Delegada diz ser assustador o número de casos de violência sexual e doméstica em Parauapebas

Segundo Ana Carolina Carneiro, os casos cresceram no período da pandemia por conta do isolamento social, quando os abusadores e agressores passaram a ficar mais tempo com as vítimas, já que a maior parte dos crimes acontece no ambiente familiar

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A violência sexual e doméstica em Parauapebas cresceu de forma assustadora no primeiro semestre de 2020, é o que afirma a delegada Ana Carolina Carneiro, titular da Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (Deam) e Delegacia de Atendimento à Criança e Adolescente (Deaca). Ela observa que, nesse período de pandemia, os casos triplicaram – e credita o isolamento social, quando os abusadores e agressores passaram a ficar mais tempo com as vítimas, por isso.

É que a maioria das ocorrências desses tipos de crimes acontece no ambiente familiar. Segundo Carneiro, o número de inquéritos instaurados de violência sexual, estupros de vulnerável e contra a mulher são praticamente equiparados no município.

“Quase o mesmo tanto de casos que chegam de violência doméstica, chegam também de estupro de vulneráveis no ambiente domésticos e familiar. É assustador,” define a delegada.

Ela observa que isso é apenas a ponta do iceberg, porque há muitos casos que não chegam até as autoridades. “Há subnotificação, porque algumas pessoas não procuram a delegacia, o hospital ou qualquer rede de apoio. São casos que não entram na nossa estatística,” lamenta.

A delegada detalha que os casos se elevaram em todo o estado durante a pandemia. Detalha ainda que os dados levantados pelo estado neste primeiro semestre mostram que, no comparativo a 2019, os casos de feminicídio aumentaram 100%; violência psicológica, 300%; e violência moral, 1000%. 

“Esse último caso, que é de relação abusiva, teve esse salto monstruoso. É um dado assustador e alarmante,” destaca.

Ana Carolina Carneiro salienta que esse crescimento se deve a uma série de fatores, como a convivência quase forçada por conta do isolamento social. Além disso, o homem passou a ingerir mais bebida alcoólica por medo de perder o emprego ou mesmo por tê-lo perdido.

“É uma série de fatores que fizeram com que os homens passassem a agir de forma violenta, muito maior que antes,” enfatiza a delegada. Observa também que, no momento, mesmo com o novo coronavírus ainda estando em alta escala de contaminação, as pessoas estão procurando mais a delegacia para registrar ocorrência.

Segundo ela, em média, estão sendo registradas de cinco a sete ocorrências diárias de violência doméstica e familiar. Dessas ocorrências, metade das vítimas está pedindo medidas protetivas contra o agressor.  “É realmente é uma situação preocupante,” resume Ana Carolina Carneiro. (Tina Santos)