Fazendo justiça?

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O país amanheceu hoje com o sentimento de que a impunidade prevaleceu ontem no julgamento no STF. Normal a população assim se sentir, já que a maioria da imprensa brasileira prefere usar do sensacionalismo com a única intenção de ganhar alguns pontos a mais no Ibope.

O que aconteceu ontem no plenário do STF foi nada menos que a repercussão da imagem da justiça brasileira, feita para quem pode pagar caros advogados e para quem tem paciência para recorrer, recorrer e recorrer. Protelar é a palavra de ordem nas salas de aula espalhadas pelas milhares de faculdades Brasil a fora.

Quero crer que todos os denunciados envolvidos no mensalão irão, um dia, responder por seus crimes na cadeia. Mas, e isso é primordial, é preciso que se esgotem todos os recursos a eles concedidos pela justiça para que se faça justiça.

Não se pode aplicar a lei tendo um olho no processo e outro no que é publicado pela mídia. Juízes, Desembargadores e Ministros devem ter a consciência tranquila para dirimir entre o que é certo e o que é errado sem que a voz rouca das ruas ou a voz tendenciosa da mídia altere suas opiniões.

Colocar todos os que cometem crimes na cadeia deve ser o objetivo de quem tem a obrigação de fazer justiça. Conceder a estes o amplo direito de defesa faz parte da justiça.

Hoje o sentimento de impunidade prevalece. Políticos e politiqueiros que deveriam usar dos cargos para construir algo bom para a sociedade surrupiaram alguns milhões de reais, praticaram tráfico de influência e manipularam resultados no Congresso Nacional, comprando votos dos que deveriam representar o povo. Isso é crime e a justiça deverá punir, exemplarmente, todos os envolvidos.

Enquanto isso não ocorre, nós, eleitores, ainda teremos a chance de fazer nosso papel de ministros do STF elegendo em 2014 congressistas que não irão se vender à politiqueiros interessados em seus próprios umbigos. Ontem, durante seu pronunciamento no plenário do STF, o ministro Celso de Mello deixou claro que o Congresso Nacional teve a chance de legislar sobre os embargos infringentes e não o fez. Não o fez porque é mais fácil jogar a culpa nos outros em certas situações nas quais o dever de fazer deveria ser nosso.

Hoje, no Pará, o acusado de mantar matar a missionária Dorothy Stang será novamente julgando por um Tribunal do Júri. Isso se deu porque o STF fez valer a justiça ao réu, que foi patrocinado por um advogado sem tempo de ler o processo no primeiro julgamento. Bida, o réu, teve um julgamento justo à época? Não! Acredito ser ele culpado e o Tribunal do Júri deve ratificar isso hoje. Todavia era necessário que o inescrupuloso, sanguinário, boçal mandante tivesse direito a um julgamento com as mesmas chances de outros criminosos para que a justiça seja feita. Se condenado, não poderá o réu alegar cerceamento de defesa, o que geraria recursos e mais recursos e mais recursos, findando com a prescrição do crime.

Nas eleições de 2012 o hoje senador Jader Barbalho teve seus direitos violados em um primeiro momento e posteriormente corrigidos pelo STF. Tenho sérias restrições ao modus operandi político do nobre senador paraense, mas sempre defendi que o cargo deveria ser dado a ele. Primeiro em virtude da maciça votação que teve. Em segundo porque acredito que não se pode mudar as regras do jogo depois que este é iniciado. Justiça é isso! Não interessa se o beneficiado faz ou não parte do rol de pessoas que têm a sua admiração, importa que a ele seja aplicada a justiça. Assim fazendo, os ministros do STF ou os simples magistrados do interior estarão cumprindo o que determina a lei.

Já disse Platão: “ O juiz não é nomeado para fazer favores com a justiça, mas para julgar segundo as leis”.

Discordar ou concordar com das decisões da justiça brasileira é um direito de todos. Dar aos réus o acesso a ampla defesa é um direito dos réus, sejam eles mensaleiros ou não.

10 comentários em “Fazendo justiça?

  1. Anônimo Responder

    isso só aconteceu, por causa do tremsalao tucano, agora o psdb e o dem estarão também de boa, vamos todos votar em branco na próxima eleição, vergonha!

  2. vitor Responder

    RUI BARBOSA,notável jurista brasileiro,já dizia,”DE TANTO VER TRIUNFAR AS NULIDADES,DE TANTO VER PROSPERAR A DESONRA,DE TANTO VER CRESCER A INJUSTIÇA. DE TANTO VER AGIGANTAREM-SE OS PODERES NAS MÃOS DOS MAUS, O HOMEM CHEGA A DESANIMAR-SE DA VIRTUDE, A RIR-SE DA HONRA,E A TER VERGONHA DE SER HONESTO!!!”

  3. Anônimo Responder

    O certo e eles recorrerem presos e naocem liberdade, e quanto ao jader seu Zé se ele estivesse preso pelo desvio que ele fez não precisava decleivficha limpa

  4. Antonio Linhares Responder

    Quando se coloca a raposa pra tomar conta do galinheiro, o minimo que pode acontecer é isso, pois os iguais de defendem até o fim. Afinal de contas o que esperar de governantes que se vangloriam de terem sido “terroristas” e feito assaltos e outros varios crimes.
    TRISTE BRASIL.

  5. morador do complexo Responder

    se olharmos o hitórico financeiro da maioria dos agentes politicos no Brasil,chegaremos a conclusao que somos um país de corrupçao elevada,mas
    isso nao é novidade para nós brasileiros. o que nao pode é aceitarmos como justiça o cerceamento de direitos a defesa,o direito a ampla defesa e o contraditório,mesmo nao gostando do resultado.

  6. Adriano Responder

    Felipe Recondo assina coluna na Agência Estado onde aponta o maniqueísmo que tomou conta das opiniões. Para uns, o Supremo acertou. Para outros, errou. Segundo Felipe Recondo, melhor seria dizer : “o tribunal errou porque votou contra minha opinião ; os ministros acertaram porque pensam como eu”. No vasto rol de palpiteiros de ocasião, o colunista conta que há os que afirmam, quando concordam com uma decisão, que o julgamento do Supremo foi técnico. Mas se discordam, a decisão foi política. Felipe Recondo observa ainda que o ministro Celso de Mello fez uma escolha e expressou, com a liberdade que a Constituição garante ao magistrado, a sua convicção. “O Brasil não ficou melhor nem pior por causa do resultado do julgamento de quarta-feira.” Por fim, ele assinala que depois de 24 anos de Supremo, Celso de Mello aproxima-se da aposentadoria sendo acusado de algo que não fez : promover a impunidade. “O estímulo à sua crucificação, provocado por uns, é a promoção da autofagia, da intolerância.”

    • Anônimo Responder

      O Blog do Hiroshi com a história que narra bem descreve o que são nossos juízes do Supremo

      set
      16
      “Entendi que você é um juiz de merda!”
      segunda-feira , 2013, 12:03 / 3-Comentários

      A advogada Mary Cohen, que leu o livro Código da Vida, do jurista falecido Saulo Ramos, é quem lembra do diálogo que Saulo travou com o atual ministro Celso de Melo, do STF, responsável pelo voto decisório se haverá ou não novo julgamento dos envolvidos no chamado “Mensalão”.

      Diálogo, em verdade, nunca desmentido por Celso.

      Está assim no livro, conta Mary:

      “Apressou-se ele próprio a me telefonar, explicando:

      – Doutor Saulo, o senhor deve ter estranhado o meu voto no caso do Presidente.

      – Claro, o que deu em você ?

      -É que a F. de São Paulo, na véspera da votação, noticiou a afirmação de que o Presidente Sarney tinha os votos certos dos ministros que enumerou e citou meu nome como um deles.

      Quando chegou minha vez de votar, o Presidente já estava vitorioso pelo número de votos a seu favor.

      Não precisava mais do meu.

      Votei contra para desmentir a F. de São Paulo.
      Mas fique tranquilo.

      Se meu voto fosse decisivo, eu teria votado a favor do Presidente.

      Não acreditei no que estava ouvindo.

      Recusei-me a engolir e perguntei:

      – Espere um pouco.

      Deixe-me ver se compreendi bem.
      Você votou contra o Sarney porque a F. de São Paulo noticiou que você votaria a favor ?

      – Sim.

      – E se o Sarney já não houvesse ganhado, quando chegou sua vez de votar, você, nesse caso, votaria a favor dele ?

      – Exatamente.

      – O senhor me entendeu ?

      – Entendi.

      Entendi que você é um juiz de merda !

      Bati o telefone e nunca mais falei com ele”.

      Nota do blog: Celso de Mello, promotor de justiça do Estado de São Paulo, foi nomeado ministro do STF pelo presidente da República José Sarney, por indicação do advogado Saulo Ramos , então ministro da Justiça.

  7. Gildasio Responder

    O julgamento do mensalão tem mostrado que as pessoas não se contentam em divergir, o que seria perfeitamente legítimo e, mais do que isso, desejável.
    O problema é que muitos sentem a necessidade de desqualificar moralmente aquele que pensa diferente. Cinco ministros pensam de uma forma, enquanto seis de outra, sem que isso signifique que uns estão certos e os outros errados. O fato é que para fins de decisão, prevalece o voto da maioria. Podendo, inclusive, estes que compõem a maioria, estar errados, e numa próxima vez rever o posicionamento, porque não lhes é vedado mudar de opinião. E isso não é vexatório. Com efeito, diz o povo que não é vergonha mudar de opinião ; vergonha é não ter opinião para mudar.
    A democracia, incluindo aí a opinião que se pode ter sobre tudo, é bela por propiciar a convivência harmoniosa dos contrários, a interação pacífica dos opostos. Se não houvesse a democracia, fatalmente descambaríamos, com espírito maniqueísta, para uma sangrenta luta do bem contra o mal, ou para uma guerra bárbara de mouros contra cristãos.

  8. Zé Preá Responder

    “Quem quiser fazer Justiça

    Não deve dar bola ao povo

    Celso de Mello fez isso

    E eu de cá me comovo:

    Conseguiu tirar a gema

    Sem trincar sequer o ovo !”

  9. Sandra Su Araujo Responder

    Zé Dudu seu feio lindinho, seria melhor escancarar e dizer que o país amanheceu desacreditado, e a população amanheceu broxada, mal paga, impotente até a medula… (Ainda bem que HOJE tem Rock, vinho, canal Multishow, minha tela que eu adoooro e minha sala rockenroll e que eu hoje vou me teletransportar pro #RIR.) E que se foda essas leis que privilegiam sempre os corruptos fdp desse pais !!

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