Seu bolso: Pará é 7º do Brasil onde custo de vida mais aumentou em janeiro

Cesta básica da população ficou, pelo menos, R$ 24 mais cara em relação a dezembro do ano passado. Inflação pesa mais no bolso da população mais pobre; mínimo ideal seria de R$ 6 mil

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O paraense já começou o ano com perda de valor de 0,65% nas cédulas e moedas do bolso da carteira. Pode parecer pouco, mas, para exemplificar, aquela típica família paraense carente que vive com um salário mínimo (R$ 1.212) para sustentar quatro indivíduos (marido, mulher e dois filhos) teve sumiço em janeiro de R$ 7,88 no salário, levados simplesmente pelo vento da inflação. Equivale à metade de uma cartela de 30 ovos.

As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu, que analisou dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de janeiro divulgado nesta quarta (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os números, que têm por base a medição feita na Grande Belém, apontam que o Pará teve a sétima maior elevação do custo de vida no Brasil no decorrer do mês passado.

A título de comparação, a inflação do país em janeiro foi de 0,54%, enquanto no Rio Grande do Sul houve deflação de -0,53%. A maior escalada do índice foi verificada em Sergipe: 0,9%. No acumulado de 12 meses corridos, a inflação paraense acumula 8,84%. Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que é o parâmetro para reajuste de salários, teve aumento no Pará em janeiro de 0,87%, a quarta maior alta nacional.

O Blog apurou que a alta da inflação paraense foi puxada pelo preço dos alimentos, que saltou 2,03%. Na prática implica dizer que aquela família do início deste texto, que sobrevive com um salário mínimo, passou a gastar R$ 24,60 a mais no supermercado pelos mesmos itens comprados em dezembro. Artigos de cama, mesa e banho também subiram acima do normal: 1,24%. Já os custos com habitação, como os materiais para construção, apresentaram queda milagrosa de -1,15%, enquanto os gastos da população do estado com transportes praticamente se mantiveram estáveis, na faixa de 0,12%.

Atualmente, a produtos alimentícios consomem 26,5% do orçamento das famílias paraenses. Ou seja, R$ 321,66 do salário mínimo vão fatalmente para a “boca”. O problema é que, nas contas do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o salário mínimo dos paraenses — e de todos os demais brasileiros — deveria ser de R$ 5.997,14, praticamente cinco vezes o valor da realidade.

No Pará, o rendimento médio de um trabalhador é de R$ 1.720, três vezes e meia abaixo do ideal. Enquanto isso, a cesta básica média no estado girou em torno de R$ 563,97 em janeiro, tendo ficado 11,17% mais cara que no mesmo período do ano passado. A cesta consome 50% do salário líquido de uma família paraense que sobrevive com o mínimo.