Bolsa Viagra

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Como o governo preocupa-se apenas com o sexo gay,  com a distribuição de bolsa-vaselina para aliviar as dores no sexo anal, os  velhinhos resolveram reivindicar seus direitos e querem o Bolsa Viagra. Justo, justíssimo!

Bolsa Viagra
Petró de Catolé

Bolsa Viagra

O Brasil é um país
Cheio de contradições
Mudam leis e mudam regras
Sempre após as eleições
Deputados, Senadores
Prefeitos, Governadores
Divergem em opiniões

Entre as muitas questões
Pelo governo criadas
Foram os programas de bolsas
Pras classes depauperadas
Como faca de dois gumes
Tem gerado alguns queixumes
Pras não beneficiadas

Entre as privilegiadas
Temos a bolsa família
Fome zero, bolsa escola
Vale gás, bolsa mobília
Tem a bolsa paletó
Só falta a bolsa forró
Para dançar em Brasília

O governo na vigília
Para agradar todo mundo
Criou também outra bolsa
Num gesto muito jucundo
Contemplou a classe gay
Assinando uma lei
Criando a bolsa fundo

O projeto oriundo
Do ministro da saúde
Num gesto de compaixão
Tomou essa atitude
Com peninha da “menina”
Vai dar bolsa vaselina
Pra não comprar ataúde

Há verossimilitude
Com as outras concedidas
Promovendo o bem estar
E também salvando vidas
Das doenças sexuais
Que pelos meios anais
São aos homens transmitidas

Muitas foram as medidas
Em prol da rapaziada
Favorecendo as famílias
A criança e a gayzada
Que o povo satisfeito
Agradece ao seu eleito
Ninguém reclama de nada

Mas a última criada
Me deixou muito contente
Para fazer um apelo
Ao senhor, seu presidente
Não estranhe meu pedido
Porque faz muito sentido
E é muito pertinente

Não quero ser exigente
Mas é questão de direito
É por isso que eu creio
Ser atendido no preito
Quero aqui como eleitor
Só lembrar que o senhor
Para isso foi eleito

Já sentindo o efeito
Da velhice que aproxima
Venho pedir uma bolsa
Pra deixar tudo em cima
Pois meu pinto em bisagra
Necessita de Viagra
Para ver se ele se anima

Aqui em casa o clima
Não está animador
Pois já estou na meia-idade
Não tenho mais o vigor
Dos tempos da juventude
Quando esbanjava saúde
Verdadeiro predador

Me dirigindo ao senhor
Peço a vossa excelência
A criação dessa bolsa
Para evitar a falência
De um membro desanimado
De um pobre pinto brochado
Que está perdendo a potência

Com ajuda da ciência
Eu posso ser mais feliz
Voltar a fazer as coisas
Que na juventude fiz
Toda noite eu transava
Meu bilau funcionava
Como uma bissetriz

Quero voltar à cerviz
Quando era grande amante
Minha mulher já reclama
Do meu passado distante
Eu perdendo a potência
Ela cheia de carência
Dos meus tempos de rompante

Em tempos muito distante
O homem era mais viril
Se orgulhava dos feitos
Era bravo e varonil
Mas depois do tal estresse
De impotência padece
Se tornando feminil

Por esse imenso Brasil
A saúde é desprezada
Tem verbas para o Congresso
Pra saúde é quase nada
Paga o dobro ao deputado
Pra uma extra convocado
Sua conta é recheada

A classe aposentada
A qual pertence o idoso
A cada ano se vê
De modo claro e aleivoso
Seu salário encolhendo
Poder de compra perdendo
De modo indecoroso

A mulher pergunta ao esposo
Se já pagou à botica
Ele diz: Ainda não
Todo mês a conta estica
Seu remédio aumentou
O dinheiro não sobrou
Nem pra um chá de arnica

Então veja como fica
A minha situação
Com um dinheiro tão minguado
Não posso ter diversão
Nem a raiz vuca-vuca
Me salva dessa muvuca
Vou entrar em depressão

Peço que seu coração
Dos velhinhos tenha dó
Pra fazer a alegria
Do vovô e da vovó
Que já fez até safena
Que o senhor não tenha pena
Somente de fiofó.

O pobre não é fobó
Nem também o aposentado
Se os direitos são iguais
Eu defendo nosso lado
Aqui faço meu protesto
Não nos dê somente resto
Que eu fico muito zangado

Meu pedido é baseado
Pela constituição
Dos direitos e deveres
Para com o cidadão
Todos devem ser tratados
São direitos conquistados
Sem nenhuma distinção

Não venha com alegação
Que não tem procedimento
Que verbas pra esse fim
Não existem no momento
Eu tenho uma solução
Tire um pouco do quinhão
Das verbas do parlamento

É só tirar dois por cento
Das verbas dos Senadores
E mais dois dos deputados
Ministros , Governadores
Pois não vão lhes fazer falta
Nossa moral fica em alta
Para o bem dos eleitores

Os nossos antecessores
Não usavam vaselina
E a camisinha hoje
Traz uma camada fina
De um gel lubrificante
Pra tornar mais confortante
O penetrar na vagina

Bem antes da vaselina
Já havia relações
Entre os homossexuais
Sem haver reclamações
Se doía na entrada
Uma boa cusparada
Resolvia essas questões

E eu cá com meus botões
Fico aqui a meditar:
Se o ministro teve pena
De quem tem fundo pra dar
Quanto mais para o idoso
Que não sente mais o gozo
Vendo seu membro murchar

Por isso venho apelar:
Tem dó de nós Presidente
Nos conceda essa bolsa
Deixe o velhinho contente
Encolha só meu salário
Que já é deficitário
Deixe meu falo potente.

Petronilo Filho
João Pessoa-Pb, 12/02/09