Boi gera divisas ao Pará

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O mercado internacional se rendeu à pecuária paraense e a exportação do boi vivo deu um salto nos últimos sete anos, crescendo mais de 560 vezes, ou 56.000%. Em 2003 – quando o produto ainda nem aparecia na balança comercial – foram vendidos ao exterior o correspondente a US$ 945.700, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). No ano passado, o cenário já havia mudado. O setor fechou 2009 comercializando ao mercado internacional US$ 409.598.806 em boi vivo. Hoje, a atividade é a mais importante na pauta de exportação, depois do minério, ultrapassando inclusive a produção madeireira. Nos dois primeiros meses deste ano, por exemplo, foram exportados US$ 78.890.477 de boi vivo – contra US$ 59.292.090 de madeira -, deixando o produto com 6,35% de participação na balança comercial. Somente o minério é responsável por quase 80%. Os principais compradores dos bovinos produzidos no Estado são Venezuela e Líbano. Mas, com os ótimos resultados, os pecuaristas paraenses estudam invadir novos mercados, como o Egito e países do continente africano.

De acordo com o pecuarista Gastão Carvalho, a queda de subsídios agrícolas na Europa deixou o boi brasileiro competitivo no mercado exterior. Além disso, Gastão afirma que houve aumento da renda da população mais pobre da Venezuela, fazendo o consumo de carne crescer naquele país, apesar da produção ter caído, por questões internas. Esses fatores – aliados ao aumento da sanidade do boi criado no Estado – fizeram com que a pecuária paraense fosse descoberta. De todos os bovinos vivos exportados pelo Brasil, 95% foram produzidos no Pará. São cerca de 400 mil cabeças vendidas ao exterior por ano. "Ou seja, o mercado é praticamente o Pará", observa Gastão Carvalho.

ECONOMIA

O setor passou a ter um peso tão importante na Balança Comercial do Estado, que das 20 maiores empresas exportadoras, quatro estão ligadas à produção de bovinos. Já se comercializa ao exterior, inclusive, fêmea e gado de leite, com 12 mil cabeças vendidas para fora do país apenas no ano passado. "Isto ajudou a economia do Marajó, porque o búfalo estava desvalorizado", afirmou o pecuarista Carvalho. Segundo ele, o principal comprador desde segmento é a Venezuela, que está tentando recompor o seu rebanho.

Mas o crescimento da pecuária contribuiu não apenas para melhoria da economia marajoara. A atividade emprega, só no Pará, 400 mil pessoas diretamente, segundo o presidente da Associação Brasileira de Exportadores de Gado (ABEG), Daniel Freire. "É, disparado, o maior gerador de emprego", diz Gastão. Além de terem preços mais competitivos, os pecuaristas do Estado produzem em escala. Dessa forma, eles abastecem 100% do mercado interno, são responsáveis por 65% do consumo de carne da Bolívia e 40% na Venezuela e ainda mandam 400 mil cabeças de boi para o Nordeste, sem correr o risco do produto ficar em falta.

"Eu vejo que os portos paraenses vão se tornar uma bolsa de mercado internacional de boi e de carne. Porque, essa carne que vem do Tocantins e do Maranhão toda vai passar pelo Pará", acredita Gastão Carvalho.

QUALIDADE

Desde que explodiu a exportação do boi vivo produzido no Pará, não foi registrado nenhuma caso de febre aftosa – enfermidade altamente contagiosa que ataca a todos os animais de casco fendido, principalmente bovinos, suínos, ovinos e caprinos. Este é um dos fatores que contribuem para que o gado do Estado seja o mais procurado. "A taxa de sanidade está mais do que comprovada", observa o pecuarista Gastão. A saúde dos bovinos, o preço competitivo e a produção em grande escala, tornaram o Pará o maior exportador de boi vivo do Brasil – conquistando países como Venezuela e Líbano. A comercialização, no entanto, não chegou ao seu limite. Os produtores, agora, avistam novos mercados e tentam aumentar a lista de países importadores do produto.

Segundo Gastão Carvalho, Egito e África estão entre os mercados mais visados. Porém, ele adianta que o crescimento já não será tão grande como o de 2007, quando a exportação de boi vivo cresceu 466% em comparação ao ano anterior. "O ‘boom’ de crescimento já aconteceu. Se aumentar 5% a exportação estará bom. Toda vez que nós crescemos, alguém (algum país) diminui. É um mercado muito competitivo. Tem que ter logística e qualidade", conclui.

Fonte: Jornal Folha do Progresso

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