercado — regulado pelo artigo 6.º do Acordo de Paris — que deve ocorrer a maior parte das discussões na COP-26 envolvendo o governo Bolsonaro e outros países.

No evento em Manaus, o vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM) e o governador do Amapá, Waldez Góes, serão os mediadores do debate que articula para aprovar na Câmara o projeto de lei do deputado Marcelo Ramos (PL-AM) que cria no Brasil um mercado regulado de carbono. Pelo projeto, seriam criados um sistema de compensação de emissões de gases de efeito estufa e o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE), com base na Política Nacional sobre Mudança do Clima.

Helder Barbalho declarou recentemente que apesar dos esforços que tem empreendido na sua gestão, os recursos para a proteção do meio ambiente num estado com dimensões continentais como o Pará, são insuficientes diante de tantos problemas, como o desmatamento, garimpos ilegais e grilagem de terras.

Renato Casagrande (Espírito Santo) coordena coalizão de governadores pelo clima

Coalizão

Está em curso, a formação de uma coalizão dos governadores pelo clima, que reúne 25 chefes de Executivos estaduais, pela primeira vez uma dezena deles está se articulando para ir à COP-26. A estimativa é do coordenador da coalizão, o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB).

Esta será a primeira vez que os governadores vão compor uma comitiva desse tipo. Entre os que pretendem comparecer à conferência estão, segundo Casagrande, João Doria (São Paulo), Eduardo Leite (Rio Grande do Sul) e Paulo Câmara (Pernambuco). Em agosto, os governadores haviam participado de um encontro com o presidente da COP-26, Alok Sharma. Em julho, se encontraram com o enviado especial dos Estados Unidos para o clima, John Kerry.

 “Eram apenas sete no encontro com o Kerry. O movimento cresceu”, disse o diretor executivo do Centro Brasil no Clima (CBC), Guilherme Syrkis, que trabalha com a coalizão. O objetivo dos governadores é “reforçar o compromisso subnacional com a pauta ambiental”. Eles também estão criando um consórcio nacional, chamado Brasil Verde, que deve ser responsável pela governança de um fundo de inovação que receberá recursos internacionais para financiar projetos contra mudanças climáticas.

Casagrande disse esperar que, em um mês, esteja pronta a minuta do protocolo que deve ser aprovado pelas Assembleias Legislativas para a criação do consórcio nacional. Ele estima a adesão de 14 a 15 Estados de imediato. “Outros virão depois.”

Obstáculo

A um mês da conferência, o único obstáculo que preocupava os governadores caiu hoje: a quarentena de cinco dias que o governo do Reino Unido impunha ao visitantes de outros países, mas, segundo reportagem publicada nesta segunda pelo diário britânico The Telegraph (confira aqui em inglês), o governo não mais exigirá dos integrantes vacinados das delegações brasileiras — tanto as dos entes estaduais quanto as das organizações não governamentais uma quarentena ao desembarcar no Reino Unido. Quem não tomou a vacina deveria, pelas regras anteriores, cumprir dez dias de quarentena. “O Ibaneis (Rocha, governador do Distrito Federal) está tratando com o Itamaraty sobre a quarentena”, afirmou o governador do Espírito Santo, mas a medida, ao que parece, agora não é mais necessária.

Imobilismo do governo federal

Há outros receios em jogo na COP-26, as mais esgarçadas partem de ONGs que criticam o histórico da passagem do presidente Jair Bolsonaro na convenção da ONU — pelo menos quatro integrantes de sua comitiva contraíram covid — influencie o governo britânico a manter as restrições aos brasileiros. Há a expectativa de que o governo britânico permita aos brasileiros vacinados a dispensa da quarentena. A decisão definitiva do governo britânico deve ser tomada na quinta-feira (7).

Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.