Vírus do Papiloma Humano (HPV)

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 Por Dr. Ricardo Wagner ( * )

Conforme seu nome indica, o vírus do papiloma humano (HPV) infecta exclusivamente seres humanos, podendo ser transmitida através do contato pela pele, ocorrendo ainda pelo compartilhamento de objetos sexuais – o mesmo não pode ser dito de outros objetos, como toalhas, roupa de cama ou roupas íntimas. Da mesma forma, não é possível contrair o vírus em banheiros públicos, piscinas, saunas ou praias.

A doença sexualmente transmissível mais comum em todo o mundo possui mais de 150 tipos de vírus, sendo a principal causadora de verrugas, genitais ou em outras partes do corpo, e de algumas formas de câncer. Apenas 14 tipos podem causar lesões precursoras de câncer, mas os principais são os tipos 16 e 18 nos casos de câncer do colo de útero, estando o HPV-16 por trás da maioria dos casos de câncer anal, peniano, vaginal, vulvar e alguns tipos de câncer da orofaringe (garganta, amígdalas, língua), o que o caracteriza como o subtipo mais perigoso do HPV, tanto para homens quanto para mulheres.

Quando ocorre a primeira relação sexual, 1 em cada 10 meninas já entraram em contato com o vírus, um número que aumenta para 80 a 90% conforme o tempo passa, mesmo que não haja o desenvolvimento de lesão. É importante lembrar que mais de 90% das pessoas conseguem eliminar o vírus do organismo naturalmente, sem ter manifestações clínicas; isso ocorre após um ou dois anos da exposição, bastando um sistema imunológico forte o suficiente para lidar com o HPV. Apenas 10% dos contaminados desenvolvem infecção persistente, sendo eles os que apresentam maior risco de câncer.

A descoberta do vírus geralmente ocorre durante exame de rotina com o ginecologista, a partir do preventivo. Outra forma é o aparecimento de uma verruga nas partes íntimas, na boca ou em qualquer local que tenha contato sexual – no caso do HPV persistente, o tratamento é a remoção da verruga, mas isso não significa que o vírus tenha sido eliminado pelo organismo; o paciente continuando infectado e podendo desenvolver novas verrugas enquanto estiver presente.

Em casos de lesões pré-malignas, ou seja, antes de ser câncer, uma vez que ela é identificada, deve ser removida cirurgicamente pelo ginecologista, o que também não significa a eliminação do vírus, podendo novas lesões potencialmente malignas surgir ao longo dos anos se esta permanecer infectada. Quando o exame detecta a presença do vírus, mas não há manifestação dele pelo corpo, nem mesmo  subclínicas, será necessário apenas um acompanhamento, com exames de rotina realizados com maior frequência.

Curiosamente, o HPV é uma infecção que não possui tratamento, mas que é curável. Não existem medicamentos que matam o vírus, mas a vacina acelera o processo de cura ao fortalecer o sistema imunológico, que espontaneamente eliminará o vírus com o passar do tempo. Esse fortalecimento do sistema imunológico também pode ser obtido pela paciente através de uma alimentação equilibrada, visitas frequentes ao médico conforme a determinação do mesmo, praticando sexo seguro e evitando fumar; medidas que permitem uma melhor convivência com o diagnóstico.

Em casos de gravidez, existe a possibilidade de transmissão do vírus da mãe para o filho durante o parto, seja ele normal ou não. É uma transmissão rar, ocorrendo em 1 em cada 10 mil gestações com uma verruga de HPV, no entanto, suas consequências podem ser graves: pode causar papilomatose laringea juvenil, doença em que a criança desenvolve as verrugas e lesões no sistema respiratório.

É praticamente impossível determinar quando ou com quem se contraiu o vírus, uma vez que o HPV pode ficar encubado – ou seja, presente no organismo, mas sem se manifestar – por até 20 anos. Apesar disso, o parceiro ou parceira de alguém diagnosticado com a doença deve visitar o médico e investigar se lhe foi transmitida. Em caso de lesões clínicas ou subclínicas, é preciso também que se trate, não só para evitar os perigos da doença, mas para não trasmiti-la novamente ao parceiro já diagnosticado.

Além da camisinha, a melhor opção de prevenção é a vacinação. Existem duas vacinas contra o HPV, uma específica contra os subtipos 16 e 18, mencionados anteriormente como os mais perigosos, e outra que protege contra os subtipos 16, 18, 6 e 11, eficaz contra o câncer de colo do útero e verrugas genitais. As vacinas contra o HPV são muito eficazes, com taxas de sucesso acima de 95%, principalmente quando administradas em meninas jovens, que ainda não começaram sua vida sexual. A vacina apresenta uma base científica sólida, tanto na questão da eficácia quanto da sua segurança.

Ainda que se pratique sexo seguro e seja tomada a vacina, não é eliminada a necessidade da paciente passar por consultas de rotina com o ginecologista para a realização de exames preventivos.

De acordo com a literatura científica, as vacinas contra o HPV previnem, aproximadamente, 70% dos casos de câncer de colo do útero, aqueles causados pelos subtipos 16 e 18. Elas atuam estimulando a produção de anticorpos específicos para cada tipo de HPV. A proteção contra a infecção dependerá da quantidade de anticorpos produzidos pelo indivíduo vacinado, a presença destes no local da infeção e sua persistência durante um longo período de tempo.

É possível encontrar a vacina em qualquer clínica especializada. Em Parauapebas, um dos locais indicados é o Núcleo Saúde onde, além da vacina contra HPV, também é possível encontrar vacinas contra a febre amarela, hepatite, entre outras.

( * ) – especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela Associação Médica Brasileira – AMB – e pela Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia – FEBRASGO. Atende em Parauapebas na Rua C, nº 300, esquina com Rua 4, bairro Cidade Nova.

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