Trabalhadores lesionados e discriminados protestam contra mineradora VALE

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Trabalhadores lesionados e discriminados pela mineradora Vale, organizados em movimento social, realizam nesta terça-feira, dia 9, às 15h, na Praça de Eventos, em frente a Câmara de Vereadores de Parauapebas, um grande protesto, que também ocorrerá em Brasília (DF), nos dias 16 e 18 de março.

De acordo com Uiraúna Estrela, ex-funcionário da mineradora, o Movimento dos Trabalhadores Lesionados e Discriminados pela Vale, em Parauapebas, articula-se internacionalmente e monta junto com outros trabalhadores da mineradora em Canadá, o Movimento Internacional de Atingidos pela Vale. “Lá os trabalhadores estão, em greve, há sete meses e a nossa a caravana que irá até o Distrito Federal fará a mobilização internacional com eles”, disse o coordenador do movimento.

Ele ainda afirma que, oficialmente, existem 63 trabalhadores lesionados, em Parauapebas, vitimados pela atividade mineradora, pois este é o número dos que recebem o auxílio do INSS. “Sabemos que existem trabalhadores que mesmo lesionados continuam trabalhando, para que a estatística não aumente e prejudique a mineradora em processos de certificações internacionais. Por isso, acreditamos que exista um caixa-dois, no qual o número de lesionados seja muito maior do que a estatística oficial, pois são mais de sete mil trabalhadores diretos, que a Vale possui, em Parauapebas”, ressalta Uiraúna.

O trabalho na mina

A atividade mineradora, mesmo de forma rudimentar, desde o inicio é uma atividade que requer da pessoa que trabalha na mina uma atenção redobrada. Para a engrenagem que se tornaram as minas de ferro de Carajás, onde a exploração ocorre durante as 24h do dia, o trabalhador precisa estar em alerta também 24h ao dia, um perigo para a saúde do trabalhador.

Uiraúna Estrela explica que com a privatização da Vale, a empresa entrou em um processo de reestruturação produtiva, na qual o trabalhador exerce inúmeras funções que não possuía anteriormente. Além da sobrecarga de trabalho, o coordenador do movimento também destaca a carga horária dos trabalhadores da mineração que necessita do descanso mínimo de 11h, o que na exploração 24h da mina, nem sempre é respeitado. “Na mina de Carajás tivemos muito mais trabalhadores lesionados do que outras minas mais antigas. Isso tudo por causa das péssimas condições de trabalho. A Vale nos anos 90, no início da preparação para privatização, começou a implantar a reestruturação produtiva e aquele companheiro que fazia só mecânica, ou seja, trabalhava apertando só parafusos, passou a fazer além desse serviço, vários outros, passando a ser um trabalhador multifuncional e isso sobrecarregou o trabalhador. E como ele começou a exercer muito mais funções, a situação incidiu nas demissões em massa, e consequentemente em função da sobrecarga, a Vale esconde os trabalhadores lesionados que continuam trabalhando doente”, elucida.

Lesionado e discriminado – Adir Gonçalves de Oliveira é um dos trabalhadores lesionados pela atividade mineradora. Adir, que recebe auxílio do INSS por causa de problemas na coluna cervical, se diz um trabalhador discriminado pela mineradora, pois segundo ele, a empresa tenta tirar o benefício da moradia em Carajás, alegando abandono. “Entrei com uma liminar na justiça do Trabalho e o juiz irá até a minha casa, em Carajás, constatar que ela não está abandonada. Eu estou seguro disso, tenho filhos que estudam em Carajás e por isso a casa não está abandonada como alega a Vale”, informa Adir.

O coordenador do movimento também destaca outras medidas discriminatórias, que vem sendo praticadas pela mineradora. “Aqueles que conseguiram se afastar, apesar da grande influência que a empresa tem nos órgãos públicos, sobretudo na previdência social, impedindo que o trabalhador consiga seus benefícios da previdência, a Vale procura meios para forçar o não afastamento do trabalhador por benefício. Um deles foi a cláusula incluída na calada da noite, no acordo trabalhista, na qual o trabalhador abria mão do direito da moradia. Nela o trabalhador afastado permaneceria na casa da Vale, por apenas mais um ano. Essa é apenas uma das cláusulas que acreditamos ser nula de pleno direito, pois são direitos específicos em que uma minoria decidiu por uma maioria. Além disso, são várias as cláusulas que dão direito apenas ao trabalhador que mora em Carajás, como o direito do filho do trabalhador estudar, gratuitamente, na escola localizada no núcleo urbano de Carajás”, enfatiza Uiraúna, dizendo ainda que o movimento também fará manifestação em prol da greve dos trabalhadores da Vale, no Canadá. “Também faremos manifestação em frente da embaixada do Canadá, mostrando o nosso apoio à greve deles”, finaliza.

3 comentários em “Trabalhadores lesionados e discriminados protestam contra mineradora VALE

  1. raimunda montenegro Responder

    Tenho um conhecido que mesmo lesionado na coluna cervical foi demitido, e a Vale ainda diz q o problema da doença dele nao e laborativo.

  2. Haroldo Steinkopf Filho Responder

    Solicitamos aos amigos de Carajá, em especial ao Zé Dudu se por ventura tenha alguma matéria sobre a
    preparação da Vale para privatização apartir
    dos ano de mil novecentos e noventa a noventa e treis, oficial ou através de jornais. Meu nome é Haroldo Steinkopf Filho ex-funcionario da Vale, demitido do desgovêrno Collor, e anistiado da Lei 8878/94. Estamos colocando ação das ações Vale, que não são 626 conforme o destribuido, e sim 1000 ações.

  3. REFLEXÃO Responder

    A MINERADORA SUPRA CITADA, REPRESENTA OS CORONÉIS DO CAFÉ, NA ANTIGA ESCRAVIDÃO, HOJE REPRESENTADA DIFERENTE, MAS O POVO CONTINUA ESCRAVO, E OS CORONÉIS DISFARÇADOS DE EXECUTIVOS.
    TEM FUNCIONÁRIO QUE SOBE PARA TRABALHAR, PREOCUPADO EM TER A CASA ALAGADA, ENQUANTO A DITA PROPAGA, MILHÕES EM ATIVIDADES SOCIAIS. SERÁ?

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