Só duas cidades do Pará deram tapa no visual de seus nomes na década

Trocar “dos” por “do”, substituir “s” por “z”, suprimir nome ou trocar integralmente denominação de um município não é tarefa fácil e causa muito prejuízo; veja quem mexeu na nomenclatura.

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Você sabia que no Brasil, dos 5.570 municípios, pelo menos 127 já mudaram de nome? É o que revela um levantamento inédito do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) analisado com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu acerca das alterações de topônimos (nomes de lugares) com base em lei. E não pense que é fácil mudar o nome de uma cidade porque não é. Até para retirar uma única letrinha é uma burocracia que pode exigir anos em tentativas e, quando consumado o ato, causar prejuízo financeiro.

Um dos exemplos disso já ocorreu no Pará, em dois municípios. Um deles, Eldorado do Carajás, ainda é conhecido e grafado em muitos livros e veículos de imprensa — inclusive regionais — como Eldorado “dos” Carajás. Esse município de 34 mil habitantes fez apenas correção ortográfica junto ao IBGE em 17 de outubro de 2013, segundo o instituto. Porém, com outro município paraense a situação foi diferente.

Em Santa Izabel do Pará, mudança de nome já deu muita confusão para parte dos 71 mil moradores. Ele nasceu apenas Santa Isabel (mas Isabel com s). Um decreto-lei estadual de 30 de dezembro de 1943 mudou seu nome para João Coelho. Em 10 de janeiro de 1961, porém, o antigo João Coelho voltou a ser denominado Santa Isabel acompanhado da indicação “do Pará”.

No ano de 2014, Santa Isabel do Pará sofreu nova mudança, trocando o s de Isabel por z. Tornou-se oficialmente Santa Izabel do Pará, e assim segue sendo até segunda ordem. Pode parecer só uma mudança qualquer, mas transformações em nomenclaturas de lugares causam muito impacto. Com novo nome e, principalmente, nova grafia circulando na praça, proprietários de veículos, por exemplo, têm de meter a mão no bolso para mudar as placas. Uma placa no Pará custa entre R$ 110 e R$ 130 a unidade para motos e entre R$ 230 e R$ 250 o par para carros. Inclusive o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) até hoje usa nomes de localidades que não são mais reconhecidos nem pelo IBGE nem pelos Correios.

A propósito, agências dos Correios, bancos, cartórios, órgãos da administração pública precisam correr para atualizar diversos registros financeiros, notoriais e postais. A situação se agrava quando a mudança de nome é brusca. E há casos bem conhecidos, mas já vencidos, como o da capital do Tocantins, Palmas, cujo nome era Taquarussu do Porto, segundo o IBGE. Lá no Tocantins, ainda tem mais casos. O município de Mosquito virou Palmeiras do Tocantins em 1998; Couto de Magalhães se tornou Couto Magalhães em 2006; São Valério da Natividade virou apenas São Valério em 2009; e Fortaleza do Tabocão se limitou a ser apenas Tabocão no ano passado.

Em Parauapebas, alguns “alegres” já tentaram encampar movimento para mudar o nome do município para Carajás, na vã ilusão de fazê-lo reconhecido pelo conjunto de serras de minérios que o alimentam e sob o argumento de que o nome atual, pouco corretamente pronunciável, não seria “comercial”. Para sorte dos parauapebenses de coração, nada mudou. O município já tem problemas demais para ser inventado mais um.