Deputado Celso Sabino está cotado para assumir ministério

Caso as negociações com o União Brasil avancem, o Pará terá dois ministérios. Jader Barbalho Filho já comanda o Cidades

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Brasília – Uma negociação iniciada na semana passada entre o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com o morubixaba de largo costado do União Brasil — homem de confiança do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) — deputado federal Elmar Nascimento (União-BA), pode resultar na nomeação do deputado federal Celso Sabino (União-PA), reconhecido também como um dos braço-direito de Lira.

Ainda não se sabe ao certo se para o Ministério das Comunicações, o mais provável, ou para o Ministério do Turismo, ambos ocupados pelo União. Se confirmado, o Pará emplacará dois ministros, uma vez que Jader Barbalho Filho já é ministro das Cidades, cujo trabalho está sendo elogiado por Lula e pelas bancadas partidárias no Congresso Nacional.

Em conversas com os aliados mais próximos, Lula começa a encarar a maior crise política desde o início do governo, e já admite rever a articulação com o Congresso para manter a governabilidade no restante do mandato, mas ainda busca caminhos para melhorar essa relação.

Nos corredores do Planalto, não é segredo que a simples substituição de peças no tabuleiro da Esplanada dos Ministérios e/ou nos atuais responsáveis pela articulação política do Executivo com o Legislativo vai resolver a crise da relação, visto que a trinca se deu por razões elementares, como diz o próprio Líder do PT na Câmara, deputado Zeca Dirceu (PR) ao apontar que, até agora, 230 deputados novos não conseguiram sequer cadastrar suas propostas de solicitação de recursos nos ministérios de Educação, Saúde, Agricultura, Cidades e Integração Nacional, fruto de um acordo feito ainda no período da transição de governo.

“Isso é problema do ministério, que tem dotação orçamentária. Foi feito um acordo e você não abre nem para cadastrar proposta, como vai empenhar e pagar?”, questiona o líder petista.

Mais um escândalo

O jornal o Estado de S. Paulo publicou, nesta segunda-feira (5), mais um escândalo, cabeludo, como os anteriores, envolvendo o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União-MA), enrolado até o último fio de cabelo.

O sogro de Juscelino Filho despacha no gabinete do genro, onde recebe empresários, embora não esteja nomeado em nenhum cargo público. Registros de entradas e saídas do ministério, obtidos pelo jornal paulista, mostram que o empresário Fernando Fialho, sogro de Juscelino, atende na sede da pasta, em Brasília, inclusive quando o genro cumpre agenda no Maranhão, sua base eleitoral.

Um dos empresários recebidos nas Comunicações, no último dia 17 de março, afirmou ao jornal que tratou de internet e debateu a “expansão da conectividade” com Fialho. Outro definiu o papel dele como sendo de “apoio”. Procurado, o ministério confirmou que o sogro de Juscelino despacha na pasta e justificou que ele contribuiu “com sua experiência”. Para especialistas, o gabinete paralelo montado nas Comunicações é irregular.

Escolhas equivocadas

Na avaliação de componentes chave do governo e dos congressistas mais experiente da Câmara e do Senado, a reclamação principal é a dificuldade de dialogar direto com membros do governo com “caneta na mão” para solucionar indicações de verbas, nomear pessoas e dar apoio a projetos.

“É necessário fazer um ajuste na Câmara, conversar mais, conversar com o presidente (Arthur Lira) — reconhece o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP).

As queixas dos líderes, contudo, vão além. Passam ainda por questões como falta de agenda de ministros para receber parlamentares, ausência de respostas a pedidos diversos e até desatenção a rivalidades políticas locais. Para exemplificar a falta de interlocução, eles citam, especificamente, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, por ter pouco trânsito no Legislativo e praticamente não receber os congressistas em audiências.

A postura de Marina é oposta ao que os congressistas estão chamando de “grata novidade e revelação da política”. Trata-se do ministro das Cidades Jader Barbalho Filho, indicado pelo MDB. Jader Filho recebe todos os congressistas que solicitam audiência, independente do partido que a solicita. “É um ministro que já estabeleceu um diferencial desse governo”, atestam as vozes ouvidas pela reportagem do blog.

Choque de realidade

Ao mesmo tempo em que os problemas do governo se acumulam e geram um passivo cada vez maior na relação Planalto – Congresso, o “choque de realidade” na votação da MP que reestruturou os ministérios — aprovada apenas na véspera de perder a validade — motivou uma espécie de mea-culpa no Planalto.

Aliados de Lula avaliam ter até a próxima semana para repactuar a relação com os líderes partidários do Congresso, pois já no dia 14 outra importante medida perde a validade, a da nova versão do Minha Casa, Minha Vida, administrado pelo Ministério das Cidades, e um dos programas mais lembrado (marketing share) pela população brasileira.

Integrantes do governo já admitem, nos bastidores, que será necessário um ajuste ministerial nas próximas semanas. Além de finalizar o diálogo com o Republicanos para atraí-lo para a base aliada, esses auxiliares de Lula avaliam que o governo deveria contar com PP no redesenho na Esplanada. A solução seria acomodá-lo em pastas que estão, atualmente, com União Brasil.

Na semana passada, ao se reunir com o líder do União, Elmar Nascimento (BA), Lula reconheceu que houve falhas no processo de escolha dos ministros da cota do partido. Integrantes da legenda interpretaram a declaração como oportunidade para trocar algum dos nomes da sigla no primeiro escalão do governo. Na sexta-feira (2), avançaram as negociações para emplacar o deputado Celso Sabino (União-PA), o que não deixaria de ser um aceno a Arthur Lira (PP-AL), já que são aliados. Sabino entraria no lugar de Juscelino Filho (Comunicações) ou de Daniela Carneiro (Turismo).

A reportagem do blog enviou pedido de declaração ao deputado Celso Sabino que até o fechamento da reportagem não atendeu a solicitação. O blog informa que o espaço está aberto para a manifestação do deputado e atualizará a matéria caso ele se manifeste.

A relação do governo com o presidente da Câmara Arthur Lira é outro ponto de atenção. Um aliado do presidente da Câmara cita que não haverá uma trégua enquanto o governo não oferecer um controle maior do orçamento dos ministérios à Casa, nos moldes do que ocorria no governo Bolsonaro. À época, parlamentares enviavam recursos às suas bases via emenda de relator — mecanismo do chamado orçamento secreto.

De acordo com Randolfe, Lula chamará líderes e vice-líderes da Câmara e do Senado, de forma separada, a partir desta semana, para agradecer o apoio na MP da reestruturação dos ministérios.

Líderes aliados a Lula, contudo, entendem que só haverá solução com as trocas de Padilha, responsável pela articulação política, e do ministro da Casa Civil, Rui Costa. A avaliação é que o primeiro perdeu a credibilidade nas negociações porque os seus compromissos não são cumpridos e Costa é considerado insensível. Ao nomeá-lo, Lula buscou, segundo suas próprias palavras, uma “Dilma de calças”, em referência ao estilo durão adotado pela ex-presidente quando esteve à frente da Casa Civil entre 2005 e 2010. Mas os aliados lembram que a conjuntura hoje é completamente diferente dos dois primeiros governos Lula.

Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.

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