Tesoureiro de prefeito assassinado se entrega em Tucuruí

Junto com outras duas pessoas, Moisés Águia foi denunciado pelo Ministério Público Estadual por formação de quadrilha e crime de peculato

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Com prisão preventiva decretada e já considerado foragido da Justiça, Moisés Gomes Soares Filho, mais conhecido em Tucuruí como Moisés Águia, entregou-se à Polícia Civil na tarde desta segunda-feira, dia 19 de junho. Juntamente com Firmo Leite Giroux e Odair José Moraes Viana, Moisés é acusado pelo Ministério Público Estadual de cometer dois crimes graves: peculato e formação de quadrilha.

Para quem não sabe, Moisés Águia era tesoureiro da Prefeitura de Tucuruí na gestão do prefeito Jones William, assassinado em julho de 2017. Ocorre que houve um fato intrigante em novembro do ano passado, quando o MP e a Polícia descobriram que as contas da prefeitura foram saqueadas no dia 25 de junho, dia do assassinato do prefeito Jones Wiliam, morto quando vistoriava obras em um residencial.

Na noite do crime, segundo denúncia, quando o corpo do prefeito ainda estava no IML, o “Tokim” do gestor foi usado para transferir mais de R$ 800 mil das contas da prefeitura. Nos três dias de luto decretados pela morte de Jones William, os saques e transferências continuaram sendo efetuados nas contas da prefeitura no Banco do Brasil e Banpará. No dia seguinte, data do velório do prefeito, a senha do gestor morto foi usada novamente, desta vez para transferir R$ 431 mil para a conta de Alexandre Siqueira.

No dia 17 de abril deste ano, uma operação da Polícia Civil em conjunto com o Ministério Público, denominada de Silere (Silêncio em latim) prendeu em Tucuruí o ex-presidente do Instituto de Previdência dos Servidores Municipais de Tucuruí na gestão de Jones William, Firmo Giroux, e um empresário local que prestava serviços para a prefeitura, Odair José Moraes Viana. Os dois foram acusados de desviar cerca de R$ 500 mil do Ipaset, dois dias depois da morte do prefeito Jones William, em cheques endossados pelo empresário e ex-secretário municipal de Finanças, Moisés Águia, que foi conduzido para prestar esclarecimentos e depois liberado.

Aliás, em sua defesa, à época, Moisés foi ao programa “Tucuruí Agora”, da Rádio Floresta, explicar o porquê de a polícia e o MP terem feito busca e apreensão de documentos em sua empresa. Disse que colaborou e esperava que o assassinato do prefeito Jones William fosse elucidado. Contou que no dia em que renunciou ao cargo deixou R$11,8 milhões em caixa, que deveriam ser usados para asfaltar vários bairros, mas que “as coisas não saíram como planejado”. Chorando, encerrou sua participação no programa sem esclarecer mais.

O processo contra o trio é um só e tramita na Vara Criminal de Tucuruí. Depois que se entregou à polícia, Moisés Águia prestou depoimento, cujo conteúdo está sendo mantido em sigilo pelas autoridades. A reportagem buscou informações junto ao Ministério Público, por meio do promotor Carlos Alberto, responsável pelo caso, mas sua assessoria informou que ele não dará entrevista nem informação sobre o caso, por enquanto.

Ulisses Pompeu – de Marabá