Frentes Parlamentares do Meio Ambiente e da Agricultura são relançadas

Membros tentarão aprofundar diálogo, para a promoção da melhoria da produtividade do agro e da agricultura familiar
Relançamento da Frente Ambientalista. Na foto, da esquerda para a direita, a Diretora de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro. Presidente do Conselho Diretor do IDS, Ricardo Young. Dep. Nilto Tatto (PT-SP). Presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho. Secretário executivo (nº 2 da pasta) do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco. Senadora, Eliziane Gama

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Brasília – Um paradoxo persiste há décadas e coloca em lados antagônicos a Frente Parlamentar do Meio Ambiente e a Frente Parlamentar da Agricultura, esta última o maior colegiado do Congresso Nacional. Em busca de aprofundar o diálogo na busca de pontos de interesses comuns com o objetivo de promover a melhoria da produtividade do agro, da agricultura familiar e da necessária preservação racional dos recursos naturais do país, deputados membros dos dois colegiados buscam menos atritos e mais avanços para as pautas que tangenciam os dois setores, considerados uma das molas propulsoras do desenvolvimento econômico, segurança alimentar e bem-estar social no país.

Início das ações do 16º ano de atuação da Frente Ambientalista. Dep. Nilto Tatto (PT-SP). Presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho. Secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco

É com essa agenda, mas sem cada lado deixar de defender suas convicções e interesses, que a Frente Parlamentar do Meio Ambiente foi relançada em cerimônia na quarta-feira, 1º, e a Frente Parlamentar da Agricultura será relançada na próxima terça-feira (7).

Os deputados Nilto Tatto (PT-SP) e Airton Faleiro (PT-PA) foram empossados como membros da frente ambientalista

Nesse entendimento inicial proporcionado pelo início da nova legislatura (57ª), os novos coordenadores das frentes parlamentares Ambientalista e da Agropecuária anunciam a pauta mais imediata das duas frentes. Com destaque para as mudanças na Esplanada que dividiram o Ministério da Agricultura e Pecuária e a recente tragédia climática que provocou mortes no litoral norte de São Paulo.

O espaço do evento lotou com a reinstalação da Frente Ambientalista

Pauta prioritária

O vice-presidente da Frente Parlamentar Agropecuária, deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), adiantou para o Blog que a frente vai buscar reverter duas medidas do novo governo: a transferência da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) do Ministério da Agricultura para o do Desenvolvimento Agrário; e a absorção do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e do Plano de Regularização Ambiental pelo Ministério do Meio Ambiente. “Nós sempre consideramos que áreas ligadas ao agro devem estar aglutinadas no mesmo esforço”, defende.

Arnaldo Jardim defendeu que áreas do governo ligadas ao agronegócio permaneçam na mesma pasta

Sobre a Conab, Arnaldo Jardim destacou ainda a importância estratégica do órgão para o setor. “A Conab é a verdadeira central de inteligência do agro. É ali que se projetam os cenários de safra futura”, afirmou.

Nilto Tatto afirmou que Frente Ambientalista quer evitar flexibilização do licenciamento ambiental

Já o coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, deputado Nilto Tatto (PT-SP), defende uma perspectiva agroecológica na produção de alimentos. “Na própria política de reforma agrária para enfrentar a inflação e a fome”, destacou.Para Tatto, o desafio do setor é preservar os biomas com o objetivo de minimizar os efeitos das mudanças climáticas. “Vamos trabalhar para que o governo avance na demarcação das terras indígenas, nos territórios quilombolas e comunidades extrativistas. Na criação de unidades de conservação, na perspectiva do cuidado, da biodiversidade”, revelou.No Congresso, a frente vai buscar, segundo Nilto Tatto, barrar o Projeto de Lei (PL nº 3.729/2004), cuja urgência de tramitação foi aprovada na Câmara, mas com a mudança do comando da gestão federal, o entendimento agora é que há chance da base de apoio do governo derrubar a matéria. O PL é um dos grandes pontos de discórdia entre as frentes do ambientalismo e da agropecuária.

O PL nº 3.729/2004 promove a revisão do licenciamento ambiental. Nilto Tatto reconhece a necessidade de atualizar a legislação, mas não da forma prevista no projeto. “Não pode ser aquele projeto porque ele vai flexibilizar mais e, portanto, colocar mais gente em situação de risco, causando mortes como a gente assistiu agora no litoral norte (SP)”.

A advogada e ex-deputada Joenia Wapichana foi nomeada para presidir a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai)

Outra proposta criticada pela frente ambientalista é o PL nº 191/2020, sobre regulamentação da mineração em terras indígenas. A matéria também teve o regime de urgência aprovado na Câmara e foi rejeitado o requerimento de suspensão de tramitação do projeto apresentado pela então deputada Joenia Wapichana (Rede-RR), que não foi reeleita, mas foi nomeada presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.